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sábado, 14 de fevereiro de 2009

PLANO DE MANEJO - ICTIOFAUNA RPPN RIO DAS LONTRAS

O rio Forquilhas - também conhecido como Caldas do Norte - banha as terras da RPPN Rio das Lontras, de onde recebe águas de suas diversas nascentes. É o mais importante afluente da bacia do rio Cubatão do Sul, que possui área de 738 Km², sendo que 342 Km² estão dentro do Parque Estadual da Serra do Tabuleiro, maior unidade de conservação ambiental de Santa Catarina. Dessa bacia vem a água que abastece a maior parte dos municípios de Florianópolis, São José, Palhoça e Biguaçu.


Em janeiro foram realizadas a fase de campo para a pesquisa da ictiofauna (peixes) da RPPN Rio das Lontras pela bióloga Gislaine Otto e pelo biólogo Amaraldo Piccoli, ambos de Curitiba, Paraná.


Foram avaliados diversos pontos de coleta, como nas pequenas lagoas da RPPN. Os estudos fazem parte do Plano de Manejo.


Os ecossistemas aquáticos da Mata Atlântica brasileira possuem fauna de peixes muito variada, associada de forma íntima à floresta que lhe proporciona proteção e alimento.


O número total de espécies de peixes da Mata Atlântica é 350, destas, 133 são endêmicas. O alto grau de endemismo é resultado do processo de evolução das espécies, em área isolada das demais bacias hidrográficas brasileiras.


Os pontos de coleta de peixes foram o mais próximo possível da área da RPPN, pois eram os melhores locais para acesso ao Rio Forquilhas e um pequeno afluente dele (foto acima).


Aqui Amaraldo tenta fazer uma captura com tarrafa numa das lagoas da RPPN.


Para riachos, o melhor e menos seletivo método de captura é a eletro-pesca, sendo escolhido como primeira opção em coleta, garantindo maior eficiência nos trabalhos de campo. Em riachos onde não é possível utilizar a pesca elétrica, devido à profundidade ou força da correnteza, outros métodos foram empregados, como peneirão (cerco) e arrasto.


Todos os peixes foram fixados logo após coletados em solução de formol a 10% para garantir a preservação do material.


A triagem e identificação das espécies foram realizadas nas instalações do Museu de História Natural Capão da Imbuia, onde serão posteriormente depositados e oficialmente tombados na Coleção Ictiológica.


O Museu de História Natural Capão da Imbuia é referência nacional na área de pesquisa zoológica, pois abriga diversas coleções científicas representativas da fauna original da região. Este acervo é consultado e pesquisado por interessados do Brasil e de outros países.



A maior parte dos rios da Mata Atlântica encontra-se degradada, principalmente pela eliminação das matas ciliares, erosão, assoreamento, poluição e represamento. Apesar de estudada há bastante tempo, a fauna de água doce brasileira não é bem conhecida.


Nos rios da mata ombrófila densa, como na RPPN Rio das Lontras, existem espécies dependentes da floresta para seu ciclo de vida, principalmente aquelas que se alimentam de insetos, folhas, frutos e flores, contribuindo também para a dispersão de sementes e frutos e para a manutenção do equilíbrio do ambiente aquático.


ALGUMAS ESPÉCIES DE PEIXES DA RPPN RIO DAS LONTRAS:


Geophagus brasiliensis – 102,00mm


Pareiorhaphis azygolechis – 73,60mm


Pareiorhaphis splendens – 50,73mm


Trichomycterus cf. nigricans – 74,36mm


Rhamdia quelen – 107,02mm


Pareiorhaphis calmoni – 67,97mm


Chasmocranus truncatorostris – 100,64mm


Deuterodon cf. singularis – 68,50mm



*Fotos: Equipe de pesquisa/arquivo pessoal RPPN Rio das Lontras

*O Plano de Manejo é um documento técnico que, usando como base os objetivos gerais de uma Unidade de Conservação, estabelece o seu zoneamento e as normas que devem nortear e regular o uso que se faz da área e o manejo dos recursos naturais, inclusive a implementação das estruturas físicas necessárias à gestão da área protegida.

O Plano de Manejo da RPPN Rio das Lontras tem apoio do
Programa de Incentivo às RPPN da Mata Atlântica e cooperação-técnica da empresa PROSUL, da Universidade do Vale do Itajaí - UNIVALI, Parque Nacional da Serra do Itajaí e da TIGRINUS Equipamentos para Pesquisa.