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quarta-feira, 6 de julho de 2011

BICHO-PREGUIÇA EM SANTA CATARINA

Croqui com imagem do Google Earth mostra o local do avistamento inédito das Seriemas na região da Grande Florianópolis (clique na imagem para melhor visualização).

Invariavelmente toda visita à RPPN Rio das Lontras alguma (boa) surpresa acontece. Dia desses ao levarmos alguns visitantes avistamos dois enormes pássaros. Ao sairmos do carro eles voaram para um pouco mais longe, mas foi possível identificar a espécie: um lindo casal de seriemas.

Comentei que era a primeira vez que via esse animal no local. Poderia ter fotografado, mas achei que estavam meio distantes. Deixei para lá...

Me arrependo profundamente de ter perdido essa oportunidade. Ao chegar em casa fui consultar o livro "Aves em Santa Catarina", da nossa amiga ornitóloga Lenir Alda do Rosário e para meu espanto constantei que não há registros dessa espécie em toda a região.

Liguei para ela, confirmei a situação inusitada e fiquei chateado em saber que perdi a oportunidade de fazer um registro fotográfico inédito. Mas o canto delas ao entardecer ficou gravado na nossa memória.

Bicho-preguiça em Santa Catarina?

Agora, outra informação surpreendente nos chegou: Conversando por telefone com um amigo que possui uma grande área preservada vizinha à RPPN Rio das Lontras, ele me contou ter visto certa vez um bicho-preguiça. Deu detalhes do avistamento. Alertei-o que não seria possível tal fato, pois não é animal encontrado em Santa Catarina. Consultei dois dos maiores especialistas em mamíferos do estado e eles disseram que é comum as pessoas confundirem animais. Poderia meu vizinho ter visto um tamanduá-mirim ou mesmo uma irara e ter se equivocado?

Pouco provável. Ambientalista, boa formação, foi altamente convincente no relato. Mais uma vez recorri aos livros, dessa vez "Mamíferos de Santa Catarina", da amiga pesquisadora Ana Verônica Cimardi. Está lá, descrito na página 199 como parte da fauna catarinense. Liguei para ela, que me disse haver apenas citações bibliográficas. Segundo me relatou, nenhuma imagem, nenhum exemplar vivo ou morto.

Será possível haver um mamífero desse porte no alto das nossas árvores sem que ninguém tenha fotografado? Um animal lento, porém discreto o suficiente para passar quase despercebido? Mas por tanto tempo?

Só posso concluir que - se existem de fato - são muito poucos, raros mesmo! Mas uma coisa é certa: Se eles estão lá, nós vamos provar!

E justificar mais uma vez a importância e urgência de protegermos os remanescentes de Mata Atlântica em Santa Catarina.

Abaixo o relato que recebi por escrito do meu vizinho:

"A respeito de sua indagação, fui até olhar umas imagens para me certificar, das quais estou enviando 2 que coincidem com as posições que presenciei; ele foi avistado em meados de 1998 quando estava com um trator de esteira reformando um acesso dentro da propriedade para São Pedro de AlCântara, neste caminho tinha uma árvore caída sobre outras cruzando de um lado a outro e o bicho estava fazendo a travessia. Também fiquei surpreso com o que vi e como eu quem estava no território dele paralisei os serviços imediatamente no local. O bicho também nos avistou e não expressou reação alguma, simplesmente continuou sua travessia, o que levou quase 30 minutos para cruzar 5 metros, ele não só se deslocava lentamente como os movimentos (braços e pernas) eram escalonados (1° um depois outro) e muito lentos.
Pena que nesta época não se tinha câmeras digitais nem tão pouco celulares com câmeras, mas as imagens anexadas são idênticas as avistadas..."