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sábado, 4 de junho de 2011

O VALOR DA FLORESTA

Floresta em pé vale mais do que soja

Pesquisa converte para valores monetários todos os benefícios gerados por áreas de mata nativa

Tânia Rabello - O Estado de S. Paulo

Quanto vale uma floresta em pé? Pode ser mais preciosa do que uma lavoura de soja. Bem diferente do que argumenta o deputado federal Aldo Rebelo (PCdoB-SP), ao defender a aprovação do Código Florestal, pequenos agricultores só teriam a ganhar, em termos econômicos, se destinassem 20% da propriedade à reserva legal.

É o que prova a dissertação de mestrado “Valoração Ecológica de Áreas de Preservação Permanente”, do biólogo Thiago Junqueira Roncon, estudante de mestrado em Agroecologia e Desenvolvimento Rural do Centro de Ciências Agrárias da UFSCar/Araras, sob orientação dos professores-doutores Paulo Roberto Beskow, da UFSCar/Araras, e Enrique Ortega, do Laboratório de Engenharia Ecológica da Unicamp. “Encarei o desafio de medir o trabalho da natureza e os serviços ambientais que ela presta e o quanto isso representa em valor monetário, mudando o paradigma de que manter floresta significa prejuízo”, diz. Entre os números levantados, está, por exemplo, o valor de 1 hectare de Mata Atlântica com 75 anos de idade: R$ 150 mil. “Isso só contabilizando o valor da madeira das árvores”, diz. “Se incluirmos os serviços ambientais, adicionam-se R$ 4.011,60/hectare/ano.”

Serviços ambientais 
Isso não quer dizer que toda área agricultável deveria ser convertida em floresta. Roncon espera, porém, que os resultados sirvam para orientar políticas públicas, sobretudo no que diz respeito ao Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) e também em relação ao uso e ocupação do solo. Sobre os PSA, o estudo pode ser ponto de partida para calcular e pagar valores mais justos a quem preserva ou recupera matas. “O pagamento com base no real valor da floresta seria um estímulo à preservação.”

Calcula-se que, desde 2007, no máximo mil produtores rurais já tenham recebido dinheiro de programas de PSA no País, explica o agrônomo Fernando Veiga, da ONG The Nature Conservancy. Os valores, porém, ficam na média de R$ 80 a R$ 200 por hectare/ano, conforme Veiga, e não levam em conta o total dos benefícios prestados pela floresta, valorados e calculados agora por Roncon.
Entre eles, discrimina o biólogo, estão produção e conservação de estoques de água potável, regulação do clima, controle de erosão, polinização, controle biológico, aumento da produtividade e fertilidade e estoque de carbono e energia. Inverta-se a lógica para pensar quanto se gasta com tratamento de água e de doenças decorrentes de sua contaminação, desastres climáticos, baixa produtividade por falta de polinização, erosão, defensivos, efeito estufa e assoreamento de rios.

Os trabalhos de campo foram feitos em duas áreas com fragmentos florestais no Estado de São Paulo: o Sítio Duas Cachoeiras, de Amparo (SP), nos quais foram pesquisados 7,7 hectares em diferentes estágios de desenvolvimento, de 7 a 25 anos, e a Fazenda das Palmeiras, em Itapira (SP), que preserva há 200 anos uma floresta de 64,1 hectares.

Foi por meio da avaliação emergética (veja abaixo) que Roncon identificou, quantificou e valorou serviços ambientais prestados por estes fragmentos florestais de Mata Atlântica. Ali, ele trabalhou com 55 variáveis, como sol, chuva, vento, água, biomassa, matéria orgânica, elementos químicos, estrutura do solo, escoamento de água, água percolada (filtrada pelo solo), afloramento de água e erosão e outros. Levando-se em conta as variáveis, e convertendo-as para valores emergéticos, o mestrando chegou àquele número de R$ 150 mil, só em relação às árvores. “E, para tornar o PSA mais viável economicamente, converti depois os valores referentes apenas aos serviços ambientais da análise emergética em valores de mercado de créditos de carbono, que poderiam ser comercializados pelo proprietário de florestas”, finaliza.

Clique na imagem para melhor visualização.


sexta-feira, 18 de março de 2011

NOVA ESPÉCIE DA MATA ATLÂNTICA

Caminhando pela RPPN Rio das Lontras encontrei um pequeno e estranho mamífero. Não consegui identificá-lo e a foto que tirei não ajudou muito. Só posso garantir que não era um camundongo.

A reportagem abaixo publicada na Folha de São Paulo de hoje me recordou o assunto. 
Foto: Fernando José Pimentel Teixeira/arquivo pessoal

* Nota do blog: Entramos em contato com o pesquisador Alexandre Reis Percequillo, do Departamento de Ciências Biológicas da USP, um dos autores do estudo da reportagem abaixo. Ele gentilmente nos respondeu e - salvo a precária qualidade da imagem que fizemos na RPPN Rio das Lontras - disse parecer "...um marsupial do gênero Monodelphis, um gênero com espécies bem terrestres e semi-fossoriais (organismo adaptado para escavação e vida subterrânea), e cauda curta".
Quem sabe, sabe! 

Trio acha novo roedor que vive nas árvores da mata atlântica

REINALDO JOSÉ LOPES
EDITOR DE CIÊNCIA

A mata mais estudada (e mais devastada) do Brasil ainda abriga várias espécies desconhecidas, mas é provável que poucas sejam tão enigmáticas quanto um certo roedor de pelagem densa.

Não é exagero chamar o Drymoreomys albimaculatus, recém-descoberto habitante da mata atlântica, de náufrago evolutivo. Segundo biólogos, a espécie mais aparentada ao bicho vive... num vale árido dos Andes peruanos, sabe-se lá o porquê.

O estudo descrevendo a nova espécie saiu recentemente na revista científica "Zoological Journal of the Linnean Society". É uma amostra de que as surpresas da floresta que um dia dominou a costa brasileira ainda estão longe de terminar.

"Esse resultado realmente foi muito estranho", confessa Alexandre Reis Percequillo, do Departamento de Ciências Biológicas da USP de Piracicaba. "Talvez o fato de que ambos os bichos pertençam a grupos montanos [típicos de áreas montanhosas] ajude a explicar esse padrão, mas é cedo para dizer."

Percequillo é um dos autores da certidão de nascimento científica do bicho, ao lado de Marcelo Weksler, do Museu Americano de História Natural, e Leonora Costa, da Universidade Federal do Espírito Santo. Paradoxalmente, ele nunca viu o bicho vivo.

"Participei de uma das coletas, na qual um só exemplar foi capturado, mas quando cheguei ele já estava morto", conta Percequillo.

Foto: Thomas Püttker/Divulgação
Patas do roedor possuem "almofadas" que o ajudam a se prender aos galhos onde se pendura


O método mais usado para a captura envolve um balde enterrado no chão da floresta, dentro do qual o bicho acaba caindo.

Alguns animais são marcados para acompanhamento futuro, enquanto outros são sacrificados com uma overdose de anestésico e vão para as coleções zoológicas dos museus.

Foram essas coleções, com exemplares coletados nas últimas duas décadas, junto com análises de DNA, que permitiram comprovar o pedigree único do bichinho.

Tanto é assim que os biólogos precisaram criar não só um nome de espécie, mas também um de gênero novo para batizá-lo. (O gênero é o "primeiro nome" de um animal, formando um grupo mais abrangente que o de espécie. Leões e onças, por exemplo, são ambos do gênero Panthera.)

Sabe-se pouco sobre o bicho, apesar de algumas pistas vindas de sua anatomia.

A palma das patinhas e o espaço entre os dedos, por exemplo, possuem "almofadas" que ajudam o animal a manipular com mais sensibilidade os galhos nos quais fica dependurado.

Já o pênis dos machos carrega glândulas que produziriam uma secreção viscosa, formando o chamado plugue copulatório. É um cinto de castidade, feito para impedir que a fêmea acabe cruzando com machos rivais.

Por enquanto, há registros da espécie na Serra do Mar, em São Paulo e Santa Catarina. Não dá para dizer se ela corre perigo de extinção.

Fonte: Folha Ciência

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

PRÊMIO EXPRESSÃO DE ECOLOGIA

MAIS UM PRÊMIO PARA O PLANO DE MANEJO DA RPPN RIO DAS LONTRAS



A RPPN Rio das Lontras acaba de ganhar o Prêmio Expressão de Ecologia 2010, a maior premiação ambiental da região sul do país.

O case foi inscrito pela empresa Prosul, que apoiou o Plano de Manejo da RPPN Rio das Lontras.


O Troféu Onda Verde do Prêmio Expressão de Ecologia criado pela artista plástica Elke Hering.



O Prêmio Expressão de Ecologia foi criado em 1993 pela Editora Expressão, um ano após a Conferência Mundial do Meio Ambiente no Rio de Janeiro - Eco 92 - quando multiplicavam-se as barreiras comerciais não-tarifárias que cobravam dos exportadores uma correta postura ambiental.
Em dezessete anos de realização, o prêmio registrou 1.521 cases inscritos, das principais empresas, ONGs, prefeituras e entidades da região Sul . O prêmio bate recordes de inscrições a cada ano e seus eventos de premiação tornaram-se ponto de referência na região sul do Brasil.

Para conhecer todos os projetos inscritos e os vencedores, acesse AQUI!


É o segundo prêmio em menos de um ano para a RPPN Rio das Lontras. Em junho de 2010 o case do Plano de Manejo já havia ganho o Prêmio Preservação Ambiental da ADVB.

Para ver na íntegra o Plano de Manejo da RPPN Rio das Lontras clique AQUI ou no final do blog.


* O Plano de Manejo da RPPN Rio das Lontras teve financiamento do Programa de Incentivo às RPPN da Mata Atlântica (Parceria entre as ONGs SOS Mata Atlântica, Conservação Internacional e The Nature Conservancy), apoio e cooperação-técnica da PROSUL, Universidade do Vale do Itajaí - UNIVALI, Parque Nacional da Serra do Itajaí e TIGRINUS Equipamentos para Pesquisa.


O Plano de Manejo é um documento técnico que, usando como base os objetivos gerais de uma Unidade de Conservação, estabelece o seu zoneamento e as normas que devem nortear e regular o uso que se faz da área e o manejo dos recursos naturais, inclusive a implementação das estruturas físicas necessárias à gestão da área protegida.