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sábado, 30 de outubro de 2010

ANIMAIS EM EXTINÇÃO

Um quinto dos vertebrados corre risco de extinção

Da Agência Fapesp

A má notícia é que um número crescente de aves, anfíbios, répteis, peixes e mamíferos tem se aproximado da extinção. A boa notícia é que o número poderia ser pior, não fossem as medidas de conservação colocadas em prática em todo o mundo nas últimas décadas.

Nesta terça-feira (26/10), em Nagoia, no Japão, durante a 10ª Conferência das Partes (COP 10) da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), foi divulgado o resultado de um grande estudo que procurou avaliar o estado atual dos vertebrados no planeta.

O trabalho foi feito por 174 cientistas de diversos países, entre os quais o Brasil. Os resultados foram publicados na edição on-line da Science e sairão em breve na edição impressa da revista.

Foram analisados dados de vertebrados, incluindo as mais de 25 mil espécies presentes na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês). O problema é tão grande que o grupo afirma se tratar da sexta extinção em massa na história do mundo.

O estudo mostra que um quinto dessas espécies pode ser classificado como “ameaçado” e que o número tem aumentado. Em média, 52 espécies de mamíferos, aves e anfíbios se movem de categoria a cada ano, aproximando-se da extinção.

Do total de vertebrados existentes, 20% estão sob alguma forma de ameaça, incluindo 25% de todos os mamíferos, 13% das aves, 22% dos répteis, 41% dos anfíbios, 33% dos peixes cartilaginosos e 15% dos peixes com osso.

Nas regiões tropicais, especialmente no Sudeste Asiático, estão as maiores concentrações de animais ameaçados e, segundo o levantamento, a situação é particularmente séria para os anfíbios. A maior parte dos declínios é reversível, destacam, mas se nada for feito a extinção pode se tornar inevitável.

Os declínios poderiam ter sido 18% piores se não fossem as medidas de conservação da biodiversidade postas em prática. Esforços para lidar com espécies invasoras se mostraram mais eficientes do que as direcionadas a fatores como perdas de habitat ou caça, aponta o trabalho.

Os autores destacam a importância e a urgência das políticas públicas para conservação da biodiversidade. Segundo eles, decisões tomadas hoje poderão representar, daqui a 20 anos, uma diferença na área preservada das florestas atuais no mundo de cerca de 10 milhões de quilômetros quadrados – algo maior do que o tamanho do Brasil.

A preguiça-anã (Bradypus pygmaeus) é classificada pela União Mundial para a Natureza (IUCN) como vulnerável, principalmente porque tem uma área de ocorrência muito restrita à Ilha Escudo de Veraguas, Arquipélago Bocas del Toro, no Panamá. A espécie foi descoberta e descrita somente em 2001. É o menor dos bichos-preguiça medindo entre 48,5 e 53 cm e pesando entre 2,5 e 3,5 kg - Bryson Voirin/IUCN


O crocodilo cubano (Crocodylus rhombifer) é classificado como criticamente em perigo pela União Mundial para a Natureza (IUCN). Uma queda superior a 80% da população foi registrada ao longo das últimas três gerações, devido à queda na qualidade do habitat, à caça ilegal de crocodilos (para tirar a carne) e ao aumento de híbridos na população - Michel Roggo//IUCN


O sapo Heleophryne rosei é listado como criticamente ameaçado pela IUCN devido a sua pena área de ocorrência que é inferior a 9 km2 e todos os indivíduos estão em um único local, na Table Mountain na Cidade do Cabo, na África do Sul. Além disso, há uma queda contínua na qualidade do seu habitat - Vincent Carruthers/IUCN


Anfíbio chamado de Hemisus guttatus é classificado na IUCN como vulnerável porque sua área de ocupação é estimada em 510 km2, e sua distribuição é muito fragmentada, na África do Sul - Marius Burger/IUCN


O peixe Labrisomus dendriticus é classificado como vulnerável pela IUCN por ser encontrado apenas em dois locais (Ilhas Galápagos e Malpelo) - D Ross Robertson/Smithsonian Tropical Research Institute/IUCN


Lagarto Oligosoma otagense é classificado pela IUCN como espécie em perigo de extinção. Ele aparece em uma área de aproximadamente 2.200 km2, em duas populações isoladas, que veem seu habitat e número de indivíduos maduros diminuir devido a mamíferos prepadores. Esta espécie foi estimada em 2.000 indivíduos - James T Reardon/IUCN


Iguana-das-Antilhas-Menores (Iguana delicatissima) é classificada como em perigo de extinção pela IUCN. Mais de 70% de sua população foi exterminada logo após o contato europeu. Ela aparece em não mais de 3.000 km2 e a população existente é muito fragmentada. A propagação da iguana verde é atualmente o maior risco para esta espécie - Tandora Grant/IUCN


O Tatu-canastra (Priodontes maximus) também é uma das espécies vulneráveis de acordo com a IUCN. Apesar de ser encontrado em várias regiões a espécie é rara e tem enfrentado a perda do habitat natura e a caça. Acredita-se que a população caiu 30% nas últimas três gerações - Carly Vynne/IUCN