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sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Valdir Agostinho: Arte na Ilha

Encontro com o Artista Plástico Valdir Agostinho.

Rio Vermelho
(Valdir Agostinho)

O rio que corre é o mesmo rio que morre
ninguém socorre ninguém quer me ajudar

Tinha manguezal, criação de espécie rara
para lá na Guaciara a fonte da criação
No piscar de olho tá tudo aterrado
Meu coração sufocado premoniza a extinção
Perdendo amor ao chão é como quem não tem mais fé
A extinção da pesca é a mesma do Mané

Eis o ciclano que não quis o meu conselho
Foi morar no Rio Vermelho nem sabe se explicar
Essa história só por um carro vermelho
Que não tinha nem espelho e não pode retornar

O rio que corre é o mesmo rio que morre
ninguém socorre ninguém quer me ajudar

Na última segunda-feira seguimos para Floripa. A noite estive em mais uma reunião do grupo Conselho do Leitor do Jornal Hora de Santa Catarina, presidida pelo Editor-Chefe Giancarlo Baraúna. E foi um prazer ouvir uma pequena palestra do colunista Valdir Agostinho – acompanhado de seu “Ghost Writer”, o jornalista Ronaldo Bittencourt, que o incentivou na música e auxilia na produção da coluna “Mané Gaivota”, uma das mais lidas do jornal.


Registro interessante: a cabeça de Valdir move-se como seus pensamentos...

Valdir é o que se pode chamar de multimídia: artista plástico, músico, poeta, comunicador, ecologista... Ele começou sua fala contando de sua origem simples, numa família de numerosa e tradicional de pescadores da Barra da Lagoa, em Florianópolis. Logo resolveu sair da então distante e pacata comunidade para ir trabalhar no centro da capital. Foi frentista de posto de gasolina, mas sua determinação fez ele encontrar e trabalhar com o maior colunista da época – e talvez até hoje – de Santa Catarina: Beto Stodieck. Fazia pandorgas, pequenas, grandes, em miniaturas, coloridas, temáticas, e assim nasceu uma carreira nas artes plásticas. Desenvolveu seu trabalho com reciclagem e ganhou notoriedade, conquistando diversos prêmios (veja abaixo alguns deles). Hoje acha que a reciclagem já não dá conta da absurda quantidade de lixo produzido pelos seres humanos.


As reuniões do Conselho do Leitor do Jornal Hora de Santa Catarina sempre contam com um bate-papo com um de seus colunistas.

Pisciano, é um autêntico manezinho da Ilha e contou como lamentavelmente a tradição açoriana está se perdendo frente ao crescimento desordenado e a especulação imobiliária de Floripa. Lúcido em suas posições, não acumula bens, não possui aparelhos eletrônicos caros, nem mesmo computador e nem os deseja: “...para quê? Para me roubarem?”. Fica pasmo com a violência cada vez mais presente e gratuita: “...antes havia uma história por trás da desgraça, hoje nem isso acontece mais...”. É totalmente contra a farra do boi e considera a "tradição" uma barbárie.


Valdir contou histórias curiosas e pautadas pelo bom humor.


Defende com veemência a necessidade das Artes Plásticas serem matéria obrigatória nas escolas e com conteúdo sofisticado por ser essencial na vida das pessoas.
E mesmo com todo o sucesso e reconhecimento contou da dificuldade dos familiares em aceitarem sua profissão – aliás, ela conta que é a melhor que existe, já que está de férias na Barra da Lagoa há trinta anos – apesar de que hoje o admiram por aparecer constantemente na mídia.
Diria que Valdir não é otimista nem pessimista, é muito além disso, é um realista, sonhador, idealizador, criador e sensível à vida e sua nuances, um cronista de sua época – mesmo que esteja a frente dela - e uma antena que capta os movimentos sociais e os transforma em arte. Pena que seja um espécime raro.



Valdir Agostinho mostrou muita lucidez e coerência. Um grande expoente da cultura açoriana!

Valdir Agostinho acumula em seu currículo, além das artes plásticas, a música e a poesia. Seu trabalho é inspirado nas tradições açorianas, predominantes em Florianópolis, e são feitas de material reciclável. O artista é um ferrenho difusor do reaproveitamento do lixo, transformando-o em arte.

Alguns e prêmios títulos do artista:


*Prêmio Fiat em Artes Plásticas 1990
*Artista "Hors Concour" Festival Nacional da Pandorga
*Artista "Hors Concour" de Fantasias Carnavalescas de Florianópolis
*Capa do Catálogo Telefônico da Grande Florianópolis 1990/91
*Prêmio Cultura Viva *Exposições em Buenos Aires e França
*Títulos como Troféu Manezinho da Ilha
*Troféu Brasil Telecom Gente que Faz
*Troféu Poeta Zininho

Abaixo uma apresentação do artista que vale conferir!






* Fotos gentilmente cedidas por Suélen Victoria - Jornal Hora de Santa Catarina