Páginas

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Faces na Floresta


Belo presente:

Recebemos por correio em casa, um pouco antes do Natal, o livro Faces na Floresta, de Karen B. Strier. Quem enviou esse belo presente foi a Sociedade Para Preservação do Muriqui, da cidade mineira de Caratinga, berço de alguns brasileiros famosos, como o cartunista e artista gráfico Ziraldo, o jornalista e escritor Ruy Castro e a economista global Miriam Leitão.
Curiosamente a publicação foi lançada primeiramente em inglês, em 1992. Somente em 2007 veio a versão em português.


A pesquisadora Karen B. Strier, autora de "Faces na Floresta".

O livro aborda dados científicos dos Muriquis, ou Mono-carvoeiro, o maior primata americano, só encontrado na tão devastada Mata Atlântica - e por isso mesmo altamente ameaçado pela destruição e fragmentação do habitat e também pela atividade de caça - e é também o maior mamífero endêmico do território brasileiro - os machos podem atingir até 15 kg.

Eles eram encontrados do sul da Bahia até São Paulo, incluindo os Estados do Espírito Santo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, com possibilidades de ocorrência de algumas populações no norte do Paraná. A espécie ocupa hoje matas ombrófilas densas da região costeira e também florestas semidecíduas do interior, principalmente nos Estados de Minas Gerais e São Paulo.

O isolamento das populações em fragmentos de tamanho reduzido poderá levar a problemas de depressão por consangüinidade no futuro próximo, além do risco de acidentes demográficos e catástrofes locais, principalmente nas populações do norte a partir do Estado de São Paulo.

Os Muriquis são macacos ágeis e se movem pelo dossel das árvores.

O prefácio do livro foi escrito pela jornalista Miriam Leitão, que conta a história do Sr. Feliciano Miguel Abdala, que viajava com o pai libanês como tropeiro pelo interior de Minas Gerais na década de 1940. Época que ainda se encontrava na região extensas áreas cobertas pela maravilhosa Mata Atlântica.

"Seu Feliciano" protegeu a floresta e os Muriquis até sua morte aos 90 anos.

E numa dessas viagens, Feliciano fez uma proposta para comprar as terras do "seu Benzinho", provavelmente um ambientalista de primeira mão, pois avisou que venderia a fazenda se o novo proprietário se comprometesse a manter as áreas de floresta que cobriam boa parte do terreno em pé.
Promessa cumprida por toda uma vida, começando numa época em que derrubar a mata era quase que uma obrigação e culminando no que é hoje a RPPN Miguel Abdala.


A imagem de satélite mostra no centro a RPPN Feliciano Abdala e como a região foi castigada pela fúria insana do desmatamento, muitas vezes incentivado e subsidiado pelo Governo.

E no meio dessa mata preservada encontram-se grupos dos belos e ameaçados Muriquis, até então pouquíssimo estudados. Karen conta sobre seus anos de estudos e boa parte da história feita por pessoas devotadas que possibilitaram conhecermos esses fascinantes - e muito mais antigos - moradores da Mata Atlântica.


O comportamento amistoso e pacífico dos Muriquis surpreendeu os pesquisadores. Certamente podemos aprender muito com eles.

Agradecimentos especiais: Thaiany Maira Martins Silva - Sociedade Para Preservação do Muriqui