Mata Atlântica
SC nos extremos
Fábio Bianchini - DC
Santa Catarina é o estado brasileiro que tem a maior extensão de Mata Atlântica remanescente e também o que preservou o maior percentual dessa vegetação. Mas foi também o que, nos últimos anos, mais desmatou em área absoluta e é responsável por quase metade da perda nacional em áreas já analisadas, apesar de ser superado em números percentuais por dois outros estados.
O Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica é divulgado pela Fundação SOS Mata Atlântica a partir de informações do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), órgão do Ministério da Ciência e Tecnologia. Desde 1989, eles mapeiam e monitoram os remanescentes florestais e ecossistemas associados da Mata Atlântica, com recursos e tecnologias da área da informação, sensoriamento remoto e geoprocessamento.
O atlas trabalha com dados relativos a oito estados compreendidos no sistema da mata: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro, Goiás e Espírito Santo, entre 2000 e 2005. Ainda não foram concluídos, por causa do excesso de nuvens em muitas das imagens de satélite, os estudos sobre Bahia e Minas Gerais.
Santa Catarina perdeu, nesse período, 45,4 hectares de floresta, 1,6 mil hectares de restinga e nove hectares de mangue, num total de 47 mil hectares (2,02% da cobertura total de Mata Atlântica).
Florianópolis é superada por outros 43 municípios
Isso também equivale a 48,76% do desflorestamento total já verificado, que é de 96,4 mil hectares no total dos oito estados. Percentualmente, apenas Goiás e Mato Grosso do Sul, os dois estados do sistema que não têm litoral, perderam mais área de mata. No intervalo de cinco anos pesquisado, também foi Santa Catarina o único estado que perdeu território nas três classes de mapeamento: floresta (2,03%), restinga (1,95%) e mangue (0,07%).
Dentro do Estado, é Joinville quem conserva a maior área de mata remanescente: 60,9 mil hectares, o equivalente a 56,3% da área do município, seguida por Itaiópolis, Urubici, Anitápolis, Bom Retiro, Apiúna, Santa Terezinha, Paulo Lopes, Angelina, Garuva e Nova Trento (detalhes no mapa).
Florianópolis, conhecida nacionalmente por sua natureza, é superada por 43 outros municípios catarinenses em área de mata remanescente: possui 17 mil hectares, que correspondem a 40,75% do município. E é Botuverá, com seus 26 mil hectares, que possui o maior índice de ocupação por mata remanescente: 81,88% do município.
É preciso mais vigilância, diz biólogo
O Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica é divulgado pela Fundação SOS Mata Atlântica a partir de informações do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), órgão do Ministério da Ciência e Tecnologia. Desde 1989, eles mapeiam e monitoram os remanescentes florestais e ecossistemas associados da Mata Atlântica, com recursos e tecnologias da área da informação, sensoriamento remoto e geoprocessamento.
O atlas trabalha com dados relativos a oito estados compreendidos no sistema da mata: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro, Goiás e Espírito Santo, entre 2000 e 2005. Ainda não foram concluídos, por causa do excesso de nuvens em muitas das imagens de satélite, os estudos sobre Bahia e Minas Gerais.
Santa Catarina perdeu, nesse período, 45,4 hectares de floresta, 1,6 mil hectares de restinga e nove hectares de mangue, num total de 47 mil hectares (2,02% da cobertura total de Mata Atlântica).
Florianópolis é superada por outros 43 municípios
Isso também equivale a 48,76% do desflorestamento total já verificado, que é de 96,4 mil hectares no total dos oito estados. Percentualmente, apenas Goiás e Mato Grosso do Sul, os dois estados do sistema que não têm litoral, perderam mais área de mata. No intervalo de cinco anos pesquisado, também foi Santa Catarina o único estado que perdeu território nas três classes de mapeamento: floresta (2,03%), restinga (1,95%) e mangue (0,07%).
Dentro do Estado, é Joinville quem conserva a maior área de mata remanescente: 60,9 mil hectares, o equivalente a 56,3% da área do município, seguida por Itaiópolis, Urubici, Anitápolis, Bom Retiro, Apiúna, Santa Terezinha, Paulo Lopes, Angelina, Garuva e Nova Trento (detalhes no mapa).
Florianópolis, conhecida nacionalmente por sua natureza, é superada por 43 outros municípios catarinenses em área de mata remanescente: possui 17 mil hectares, que correspondem a 40,75% do município. E é Botuverá, com seus 26 mil hectares, que possui o maior índice de ocupação por mata remanescente: 81,88% do município.
É preciso mais vigilância, diz biólogo
A extensão de Mata Atlântica em Santa Catarina, mais do que motivo para comemorar, é razão para aumentar a vigilância e não pode causar relaxamento sobre o assunto, alerta o biólogo João de Deus Medeiros. As áreas mais amplas também intensificam as dificuldades de fiscalização por parte dos órgãos ambientais.
No Nordeste, cita, as florestas já foram tão devastadas que não atraem mais. Até o ano passado, Medeiros era professor no Departamento de Botânica da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Agora atua no Departamento de Áreas Protegidas do Ministério do Meio Ambiente, em Brasília.
Além disso, a divisão técnica do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) está sobrecarregada porque precisa dedicar-se também a demandas judiciais e administrativas, aponta o chefe-substituto da divisão multifuncional do órgão Santa Catarina, Gustavo Romeiro Mainardes Pinto. O resultado é a perda de qualidade, pois, após a união das divisões técnicas e de fiscalização, as autuações eram melhor embasadas.
- Quando a técnica e a fiscalização saem a campo juntos, já sai na hora o laudo técnico geo-referenciado, com imagem e toda a bagagem científica para a autuação - diz.
Ibama em SC aplicou R$ 8,1 milhões em multa
São 47 fiscais que atuam em Santa Catarina: quatro deles baseados em Chapecó (Oeste), três em Itajaí (Litoral Norte), dois em Rio do Sul (Alto Vale), um em Caçador (Meio-Oeste), um em Laguna (Litoral Sul) e os 36 demais em Florianópolis. Mas a principal ferramenta, desde o ano passado, é a sobreposição de imagens sucessivas a partir de acompanhamento por satélite, que permite aferir os dados sobre o desmatamento no Estado. O serviço, que era realizado em Brasília, passou a ser feito em Florianópolis no começo de 2008. Denúncias, sobrevôos com helicópteros e fiscalização terrestre complementam essas informações.
Em 2007, o Ibama realizou, no total, 450 autos em Santa Catarina, que totalizaram R$ 8,1 milhões. Em todo o Brasil foram 9.643 multas no valor de R$ 1,7 bilhão. O objetivo do órgão é agilizar a responsabilização sobre crime ambiental.
O sustento que vem da floresta
No Nordeste, cita, as florestas já foram tão devastadas que não atraem mais. Até o ano passado, Medeiros era professor no Departamento de Botânica da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Agora atua no Departamento de Áreas Protegidas do Ministério do Meio Ambiente, em Brasília.
Além disso, a divisão técnica do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) está sobrecarregada porque precisa dedicar-se também a demandas judiciais e administrativas, aponta o chefe-substituto da divisão multifuncional do órgão Santa Catarina, Gustavo Romeiro Mainardes Pinto. O resultado é a perda de qualidade, pois, após a união das divisões técnicas e de fiscalização, as autuações eram melhor embasadas.
- Quando a técnica e a fiscalização saem a campo juntos, já sai na hora o laudo técnico geo-referenciado, com imagem e toda a bagagem científica para a autuação - diz.
Ibama em SC aplicou R$ 8,1 milhões em multa
São 47 fiscais que atuam em Santa Catarina: quatro deles baseados em Chapecó (Oeste), três em Itajaí (Litoral Norte), dois em Rio do Sul (Alto Vale), um em Caçador (Meio-Oeste), um em Laguna (Litoral Sul) e os 36 demais em Florianópolis. Mas a principal ferramenta, desde o ano passado, é a sobreposição de imagens sucessivas a partir de acompanhamento por satélite, que permite aferir os dados sobre o desmatamento no Estado. O serviço, que era realizado em Brasília, passou a ser feito em Florianópolis no começo de 2008. Denúncias, sobrevôos com helicópteros e fiscalização terrestre complementam essas informações.
Em 2007, o Ibama realizou, no total, 450 autos em Santa Catarina, que totalizaram R$ 8,1 milhões. Em todo o Brasil foram 9.643 multas no valor de R$ 1,7 bilhão. O objetivo do órgão é agilizar a responsabilização sobre crime ambiental.
O sustento que vem da floresta
Anitápolis - SC
Logo que voltaram de São Paulo para sua propriedade em Anitápolis, Gabriel e Marilda Reig passaram a explorar à moda antiga sua propriedade. Derrubaram árvores para abrir espaço para pastagens e lavoura e aproveitaram as toras derrubadas para fazer carvão.
Não deu certo e quase precisaram ir embora de novo. Mas adotaram o turismo ecológico e hoje seguem prósperos a partir da preservação da mata nativa no local.
A pousada em que transformaram o sítio fica a oito quilômetros do Centro do município, que, por sua vez, está a 60 quilômetros de Florianópolis. É administrada da casa onde fica a cozinha e a mesa de refeições, de frente para o vale verde e cortado por rios. No morro à esquerda, é fácil distinguir as partes onde a mata derrubada foi substituída por pinus e onde continua a Mata Atlântica. E é essa a parte que mais interessa aos turistas.
Claro, não faltam outros atrativos, como a mão cozinheira premiada de Marilda, a proximidade com bichos de fazenda e a simplicidade confortável dos chalés. A pousada faz parte do programa Acolhida de Colono, que viabiliza a permanência de agricultores no meio rural por meio dos recursos do turismo, mas os visitantes fazem questão de percorrer as trilhas no meio da mata nativa, com bromélias e orquídeas, para conhecer as quedas dágua do rio que serpenteia por dentro da propriedade e, com alguma sorte, encontrar os tatus, macacos, pacas, cotias e outros.
Para garantir a continuidade de sua fonte de renda, ficam atentos à possibilidade de caça ali e na região. É muito raro, garante Gabriel, mas quando acontece eles chamam imediatamente a polícia. Dos hóspedes que receberam desde a inauguração da pousada, em 2001, nunca nenhum mostrou interesse no esporte. Em vez disso, preferem que sua presença seja lembrada de outra forma, com os recados que deixam no caderno de Gabriel e Marilda. Os dois mostram satisfeitos as mensagens escritas em letras desenhadas, de turistas franceses e japoneses que passaram por lá.
A maior parte dos turistas é procedente de Florianópolis. Mas também há muitos de todo o Brasil e do exterior, que descobrem a pousada pela internet. Em comum, a busca pelo contato com a natureza.
Também é da Mata Atlântica que vem o negócio de José Luiz Lima, que opera passeios de barco há 20 anos. Em Santa Catarina, um dos pontos preferidos de seus clientes é a Ilha do Arvoredo, um dos pontos mais ao leste com presença da Mata Atlântica.
- As pessoas estão cada vez mais afastadas da experiência - constata.
Não deu certo e quase precisaram ir embora de novo. Mas adotaram o turismo ecológico e hoje seguem prósperos a partir da preservação da mata nativa no local.
A pousada em que transformaram o sítio fica a oito quilômetros do Centro do município, que, por sua vez, está a 60 quilômetros de Florianópolis. É administrada da casa onde fica a cozinha e a mesa de refeições, de frente para o vale verde e cortado por rios. No morro à esquerda, é fácil distinguir as partes onde a mata derrubada foi substituída por pinus e onde continua a Mata Atlântica. E é essa a parte que mais interessa aos turistas.
Claro, não faltam outros atrativos, como a mão cozinheira premiada de Marilda, a proximidade com bichos de fazenda e a simplicidade confortável dos chalés. A pousada faz parte do programa Acolhida de Colono, que viabiliza a permanência de agricultores no meio rural por meio dos recursos do turismo, mas os visitantes fazem questão de percorrer as trilhas no meio da mata nativa, com bromélias e orquídeas, para conhecer as quedas dágua do rio que serpenteia por dentro da propriedade e, com alguma sorte, encontrar os tatus, macacos, pacas, cotias e outros.
Para garantir a continuidade de sua fonte de renda, ficam atentos à possibilidade de caça ali e na região. É muito raro, garante Gabriel, mas quando acontece eles chamam imediatamente a polícia. Dos hóspedes que receberam desde a inauguração da pousada, em 2001, nunca nenhum mostrou interesse no esporte. Em vez disso, preferem que sua presença seja lembrada de outra forma, com os recados que deixam no caderno de Gabriel e Marilda. Os dois mostram satisfeitos as mensagens escritas em letras desenhadas, de turistas franceses e japoneses que passaram por lá.
A maior parte dos turistas é procedente de Florianópolis. Mas também há muitos de todo o Brasil e do exterior, que descobrem a pousada pela internet. Em comum, a busca pelo contato com a natureza.
Também é da Mata Atlântica que vem o negócio de José Luiz Lima, que opera passeios de barco há 20 anos. Em Santa Catarina, um dos pontos preferidos de seus clientes é a Ilha do Arvoredo, um dos pontos mais ao leste com presença da Mata Atlântica.
- As pessoas estão cada vez mais afastadas da experiência - constata.
Marilda Reig mantém pousada visitada por turistas que procuram contato com a natureza
Fique por dentro
Mata Atlântica:
*Dia Nacional: 27 de Maio
*Cobertura original: 1,3 milhão de quilômetros quadrados (15% do território brasileiro)
*Cobertura atual: 7% da área original (1% do território brasileiro)
*Estados onde está: Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia, Goiás, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul
*Dia Nacional: 27 de Maio
*Cobertura original: 1,3 milhão de quilômetros quadrados (15% do território brasileiro)
*Cobertura atual: 7% da área original (1% do território brasileiro)
*Estados onde está: Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia, Goiás, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul
Perfil
Bioma com a maior diversidade de espécies de árvores do mundo: mais de 450 espécies de árvores por hectare no sul da Bahia
Considerada uma das cinco áreas mais biodiversas e ameaçadas do planeta
Espécies de animais ameaçadas de extinção: 383 (de um total de 633 no Brasil)
Flora: 20 mil espécies vegetais
Fauna: 1020 espécies de aves
350 espécies de peixes
340 espécies de anfíbios
261 espécies de mamíferos
197 espécies de répteis
Bioma com a maior diversidade de espécies de árvores do mundo: mais de 450 espécies de árvores por hectare no sul da Bahia
Considerada uma das cinco áreas mais biodiversas e ameaçadas do planeta
Espécies de animais ameaçadas de extinção: 383 (de um total de 633 no Brasil)
Flora: 20 mil espécies vegetais
Fauna: 1020 espécies de aves
350 espécies de peixes
340 espécies de anfíbios
261 espécies de mamíferos
197 espécies de répteis
Populações tradicionais
Cerca de 70 povos indígenas em inúmeras aldeias
Mais de 370 comunidades quilombolas
Unidades de conservação
Cerca de 1,4 mil federais e estaduais (parques, reservas, RPPN, estação ecológica)
Cerca de 1,4 mil federais e estaduais (parques, reservas, RPPN, estação ecológica)