Páginas

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

LONTRINHA BRINCANDO

Nota do Blog: O ideal seria ver essas cenas no habitat natural delas. Em todo caso, vale assistir toda a beleza e graça da Lontrinha.



terça-feira, 23 de novembro de 2010

LONTRA NA CHAPADA DOS VEADEIROS

Mais notícias e fotos do Claudio e sua Expedição conhecendo comunidades alternativas e Unidades de Conservação Brasil afora. De quebra ele gentilmente manda registros usando a camiseta da RPPN Rio das Lontras em locais absolutamente deslumbrantes!
Leia relatos abaixo:

Fui levar a Lontra pra passear. Ontem vim pra São Jorge, vilarejo a 40km de Alto Paraíso, na entrada do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros. Até os anos 90, o lugar era uma vila de garimpeiros, isolada de tudo. A partir daí, por pressão de órgãos de defesa ambiental, os garimpos foram fechados e o povo começou a explorar a onda do turismo ecológico e dos esportes radicais. Pousadas brotaram feito cogumelos depois da chuva e os garimpeiros viraram guias turísticos.

Hoje fui conhecer o parque. Só é permitida visita com guia, então me juntei a duas turistas paulistanas e uma guia pra fazer uma das trilhas, a das cachoeiras. Foram quase 5km de caminhada até a baixada do Rio Preto. Esse rio atravessa o parque, contorna os morros da chapada e vai desaguar no Tocantins depois de andar mais um trecho. Vale dizer: se a gente soltar um barquinho de papel aqui, daqui há uns dias ele vai bater lá no Amazonas...

Ao final da trilha, deleite: duas lindas cachoeiras que eles chamam de Saltos do Garimpão 1 e 2. A primeira, mais abaixo, tem 120m de altura; a outra, morro acima, é um pouco menor, 80m, mas também é portentosa e forma um enorme poção. Com a chuva que tem caído, o rio está alto e as duas cachoeiras derrubam muita água, dá gosto de ver.

A beirada do rio fervilha de piabinhas miúdas. Acostumadas a ganhar pedaços de pão dos visitantes, elas perseguem qualquer um que entrar na água. A gente vai andando e elas enxameiam em volta. Uma mais atrevida até arriscou me dar uma mordida enquanto eu boiava mas pelo jeito o sabor não lhe apeteceu.

...............................................................

Agora em setembro um incêndio brabo comeu quase toda a mata do parque, quem acompanhou noticiário deve lembrar. O lugar ficou fechado por um mês e só reabriu há duas semanas. O cheiro de queimado ainda está no ar e os caules carbonizados por toda parte mostram o tamanho do estrago feito. Mas acaba que o mais impressionante mesmo é a rapidez com que o verde brota logo que chove.

O parque foi criado em 1961 pelo JK. Tinha 650 mil hectares que foram sendo engolidos por novas leis criadas pelos políticos-fazendeiros do Cerrado. Por fim, sobraram os atuais 65 mil hectares, dez por cento do original.






.........................................................................

Parece que até os anos 90 a região era mesmo muito isolada e preservava antigas tradições e jeitos de ser. Alguns sinais disso a gente vê na fala dos mais velhos. Por exemplo, “muito” aqui é pronunciado sem aquele som nasal que a gente usa (muiNto), eles dizem “muitcho” como no português arcaico, puxando pro castelhano, pro galego. Outro sinal de antigos tempos: as capelas dos povoados do entorno, o da Capela, o da Ponte do Rio Preto, poucas vezes por ano recebem padres. O povo mesmo organiza suas rezas – que ainda são em latim.

Fotos e texto: Claudio César Pimentel Teixeira

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

ARANHA CARANGUEJEIRA

Ela apareceu em casa de maneira silenciosa e o mais discreta possível.

Provavelmente em fuga de um terreno que estava sendo arado próximo a nossa residência. Boa parte de seu abdômen estava sem pelos, possivelmente indicando que ela os usou devido a algum estresse.

Simpática e nada agressiva, foi devidamente encaminhada por nós para um terreno cheio de árvores.

Com uma fama desmerecida e incorreta, é inofensiva aos humanos (veja dados abaixo).

Com sorte, ela pode viver mais de uma década. Boa sorte, amiguinha. Tomara siga em paz.

Ordem: Araneae
Infraordem: Mygalomorphae
Família: Theraphosidae
Nome popular: Aranha caranguejeira
Nome em inglês: Tarântula
Nome científico: Lasiodora sp.
Distribuição geográfica: Este gênero ocorre em países da América Central e América do Sul
Habitat: Florestas tropicais até regiões áridas
Hábitos alimentares: Carnívoro
Reprodução: Não foi encontrado registro
Período de vida: Em média de 10 a 15 anos em cativeiro

Olhando para esta caranguejeira acima, quem não sentiria uma leve repulsa? Ainda mais se lembrarmos dos mitos e dos traumatizantes filmes que passam na TV sobre as terríveis aranhas assassinas e devoradoras de gente. Pois bem, esqueça tudo isso por um momento e tente se concentrar!

Esta aranha bastante peluda e de porte avantajado, podendo medir até 20 cm de comprimento, não tem o porquê de causar tamanho pavor, afinal são animais tímidos (que vivem escondidos), geralmente inofensivos e indispensáveis no equilíbrio da vida no planeta, pois, sendo um predador, controlam populações de diversos animais.

As caranguejeiras são também conhecidas como tarântulas, nome popular que teve origem a partir de uma lenda italiana a qual as pessoas que eram picadas por estas aranhas teriam que dançar uma música, a tarantela, para sobreviverem ao veneno. No Brasil, as tarântulas são conhecidas como aranhas de jardim que são bem diferentes das caranguejeiras.

As aranhas não são insetos! Apesar de possuírem exoesqueleto (esqueleto externo), possuem 4 pares de pernas e uma estrutura corporal dividida em duas partes: cefalotórax e abdome. Já os insetos possuem 3 pares de pernas e o corpo dividido em três partes: cabeça, tórax e abdome.

Dentre os aracnídeos, as aranhas são as únicas que possuem fiandeiras, estruturas especializadas na fabricação de seda utilizada, de modo geral, na captura e imobilização das presas.

Para auxiliar na imobilização das presas, as aranhas desenvolveram glândulas especializadas na produção de veneno e estruturas capazes de inoculá-lo. Nas caranguejeiras, este veneno só possui atividade em suas presas, sendo inativo no homem.

Os pêlos existentes nesta caranguejeira possuem ação urticante, sendo utilizados contra possíveis predadores, podendo causar uma reação alérgica no homem. Quando ameaçadas, raspam suas pernas no abdome liberando-os uma única vez. Estes pêlos não regeneram e só irão aparecer na próxima troca de pele (ecdise).

A ecdise é um processo natural no crescimento destes animais. Neste período elas não caçam, permanecem escondidas, tornando-se menos ativas, pois a nova pele ainda é frágil e mais vulnerável a predação.

As aranhas trocam de pele até atingir a maturidade sexual. Até esta fase, não é possível diferenciar macho e fêmea. No período reprodutivo, após o acasalamento as fêmeas envolvem seus ovos em seda (ooteca) e permanecem com ela até o nascimento dos filhotes.

As caranguejeiras possuem hábitos noturnos alimentando-se de insetos, pequenos répteis, anfíbios e algumas espécies podem se alimentar de filhotes de pássaros. Vivem normalmente em tocas forradas com seda debaixo de pedras ou nas copas das árvores.

Dentre as caranguejeiras, as espécies amazônicas são extremamente atrativas sendo bastante apreciadas por algumas populações indígenas (tribo Piaroá) e consideradas um prato fino. Pelo fato de possuírem coloração vistosa e tamanho avantajado, são extremamente visadas pelo comércio ilegal. Além disso, a exploração acelerada do ambiente natural promovida pela ação humana ameaça ainda mais estes animais tão importantes e tão pouco estudados.

Fonte: Fundação Parque Zoológico de São Paulo
Setor de Répteis
Juliana Bettini Verdiani - Bióloga aprimoranda


Fotos: Fernando José Pimentel Teixeira/arquivo RPPN Rio das Lontras