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segunda-feira, 14 de julho de 2008

Bugios sem tranqüilidade


Nos fins de tarde no verão, quando o calor toma conta da mata, basta ameaçar cair uma pancada de chuva que começamos a escutar o som inconfundível dos bugios na RPPN Rio das Lontras. Uma emoção ímpar!
Animais que habitam a Mata Atlântica, de temperamento dócil, tímido e de difícil visualização. Raramente descem para o chão, como nesse fantástico flagrante acima. Veja mais abaixo a descrição da espécie.
Mas uma reportagem nos chamou a atenção, principalmente porque ela não levou em conta que, além dos bugios estarem perdendo cada vez mais seu habitat natural, o problema citado pela matéria certamente foi ocasionado por pessoas terem o péssimo hábito de alimentarem animais silvestres, condicionando-os a serem dependentes e prejudicando a saúde deles.
O título da notícia deveria ser outro: "Humanos desavisados tiram o sossego dos bugios!"





Macacos bagunceiros tiram sossego de moradores de Sorocaba

Animais saem da mata para procurar comida e ficam passeando pela fiação elétrica.
Bombeiros contam com ajuda de veterinários, mas nem sempre conseguem capturá-los.

Macacos da raça bugio estão tirando o sossego dos moradores da região próxima ao zoológico municipal Quinzinho de Barros, em Sorocaba (a 99 km da capital paulista). Segundo a prefeitura da cidade, há alguns meses, os animais começaram a sair da mata para procurar comida e ficam passeando pelos fios elétricos. Os bombeiros já atenderam a inúmeras chamadas para capturar os macacos e, muitas vezes, nem conseguem pegá-los. Mas as estripulias podem acabar mal. Recentemente, um macaco morreu eletrocutado. (Foto: Assis Cavalcante/Agência Bom Dia )


* Veja aqui a descrição da espécie feita pela bióloga Ana Verônica Cimardi no livro Mamíferos de Santa Catarina:

Bugio-preto (Alouatta guariba)

As espécies do gênero Alouatta possuem muita variação de coloração, dificultando bastante a diferenciação entre elas e até mesmo dentro da própria espécie, sendo difícil distinguir os sexos e as idades. Na espécie Alouatta guariba o macho geralmente é marrom-avermelhado com reflexos dourados e a fêmea é mais escura, quase preta. Característica marcante dos bugios é a presença de uma espessa barba que rodeia a face, nos machos ela é mais evidente. A cauda é preênsil, longa e peluda, sendo a parte terminal, do lado interno, nua. Os membros são curtos e fortes.

Habitat: O bugio-ruivo é encontrado em regiões florestadas, geralmente permanecendo no topo das árvores.
Reprodução: Quase sempre nasce um filhote por parto, que anda grudado nas costas da mãe por algum tempo.
Distribuição geográfica: Brasil do estado da Bahia ao Rio Grande do Sul. Bolívia e Argentina.
Observações: O bugio é um primata que consegue produzir um som forte e rouco devido ao desenvolvimento excessivo do osso hióide (osso localizado entre a laringe e a base da língua) que funciona como uma caixa de ressonância. Este som é emitido para delimitar território e pode ser ouvido no meio da floresta a grande distâncias. Anda em grupos de 2 a 12 indivíduos, formados por ambos os sexos. Apresenta regime alimentar basicamente vegetariano comendo frutas e folhas de várias espécies. Gosta de comer as folhas, sementes e estróbilos (parte sexual masculina) do pinheiro-do-paraná (Araucária angustifólia). Come também brotos, sementes e às vezes insetos. Passa a maior parte do dia descansando. Seus movimentos por entre as árvores são lentos e cuidadosos, raramente pulando de galho em galho. O bugio-ruivo é animal muito sensível, dificilmente adaptando-se em cativeiro.
Sua população encontra-se reduzida, principalmente por causa da destruição das florestas.