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quinta-feira, 14 de agosto de 2008

JOÃO-DE-BARRO SEM TETO

Centrais Elétricas de Santa Catarina destói milhares de casas de João-de-Barro.
A ação é autorizada pelo Ibama. E fica a pergunta: Será que houve um estudo aprimorado sobre o impacto ecológico dessa destruição?



Celesc retira ninhos de João-de-barro no Estado

Aqueles ninhos que os pássaros conhecidos como João-de-barro constroem sobre postes podem até ser bonitos e curiosos, mas representam sérios riscos à rede de energia elétrica.

Assim, especialistas tomam uma iniciativa um tanto antipática aos olhos de muitas pessoas, mas bastante útil para evitar a morte destes animais e a escuridão em cidades inteiras.

Há alguns anos, a Centrais Elétricas de Santa Catarina (Celesc) desenvolve em todo o Estado um trabalho de retirada de ninhos construídos sobre os postes.

Com autorização e orientação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), a atividade ocorre sempre entre os meses de junho e agosto, quando as casinhas, feitas com palha, esterco seco e barro úmido, estão sem ovos e filhotes.

O período de reprodução dos animais estende-se de setembro a janeiro, e raramente um mesmo ninho é utilizado por duas temporadas consecutivas.

Expectativa é remover 15 mil unidades

A expectativa da Celesc é retirar 15 mil neste ano em todo o Estado. A bordo de caminhões de linha-viva e devidamente protegidos, os técnicos colocam obstáculos de plástico sobre os postes, a fim de evitar que novos ninhos sejam construídos.

O chefe da Divisão de Distribuição da agência regional de Lages, engenheiro Lúcio Costa, explica que os postes de Santa Catarina, com altura média de 10 metros, sustentam redes de energia que variam de 13 mil volts, no Litoral, a 23 mil volts, na Serra e Oeste. Ou seja, qualquer choque certamente será mortal.

- Em média, 10% dos desligamentos de energia elétrica no Estado são provocados por pássaros. Em Lages, por exemplo, existem 14 alimentadores. A interrupção de cada um deles atinge cerca de 5 mil casas.

Assim, dá para ter uma noção do tamanho do estrago que um pássaro pode causar. Além disso, lembra Lúcio, em dias de chuva os ninhos ficam molhados e aumentam a condutividade de energia nas estruturas próximas aos fios, o que faz crescer a possibilidade de descargas elétricas.

O engenheiro pede a compreensão da população, já que muitas pessoas entendem a retirada dos ninhos como algo anti-ecológico e chegam a xingar os técnicos.


Segundo a Celesc, medida não é antiecológica e visa proteger tanto os pássaros quanto a rede elétrica

Fonte: Diário Catarinense / Foto: ALVARÉLIO KUROSS