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segunda-feira, 2 de junho de 2008

O estilo Minc em Brasília

Ele usa coletes coloridos como o Ziraldo. Tem língua solta e já "convocou" o Presidente Lula a catar lixo com ele nos rios. Antes mesmo de assumir a pasta peitou o "motoserra de ouro" Blairo Maggi. Esse é o novo Ministro do Meio Ambiente. Tomara possa fazer de seu estilo ações concretas em prol da natureza.
Abaixo matéria do O Globo mostra um pouco mais do genuíno estilo Minc de ser:

Ações ecológicas
Minc leva para Brasília estilo espalhafatoso de administrar

Paula Autran - O Globo

RIO - Famoso por sua coleção de 42 coletes - boa parte deles made in Mauá - e por ações ecológicas tão espalhafatosas quanto, Carlos Minc assumiu nesta terça-feira a pasta do Meio Ambiente disposto a impor seu estilo em Brasília. Começou trazendo de Paris, onde recebeu o convite para ocupar o cargo, uma gravata para presentear o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O passo seguinte é a convocação de Lula para entrar com ele em rios poluídos a fim de recolher pneus e todo tipo de lixo, tal qual o governador Sérgio Cabral, em mutirão para prevenir alagamentos em virtude das chuvas que caíam sobre o Rio, depois da posse como secretário do Ambiente do estado do Rio.

- O Lula pode ir preparando a bota e a luva para entrar em rios comigo e catar todo tipo de porcaria - avisa o ministro.

Mas ele já sabe disto?

- Vai saber lendo esta matéria. Pode botar aí que ele vai me ajudar a tirar pneus. Até para dar exemplo: se um presidente faz isto, todo mundo pode fazer.

"O Lula pode ir preparando a bota e a luva para entrar em rios comigo e catar todo tipo de porcaria "

A gravata, então, terá que ficar restrita a outros itens da agenda do presidente.

- É uma gravata de estampa de Cézanne super bonita. Não é emperiquetada demais, nada que comprometa. Ele (Lula) disse que dá para usar - conta Minc, que escolheu pessoalmente o mimo, inspirado na obra do pintor francês.

Antes de ser secretário, Minc se preparava para iniciar seu sexto mandato consecutivo na Assembléia Legislativa. Os coletes ele diz que começou a usar há 12 ou 13 anos, porque, segundo ele, compunham mais o visual com camisas lisas. Mas as ações que marcam sua vida publica vieram bem antes. No fim dos anos 80, ele inventou a motoplanta, uma motosserra que plantava em vez de cortar árvores. Para a Rio 92, levou o mentirômetro: um Pinóquio que marcava com o nariz o "índice de mentira relativa no ar", usado nos discursos ecológicos de autoridades internacionais.

O então deputado também botou batatas nos canos de escape de caminhões e ônibus que poluíam o ar, a chamada rolha ecológica, e, nos anos 90, para incentivar o uso da camisinha, colocou um megapreservativo no obelisco, monumento de 18 metros de altura, na Avenida Rio Branco.

"Este tipo de ação mais carnavalesca é um instrumento útil em determinados momentos, para chamar a atenção, criar o fato político"

- Na década de 90, fechamos com uma tampa de concreto uma saída de esgoto que dava para o Canal de Marapendi. Foi coco para todo lado. Ficamos imundos. Numa outra ocasião, voltamos a ficar fedendo ao denunciar que o pescado da Lagoa de Jacarepaguá estava contaminado: passamos o dia abrindo peixes para mostrar a pigmentação - relembra o biólogo e companheiro de roubadas Mario Moscatelli, que já se vestiu de morte para denunciar a mortandade de peixes na Lagoa Rodrigo de Freitas e se sentou num vaso sanitário (jornal em punho) para protestar contra o atraso nas obras do emissário da Barra.

- Este tipo de ação mais carnavalesca é um instrumento útil em determinados momentos, para chamar a atenção, criar o fato político. Como ministro, ele não precisa tanto disto. Basta agir. O mais importante é que ele está mantendo seu estilo.

Mas manter o estilo, para o novo ministro, inclui essas operações de eco-guerrilha.

"Uma coisa é ser eco-carioca e bem humorado. Outra é ser folclórico. Não serei um ministro folclórico!"

- Quando fui chamado para ser ministro, tinha acabado de participar, como secretário de estado, da explosão de uma pista de pouso clandestina na Ilha Grande. Por que como ministro não vou fazer a mesma coisa? Não por acaso a turma da Cicca (Coordenadoria Integrada de Combate aos Crimes Ambientais), que organizava algumas destas operações, vai comigo para Brasília - diz Minc, frisando, no entanto, que sua ida a Brasília é coisa séria:

- Uma coisa é ser eco-carioca e bem humorado. Outra é ser folclórico. Não serei um ministro folclórico! Gosto de samba, cachoeira e colete, mas sou um articulador. Entre uma ação e outra, posso tratar, como venho tratando, de assuntos importantes com (os ministros) Luiz Dulci, Tarso Genro e Fernando Haddad.

E, para quem tem dúvidas sobre o estilo do novo ministro, o consultor de moda Julio Rego pontifica:

- Como o Armando Nogueira e o Ziraldo, precursores do colete, Minc tem um estilo próprio, legal e moderno, que não prejudica em nada sua atuação.