
Luis Nassif diz que acredita no sucesso do país
Referência do jornalismo econômico brasileiro, ele afirma: “A grande passagem do Brasil para o primeiro mundo vai ser por meio das políticas sociais. Não tem governo que mude isso”.
Luis Nassif foi o palestrante do segundo encontro do programa O Brasil em Debate na Assembléia Legislativa, ontem à noite (23), no Auditório Antonieta de Barros. Com o tema “O Brasil no mapa da economia mundial”, o jornalista deu um parecer sobre a atual situação econômica do país, fazendo uma retrospectiva histórica.
Para o jornalista, o Brasil vem perdendo oportunidades desde o início da República. Mesmo afirmando que a Constituição de 1988 impulsionou o país para a modernidade, acredita que faltou visão política e estratégica aos governantes. “O Plano Real foi a maior chance de o Brasil virar uma potência.” Entretanto, afirma que houve um certo descaso do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso em relação à falta de inflação com a possível emergência das populações de classes D e E para classes de consumo.
Além de ícone do jornalismo econômico, Luis Nassif também é autor de uma série de denúncias dos bastidores da revista Veja desde 2007. Para ele, o problema não é o fato de a revista ser tendenciosa, mas de ter perdido o limite da legalidade. “É o pior jornalismo que já vi em 38 anos de carreira”, acredita.
O jornalista foi recepcionado na Casa pelo presidente do Parlamento, deputado Julio Garcia (DEM), e pelo presidente da Casa do Jornalista, Ademir Arnon, além de parlamentares e alguns jornalistas. Numa conversa descontraída no gabinete da presidência da Casa, Nassif contou que é um grande admirador de blogs por estes socializarem a informação numa velocidade inexplicável. “Desde o começo tive preocupação em moderar meu blog para que não houvesse clima de briga ou grandes exaltações”, acrescenta.
Quem é Luis Nassif:
Introdutor do jornalismo de serviços e do jornalismo eletrônico no país, Luis Nassif começou sua carreira profissional como estagiário da revista Veja em 1970. Quatro anos depois, tornou-se repórter de Economia da mesma revista. Em 1975, ficou responsável pelo caderno de finanças.
Foi para o Jornal da Tarde em 1979 como pauteiro e chefe de reportagem de Economia. Lá, criou a seção "Seu Dinheiro" e o caderno "Jornal do Carro". Mudou para a Folha de S. Paulo, em 1983, onde criou a seção "Dinheiro Vivo" e o projeto do Datafolha. Em 1985, criou o programa "Dinheiro Vivo", na TV Gazeta de São Paulo. A partir do programa nasceu a Agência Dinheiro Vivo, primeira empresa jornalística do país a trabalhar com informações em tempo real, em 1987. Na Folha também foi colunista de economia e membro do conselho editorial. Iniciou em 2007 uma série sobre os bastidores da Veja, em que critica, sob sua ótica, o jornalismo da revista nos últimos anos.
Versátil, Nassif também é cronista, escritor e músico. O livro "Menino de São Benedito e outras crônicas" foi finalista do Prêmio Jabuti de 2003 na Categoria Contos/Crônica. Como músico lançou o CD "Roda de Choro", solando bandolim, semi-finalista do Prêmio Sharp de Música Instrumental, em 1995.
Prêmios:
- Prêmio Esso, categoria principal, com a série de reportagens sobre o Plano Cruzado, em 1986.
- Prêmio de Melhor Jornalista de Economia da Imprensa Escrita, do site Comunique-se, em 2003 e 2005, em eleição direta da categoria.
Obras:
O Menino do São Benedito e Outras Crônicas - 126 crônicas com as reminiscências e impressões pessoais de Nassif sobre diversos temas, como a infância em Poço de Caldas, MPB, esporte e o país.
O Jornalismo dos Anos 90 - analisa a cobertura da imprensa em diversos episódios como o impeachment de Fernando Collor, o Caso da Escola Base, o do Bar Bodega e outros.
Os Cabeças-de-Planilha - analisa a economia nos governos de FHC e traça um paralelo entre a Política do Encilhamento de Rui Barbosa e o Plano Real.