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segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

EXTINÇÃO PINTADA

Onça-pintada está mais ameaçada na Mata Atlântica e na Caatinga
 
Cientistas dizem que espécie está 'criticamente em perigo' nos dois biomas. População desses felinos caiu 10% na Amazônia nos últimos 27 anos.

Eduardo Carvalho
G1 - São Paulo

Exemplar de onça-pintada que foi fotografado no Pantanal.
Pesquisa aponta que espécie está mais ameaçada na Mata Atlântica e na Caatinga
(Foto: Divulgação/Douglas Trent/Projeto Bichos do Pantanal)

Pela primeira vez, pesquisadores brasileiros avaliaram a situação das onças-pintadas em cada bioma do país e constataram que este mamífero está criticamente em perigo na Mata Atlântica e na Caatinga, além de apontar uma redução de 10% na população desses felinos na Amazônia nos últimos 27 anos.
 
A fragmentação de florestas devido à urbanização, desmatamento para expansão agrícola e venda de madeira, além da caça predatória e retaliação por morte de animais domésticos ou gado estão entre os principais motivos para a redução de espécimes nos últimos anos.
 
Os dados fazem parte de um levantamento feito durante três anos por cinco especialistas de três instituições científicas do Brasil, entre elas o Centro Nacional de Pesquisas e Conservação de Mamíferos Carnívoros, Cenap, ligado ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade.

 
O estudo tem o objetivo de atualizar informações sobre as onças-pintadas para a União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês), que elabora a “Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas”, que já contém 65.518 diferentes nomes de bichos e plantas que podem desaparecer nos próximos anos.
 
Segundo Ronaldo Gonçalves Morato, coordenador do Cenap, o último levantamento foi feito em 2003. Após uma década, o risco de extinção da onça-pintada em nível nacional se manteve “vulnerável” – classificação dada pela IUCN que indica uma probabilidade de o animal ou vegetal ser extinto, a menos que suas condições de ameaça melhorem.
 
Com uma população total estimada de 55 mil espécimes, os cientistas creem que nos últimos 27 anos houve um declínio de 30% na população efetiva, ou seja, uma queda no número de onças-pintadas capazes de se reproduzir e deixar descendentes férteis.
 
HABITAT FRAGMENTADO
 
Na Amazônia, onde esta espécie está amplamente distribuída, ocorrendo em 89% da região, o tamanho populacional efetivo caiu 10% nos últimos 27 anos, em razão da fragmentação do habitat e desmatamento. Para Morato, esse percentual é alto e a degradação da floresta é o principal responsável.
 
De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), por meio do sistema Prodes (Projeto de Monitoramento do Desflorestamento na Amazônia Legal) o bioma perdeu entre agosto de 2011 e julho de 2012 uma área de 4.571 km².
 
Apesar de ser o menor índice de devastação registrado desde que as medições iniciaram, em 1988, é uma área equivalente a três vezes o tamanho do município de São Paulo.
 
A Amazônia Legal é a área que engloba os estados que possuem vegetação amazônica - todos os da Região Norte, além de Mato Grosso e parte do Maranhão.

CRITICAMENTE EM PERIGO
 
Na Mata Atlântica e na Caatinga, as onças-pintadas estão criticamente em perigo.
 
Na Mata Atlântica, nos últimos 15 anos houve perda de 80% da população efetiva. Entre as causas para esta redução está o desenvolvimento dos centros urbanos, que fragmenta áreas verdes necessárias para a sobrevivência das onças e eleva o risco de desaparecimento na região costeira do Brasil. Além disso, há ainda o desmatamento ilegal.


Sem a presença de corredores ecológicos (grandes faixas de preservação que permitem o deslocamento de espécies sem contato com humanos), as onças ficam isoladas e “não ocorre a transferência de informação genética entre populações”, afirma Morato, o que significaria uma interrupção no ciclo de reprodução desses animais.
 
Na Caatinga, outro bioma crítico para as onças, a eliminação de indivíduos por caça e retaliação por predação de animais domésticos e gado é uma “grande ameaça”, conforme o estudo, e causa uma redução drástica de animais na região. A pesquisa sugere a existência de 250 onças-pintadas com capacidade de reprodução nesta região.
 
No Cerrado, onde a situação da onça-pintada está na categoria “em perigo”, há estimativa de que existam 250 espécimes que conseguem se reproduzir e gerar descendentes. De acordo com o estudo, as onças existentes estão espalhadas pelo bioma e já está comprovado um declínio populacional em consequência de atividades humanas. No Pantanal, a classificação está no patamar "vulnerável" e a população de onças é estimada em mil indivíduos.
 
SOLUÇÕES
 
Segundo Morato, a previsão "pessimista e crítica" reforça a necessidade de criação de um plano que ajude a retirar esta espécie da lista de ameaças. De acordo com ele, o primeiro passo será a implementação do Plano de Ação Nacional para Conservação da onça-pintada, criado em 2009, e que visa a proteção desses animais em todo o país.
 
Além disso, Morato reforça que será necessário o funcionamento de frentes de trabalho que se aproximem das comunidades que vivem em áreas onde as onças estão, “buscando educar as pessoas em relação à biodiversidade e agregando valor em benefício do animal”.
 
Os trabalhos começariam pelos biomas mais críticos,  - a Mata Atlântica e a Caatinga. “Queremos estabelecer a meta de aumentar em 20% a população de onças-pintadas na Mata Atlântica nos próximos cinco anos. Se conseguirmos que as pessoas parem de matar as onças, será um avanço”, explica.
 

(Foto: Araquém Alcântara)

sábado, 21 de dezembro de 2013

CÓDIGO AMBIENTAL CATARINENSE


POR JOÃO DE DEUS MEDEIROS*


 
Deputados catarinenses acabam com a proteção que a lei federal confere aos Campos de Altitude. Segundo definição esquizofrênica do Código Ambiental Catarinense vegetação de campo de altitude só ocorre em áreas acima de 1500m. O campo da foto, por exemplo esta a 1430m, portanto não é Campo de Altitude. Para compreender as motivações segue a altitude dos nossos municípios mais altos: São Joaquim (1358); Urupema (1326); Bom Jardim da Serra (1248).


 
Unidades de Conservação no Código Ambiental Catarinense: Deputados esquecem que devem respeito a Constituição Federal e atropelam a lei do SNUC. Em Santa Catarina criar unidade de conservação só por lei. Faltou o artigo tirando o Estado da Federação. Lamentável.


 
No Principado de Santa Catarina agora criar vaca e porco em APP é atividade de interesse social. Pérolas aos porcos do Novo Código Ambiental de Santa Catarina.


 
Mensagem de Johann Friedrich Theodor Müller (Fritz Müller) que deveria ser lida pelos deputados catarinenses que votaram o Código Ambiental: "Porque o conceito de desenvolvimento não é o de crescer, mas o de progresso de um ainda não diferenciado, que contém o potencial para o de fato diferenciado".
 
 
*João de Deus Medeiros é ambientalista, possui graduação em pela Universidade Federal de Santa Catarina (1984), mestrado em Ciências Biológicas (Botânica) pela Universidade de São Paulo (1989) e doutorado em Ciências Biológicas (Botânica) pela Universidade de São Paulo (1993). Atualmente é Diretor do Departamento de Florestas do Ministério do Meio Ambiente e professor Associado da Universidade Federal de Santa Catarina. Tem experiência na área de Botânica, com ênfase em Anatomia Vegetal, atuando principalmente nos seguintes temas: mata atlântica, biodiversidade, anatomia, biotecnologia e impacto ambiental.
 

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

APOIO ÀS RPPNs

Governo de SP pagará R$ 4 mi a 12 reservas particulares
 
José Maria Tomazela | Agência Estado
 
 
 
A RPPN Fazenda Renópolis, com 92,5 hectares, de Santo Antonio do Pinhal, é uma das contempladas.
 
 
O governo estadual vai distribuir R$ 4 milhões para ajudar os proprietários de Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN) do Estado de São Paulo a conservar a diversidade biológica dessas áreas. A verba será destinada a doze RPPNs que passaram num processo de seleção e, juntas, somam 1,4 mil hectares. A relação foi publicada no Diário Oficial do Estado nesta quarta-feira, 04. O rateio do recurso levará em conta a classificação da reserva, o tamanho da área e o projeto a ser executado. É a primeira vez que o Estado ajuda financeiramente as áreas de interesse ambiental nas mãos de particulares. Entre as reservas classificadas estão RPPNs estaduais, vinculadas à Fundação Florestal, e federais, sob a gestão do Instituto Chico Mendes (ICMbio). A melhor pontuada na classificação é a Fazenda Renópolis, com 92,5 hectares, em Santo Antonio do Pinhal, seguida pela reserva Rio dos Pilões, com 407 hectares, em Santa Isabel, e do Sítio Manacá, de 25 hectares, em Guaratinguetá. A quarta colocada, Pedra da Mina, em Queluz, é também a maior, com 632,8 hectares, e a de criação mais recente, preservando o ponto mais alto do Estado de São Paulo, na Serra da Mantiqueira.
 
De acordo com o assessor técnico da Secretaria do Meio Ambiente, Daniel Ramalho, o objetivo é estimular os donos das terras a conservar o patrimônio natural. "É uma contrapartida aos serviços ambientais que eles prestam ao Estado todo, conservando matas, rios, habitat de fauna, formações geológicas e cenários naturais incomuns." Cada unidade vai apresentar um plano de ação de acordo com as necessidades maiores da área. "Podem ser projetos de proteção contra invasores, controle de espécies indesejáveis, reprodução da fauna, enfim, propostas para melhorar as condições da reserva."
 
Os planos devem ser executados em cinco anos e os recursos serão liberados em parcelas anuais. O recurso, do Fundo Estadual de Prevenção e Controle da Poluição (Fecop), está reservado. Na primeira chamada, foram atendidas apenas as reservas de pessoas físicas - as outras são Fazenda Bela Aurora (Cruzeiro), Estância Jatobá (Jaguariúna), Toca da Paca (Guatapará), Meandros II (Ibiúna), Amadeu Botelho (Jaú), Meandros III (Ibiúna), Serra do Itatins (Iguape) e Águas Claras (São Luiz do Paraitinga). Num segundo momento, conforme Ramalho, serão incluídas as RPPNs mantidas por pessoas jurídicas. O Estado de São Paulo tem 72 RPPNs, sendo 40 do Instituto Chico Mendes e 32 da Fundação Florestal.
 
 

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

SUPERPOPULAÇÃO

"É preciso limitar o número de pessoas nas futuras gerações", diz escritor Alan Weisman

REINALDO JOSÉ LOPES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA



 

No mundo inteiro, cada vez mais mulheres têm menos filhos -o suficiente para que, em algum momento até o fim deste século, a população do planeta alcance seu auge e comece a decrescer pela primeira vez na história. Mesmo assim, o escritor americano Alan Weisman acha que não há motivo para complacência em relação aos riscos da superpopulação.

Weisman, 66, está virando um especialista em examinar os efeitos da ação dos bilhões de seres humanos vivos hoje sobre o planeta. Seu best-seller "O Mundo sem Nós", de 2007, é um experimento mental sobre o que aconteceria com a Terra se o Homo sapiens deixasse de existir da noite para o dia.

Recentemente, ele lançou "Countdown: Our Last, Best Hope for a Future on Earth?" ("Contagem Regressiva: Nossa Última e Melhor Esperança para um Futuro na Terra?"), que imagina uma solução menos draconiana para os problemas ambientais e políticos do mundo: um esforço consciente para que todas as famílias do mundo tenham acesso a métodos anticoncepcionais seguros e baratos, o que garantiria uma população máxima de 9 bilhões de pessoas em 2100.

Folha - Depois de escrever dois livros sobre como seria bom haver menos gente no mundo, o senhor já chegou a ser acusado de ser um misantropo?

Alan Weisman - Eu amo a minha espécie e não acho que estejamos prontos para a extinção. O que fiz no meu livro anterior (O Mundo sem nós) foi retirar os seres humanos do quadro de maneira teórica, para mostrar o tamanho da pressão diária que exercemos sobre o planeta e pensar "bem, e agora, como fazemos para trazer as pessoas de volta a esse quadro sem causar tanto estrago?".

Contudo, no epílogo do livro, tive de mencionar um fato perturbador: a cada quatro dias e meio, estamos trazendo mais 1 milhão de pessoas ao mundo, e isso não é algo sustentável. E é incrível como quase todo mundo entendeu isso muito bem e concordou comigo.

Mas embora todo mundo concorde com isso, as pessoas também são visceralmente contrárias a políticas draconianas como a política chinesa do filho único. Então minha proposta para o novo livro foi: será que há uma maneira de lidarmos com a explosão populacional de maneira que não seja tão dolorosa?

E cada vez ficou mais claro que essa é talvez a única coisa que realmente podemos fazer para diminuir nosso impacto ambiental. Com mais gente no mundo, nossas emissões de carbono vão continuar aumentando; vamos ter mais problemas com eventos climáticos extremos, como os que acabaram de devastar as Filipinas; os níveis dos mares estão aumentando e, mais do que isso, estão alterando a própria química dos oceanos, da qual toda a vida na Terra depende. São coisas perigosíssimas.

Mesmo que fontes abundantes de energia limpa, com emissões de carbono próximas do zero, sejam descobertas -o que é um bocado improvável-, simplesmente não há como aumentar a quantidade de terra disponível para produzir alimentos para toda essa gente -então, a coisa lógica a fazer é limitar o número de pessoas nas próximas duas ou três gerações.

Um elemento interessante do livro é que, fora exceções como as Filipinas, a religião parece não ser a grande barreira antiplanejamento familiar.

Sim, você tem razão. Entrevistei muitos líderes religiosos para o livro, e poucos realmente se opõem a essa necessidade. Todo mundo costuma pensar no catolicismo ou no islamismo como os principais inimigos do planejamento familiar, mas se esquece de que um dos programas mais bem-sucedidos do mundo nessa área foi idealizado por uma teocracia islâmica, o Irã.

As Filipinas são, de fato, uma exceção por conta do poder político da Igreja Católica por lá. Por outro lado, na Itália católica, as mulheres têm uma das taxas de fecundidade mais baixas do mundo [cerca de 1,4 filho por mulher], porque o nível educacional delas é muito elevado, e a educação feminina é o melhor anticoncepcional que existe ­­-em vez de ter sete filhos, a mulher decide terminar a faculdade antes de engravidar.

No livro, discuto o caso da Costa Rica, onde a Igreja Católica tentou pressionar os fiéis a não adotarem métodos anticoncepcionais e acabou perdendo espaço para igrejas evangélicas que incentivavam esses métodos como paternidade responsável.

O Brasil é uma história de sucesso, vocês já estão abaixo da taxa de reposição populacional [calculada como 2,1 filhos por mulher; abaixo disso, a tendência é a população decrescer].

Se não é a religião o principal fator por trás do crescimento populacional, o que é? Seria ligado ao fato de que, em alguns países, as pessoas ainda têm medo de não deixar descendentes por causa da alta mortalidade infantil?

São vários fatores, e um deles é o que você mencionou -em certos países da África, as pessoas continuam tendo filhos atrás de filhos porque muitos bebês acabam morrendo.

Mas ainda há, é claro, a mesma razão cultural pela qual, no livro do Gênesis, os israelitas seguem o mandamento "crescei e multiplicai-vos": se você tem uma família numerosa e poderosa, seus inimigos têm mais dificuldade de vencê-lo. E um dos jeitos de conseguir isso é a poligamia.

Esse tipo de mentalidade ainda é forte mundo afora.

Por outro lado, também no livro do Gênesis, há a história de José [um dos 12 filhos do patriarca israelita Jacó], que pode ser considerado o mais antigo ecologista.

Vivendo no Egito, ele observou os sinais de que a região estava prestes a passar por um ciclo de escassez e aconselhou o faraó e sua família israelita, dizendo que era hora de conservar, e não de continuar a se expandir. E foi graças a isso que José decidiu ter uma única esposa e apenas dois filhos, e ele conseguiu salvar todo mundo da fome que veio depois.

Nossa situação não é muito diferente, porque chegamos a um ponto em que será cada vez mais difícil produzir mais comida. Para cada 1ºC de aumento da temperatura do planeta daqui para a frente, é provável que a produtividade agrícola caia 10%, por exemplo. Continuar na trajetória de crescimento desenfreado é uma receita para o desastre.

Nos anos 1960 e 1970, o desenvolvimento de variedades agrícolas mais produtivas, a chamada Revolução Verde, afastou o fantasma da fome. Não é natural as pessoas esperarem que novos desenvolvimentos tecnológicos também resolvam o problema agora?

O que as pessoas têm de entender é que a Revolução Verde foi só uma solução temporária. Norman Borlaug, o pai da Revolução Verde, que ganhou o Prêmio Nobel da Paz por isso, usou seu discurso de aceitação do prêmio para chamar a atenção para o problema do crescimento demográfico.

Embora a Revolução Verde tenha evitado a fome, os tipos de plantio que ela preconiza não estão mais sendo suficientes em lugares como a Índia.

Uma das experiências mais terríveis que tive foi entrevistar as viúvas de fazendeiros indianos que se mataram bebendo pesticidas porque suas terras não têm mais água [as variedades agrícolas ligadas à Revolução Verde exigem irrigação], eles não conseguiam produzir e estavam endividados. Mais de 200 mil agricultores indianos se suicidaram.

O senhor também diz que é errada a ideia de que os poucos países com população em declínio, como o Japão, vão sofrer um colapso econômico. Por quê?

Por muitos anos, alguns economistas eram grandes fãs do crescimento populacional, simplesmente porque, com mais gente no mercado de trabalho, mais barata é a mão de obra.

Todo mundo se diz preocupado com o que vai acontecer com o Japão, com esse monte de gente idosa e tão pouca gente jovem para sustentar a aposentadoria deles. O que poucos percebem é que o processo é gradual e, ao longo de no máximo uma geração, conforme os mais idosos morrerem e os filhos dos jovens de hoje crescerem, você vai ter é um equilíbrio demográfico entre as duas parcelas da população de novo.

Com isso, você consegue fazer duas coisas: manter pessoas mais velhas na força de trabalho por mais tempo, e trazer mais mulheres com bom nível educacional para a força de trabalho.

Depois de pesquisar e escrever o livro, o senhor está mais ou menos otimista em relação aos desafios do crescimento populacional?

Estou mais otimista do que me sentia quando comecei a escrever o livro. É difícil para as pessoas aceitarem que a população precisa começar a diminuir porque nós passamos por um século inteiro no qual a população humana quadruplicou.

Só que elas têm de perceber que essa situação é algo anormal, criada por avanços repentinos na tecnologia médica e na produção de alimentos para os quais não estávamos preparados.

A boa notícia é que há um tremendo impulso mundo afora em favor de famílias menores. O planeta está urbanizado, não precisamos mais de tantos braços para a lavoura.

Outra notícia boa é que não precisamos de nenhuma descoberta dramática -estamos falando de uma tecnologia da qual já dispomos, e que é muito barata.

Precisaríamos de apenas US$ 8 bilhões por ano para disponibilizar anticoncepcionais para todas as pessoas do planeta -isso é o que os EUA gastavam por mês no Iraque e no Afeganistão anos atrás.

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

LONTRAS QUE SALVAM

Lontras recuperam ambiente marinho ameaçado por algas na Califórnia (EUA)
 
 

O retorno das lontras a um estuário (transição entre rio e mar) da Califórnia, nos Estados Unidos, ajudou a salvar o ecossistema da região de Elkhorn Slough. Até a chegada desse predador, o ambiente aquático estava ameaçado pelas algas, cuja proliferação na superfície da água bloqueia a chegada de luz ao fundo do mar, afetando a sobrevivência da vegetação marinha, habitat para peixes. Como se alimentam de caranguejos, as lontras diminuem a quantidade de predadores das lesmas-do-mar que passaram a comer mais algas marinhas - Ron Eby/AP
 
O retorno das lontras a um dos maiores estuários da Califórnia, no Oeste dos Estados Unidos, permitiu recuperar a vegetação marinha, que serve de habitat para os peixes e desempenha um papel essencial na proteção dos ecossistemas costeiros, afirmaram biólogos esta segunda-feira (26).
 
Estes cientistas, que estudaram durante várias décadas o declínio e a recuperação da vegetação marinha no Estuário de Eikhorn Slough, na região Norte da Califórnia, constataram que o aumento da população de lontras foi um fator chave para a recuperação do meio ambiente, informaram em estudo na revista da Academia de Ciências dos Estados Unidos, a PNAS.
 
A vegetação marinha está diminuindo em todo o mundo devido ao uso excessivo de fertilizantes e outros nutrientes provenientes da exploração agrícola e das áreas urbanas em águas costeiras, impulsionando o crescimento de algas, que impedem que a vegetação marinha receba luz do Sol.
 
Mas nas últimas décadas, a vegetação marinha de Elkhorn Slough voltou a crescer, explicaram estes biólogos, entre eles Brent Hughes, da Universidade da Califórnia em Santa Cruz, um dos principais autores deste trabalho.
 
Estes cientistas estudaram a reação provocada no estuário pelo retorno das lontras em 1984. Estes animais não têm impacto direto na vegetação marinha, mas ajudam a preservá-la, ao comer grandes quantidades de caranguejos.
 
Alimentando-se dos crustáceos, elas eliminam uma ameaça chave para as lesmas-do-mar. Por sua vez, as lesmas-do-mar comem algas e permitem que as plantas marinhas se mantenham saudáveis. Isto significa que a presença de um predador ajudou a salvar o ecossistema.
 
"Este estudo proporciona outro exemplo das fontes interações exercidas pelas lontras nas populações de caranguejo e os efeitos em cascata sobre o ecossistema pelos transtornos da cadeia alimentar", disse Tim Tinker, biólogo no Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS), um dos coautores do estudo.
 
"Esta pesquisa também nos lembra que os animais sem predador, que desaparecem em grande número no planeta, desempenham um papel importante no equilíbrio de muitos ecossistemas", acrescentou.
 
Fonte: AFP/UOL Ambiente

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

OLINGUITO


Nova espécie de mamífero é descoberta nas florestas da América do Sul
     
DA "ASSOCIATED PRESS"

Pesquisadores anunciaram nesta quinta a rara descoberta de uma nova espécie de mamífero, chamado de 'olinguito'. O animal pertence ao mesmo grupo de cachorros, gatos e ursos.
Do tamanho de um guaxinim, o 'olinguito' vive nas árvores das florestas do Equador e Colômbia e tem hábitos noturnos, segundo a publicação da revista científica "ZooKeys". Pesquisadores do National Zoo de Washington esperavam encontrar a espécie há uma década.
 
FOTO: Mark Gurney/Associated Press
Olinguito vive em árvores das florestas do Equador e Colômbia

No entanto, segundo Kristofer Helgen, curador de mamíferos do zoológico americano, um exemplar da espécie vivia no museu sem que ninguém tivesse percebido até a catalogação da nova espécie. O animal, apelidado de Ringerl, viveu em diversos zoológicos nos Estados Unidos entre 1967 e 1976. O pesquisador explica que só depois descobriu-se que ele não tinha dificuldade de se entrosar com os outros exemplares. Ringerl simplesmente não era da mesma espécie.
 
Helgen chefiou a equipe que pesquisou a nova espécie na América do Sul em 2006. Após estudar esqueletos dos animais em museus, os pesquisadores encontraram o 'olinguito' em seu habitat natural.
 
Descobertas de novas espécies são comuns, mas elas geralmente incluem pequenos animais. Segundo os pesquisadores, uma descoberta genuinamente nova e significante como essa não acontecia há 35 anos.

 

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

AMBIENTALISTA MORTO

Ambientalista espanhol é morto a tiros no Rio de Janeiro 
 
Polícia relaciona sua morte com suas denúncias para proteger o meio ambiente
 
Juan Arias
EL PAÍS
 
O biólogo Gonzalo Alonso Hernandez, em uma cortesia de imagem de sua viúva.
 
O biólogo espanhol Gonzalo Alonso Hernandez, 48 anos, um proeminente ativista ambiental, foi encontrado morto na terça-feira, perto de sua casa em uma cachoeira no Parque Estadual Cunhambebe, no estado do Rio de Janeiro. Ele morava no país com sua esposa há 10 anos. Ele foi executado em sua casa e, em seguida, jogado nas águas de um lugar que, por anos, lutou contra os caçadores furtivos e incendiários que buscavam criar pastos para o gado. A polícia e sua viúva, Maria de Lourdes Pena Campos, relacionam o crime com suas insistentes denúncias e sugerem que ele pode ter sido torturado.
 
Os investigadores encontraram manchas de sangue na casa. A esposa de Gonzalo, que trabalha no Rio e retorna para sua casa nas montanhas no fim de semana, tinha ido para o trabalho.
 
Embora ainda não tenha dado uma versão oficial dos motivos para o assassinato, o Consulado do Rio, que está em contato com a polícia, não tem mais dúvidas de que foi um crime por sua luta contra crimes ambientais no parque natural de Cunhambebe.
 
 
Ele foi morto em casa, e jogado em uma cachoeira defendendo o parque
 
 
Sua esposa confirmou para o EL PAÍS que o marido "estava sempre em guerra com os caçadores, criadores de gado no parque e contra incêndios para abrir espaços para os agricultura". Gonzalo também se destacou por sua defesa de espécies de plantas e animais em perigo de extinção.
 
O biólogo foi transferido pela Telefónica para o Brasil, onde atuou como diretor no Rio de Janeiro da empresa de telefonia móvel Vivo. Em 2005, ele deixou o cargo para se dedicar exclusivamente ao trabalho ambiental. Ele trabalhou como voluntário na ONG Instituto Terra, que está ligada à CNT EUA.
 
A polícia confirmou que a casa do biólogo não tinha apenas o computador, provavelmente para apagar os traços de suas reivindicações na área ambiental. Seus assassinos também cortaram a linha telefônica e luz em sua casa.
 
A viúva destacou o fato de que o biólogo foi executado em sua casa e seu corpo foi jogado em uma cachoeira do parque cuja proteção tinha vindo a defender há oito anos. Ela afirmou que não tem dúvida de que o crime foi cometido por aqueles que foram tocados por suas queixas. "Ele nunca teve  inimigos, além daqueles que foram denunciados por suas ilegalidades contra a natureza", disse ainda muito afetada pela tragédia, mas com firmeza.

 
Pesquisadores acreditam que pode ter sido torturado
 
  
Gonzalo Alonso Hernandez nunca recebeu ameaças explícitas. O único fato anormal que Maria de Lourdes lembra é "que vi voar sobre a casa, um dia antes do assassinato, um helicóptero voando baixo, algo que nunca tinha acontecido antes". Naquele momento, eles não se importam.
 
Felipe Paranhos, da ONG Instituto Terra, que conhecia o ativista, disse que o biólogo também trabalhava com um projeto do governo do Rio de Janeiro para a proteção das águas do parque - muito importante do ponto de vista ambiental.
 
"Ajudou muito a todos nesta luta para proteger as fontes de água", disse Paranhos. Perguntado sobre o que ele achava das autoridades locais, explicou: "Gonzalo chegou com mentalidade europeia que tudo que é ilegal é para denunciar abertamente". Ele acrescentou: "E você sabe que no Brasil a mentalidade é diferente." Ele quis dizer que aqui você não pode desafiar abertamente, muitas vezes certos interesses protegidos por caciques locais.
 
Uma das principais razões pelas quais a polícia suspeita que o crime foi ordenado por aqueles que foram expostos pelo ecologista espanhol é o fato de que a única coisa que foi roubada de sua casa foi o computador. "Eles provavelmente fizeram isso para levar as informações coletadas pelo biólogo contra as ações ilegais no parque", disse o oficial de polícia, Marco Antonio Alves.
 
As autoridades brasileiras ainda não se pronunciou sobre o crime o tempo da imprensa. O Ministério das Relações Exteriores espanhol só confirmou sua morte.
 
 
Fonte: EL PAÍS
Tradução: Fernando José Pimentel Teixeira
 
 

terça-feira, 6 de agosto de 2013

AMBIENTALISTAS NA MIRA

Caçador agride ambientalistas com arma de fogo
 
Silvia Marcuzzo
Caçador saindo de traz do palmiteiro com a arma apontada para Wigold. Foto: Wigold B. Schaffer.

“O que acontece, quando no meio da mata, por detrás dos arbustos, não é um bicho que aparece, mas sim um caçador camuflado e armado, que vem em sua direção com um rifle com mira telescópica apontado diretamente pra você? Pode acontecer um tiro de raspão na mão, por conta do reflexo de defesa da pessoa, mas pode acontecer o pior, que é o que via de regra acaba acontecendo, quando o alvo é um animal”.

Wigold B. Schaffer e Miriam Prochnow, Conselheiros da Associação de Preservação do Meio Ambiente e da Vida (Apremavi), formam vítimas de agressão e ficaram reféns sob a mira de arma de fogo e ameaça de morte por mais de 30 minutos, neste domingo dia 04/08/2013, quando faziam um passeio pela mata de sua propriedade em Atalanta/SC. Saíram de sua casa por volta das 10 horas em companhia de sua filha Gabriela para dar uma caminhada no meio da mata e fazer fotos da flora e fauna. A caminhada transcorria tranquíla e alegre com muitas fotos de pássaros até que, por volta das 10:30h em meio a uma pequena trilha foram atacados de surpresa por um caçador.

Wigold conta que o homem surgiu de repente, com vestimenta camuflada da cabeça aos pés, empunhando uma arma de fogo dessas que utilizam um “pente” de munição e mira telescópica. “Ao perceber algo se movimentando atrás de uns palmiteiros jovens inicialmente pensei tratar-se de algum animal e comecei a fotografar, segundos depois surge o caçador vindo em minha direção com o dedo no gatilho e a arma apontada diretamente para mim”, relata Wigold. Por instinto de fotógrafo, Wigold conta que continuou fotografando a aproximação do agressor e gritou por socorro, já que sua esposa Miriam e sua filha Gabriela vinham uns 50 metros atrás. “O agressor não parou, veio direto em minha direção com a arma apontada, até quase encostar o cano em meu rosto, aí ele tentou arrancar a câmera fotográfica de minhas mãos, nesse momento, num gesto de desespero e reflexo segurei o cano da arma e o desviei do meu corpo, foi quando ele puxou o gatilho e atirou, o tiro passou muito perto do meu peito” conta Wigold.

Após o disparo, Wigold conta que continuou segurando o cano da arma com as duas mãos enquanto o caçador tentava novamente virar o cano e apontar em sua direção, como não obteve êxito passou a agredir violentamente a vítima com chutes, coronhadas e até com a própria máquina fotográfica, que se partiu quando o agressor a bateu na cabeça da vítima.

As agressões foram interrompidas alguns minutos mais tarde com a chegada de Miriam, que estava um pouco atrás. “Ao ouvir o grito de socorro do Wigold e em seguida o disparo da arma, imediatamente pedi que a minha filha Gabriela corresse até em casa e chamasse a polícia, relatou Miriam. Ela também relata que ao chegar perto do local viu o Wigold deitado no chão e o homem batendo nele com a coronha da arma: “Enquanto me aproximava fui tirando fotos para registrar a agressão e ao mesmo tempo reconheci o agressor e o chamei pelo nome”. Ao perceber a aproximação da Miriam e ver que ela também estava registrando o que acontecia, o agressor parou de espancar o Wigold e passou agredir a Miriam na tentativa de também lhe tirar a câmera fotográfica.

Os 2 ambientalistas ficaram ainda por mais de 20 minutos sob a mira da arma do caçador, que sob ameaça queria lhes tirar as câmeras fotográficas. A situação só parou quando Miriam anunciou que a polícia já deveria estar chegando pois a Gabriela saíra em busca de socorro logo após o disparo da arma. Pouco depois, o homem se afastou caminhando de costas, sempre com a arma apontada em direção ao casal, até se embrenhar na mata.

Os ambientalistas Wigold e Miriam, nascidos na região do Alto Vale do Itajaí, tem destacada atuação em defesa da Mata Atlântica. O casal voltou para Atalanta depois de 14 anos trabalhando em Brasília. Wigold trabalhou por mais de 13 anos no Ministério do Meio Ambiente e Miriam fortaleceu a atuação da Apremavi em colegiados de âmbito nacional, como a Rede de ONGs da Mata Atlântica (RMA), onde foi Coordenadora Geral. Hoje é Secretária Executiva do Diálogo Florestal Brasileiro e conselheira do Diálogo Florestal Internacional. Os dois são fundadores da Apremavi, que completou 26 anos este ano.

A situação vivida pelos ambientalistas aponta na verdade para uma realidade ambiental grave no Alto Vale do Itajaí e outras regiões de Santa Catarina, que é a caça. A caça de animais nativos é proibida no Brasil, mas continua sendo praticada e com um agravante, ela está sendo praticada por jovens, com equipamentos cada vez mais sofisticados, que acabam não dando nenhuma chance de reação aos animais e também acabam provocando situações como a vivida no último domingo.

As vítimas já denunciaram as agressões junto às Polícias Civil, Militar e Ambiental, bem como ao Ministério Público Estadual e Federal. Nos próximos dias, a Apremavi, juntamente com outras instituições de Santa Catarina e do Brasil, estará deflagrando uma ampla campanha junto aos órgãos públicos para que estes realizem operações de fiscalização da caça, soltura de animais aprisionados e apreensão de armas na região.

Caçador agride Wigold, que está caído no chão.
Foto: Miriam Prochnow

Tentativa de negociação para que o caçador os deixasse ir embora, ambientalista com a mão ferida..
Foto: Miriam Prochnow 


Fonte: APREMAVI

 

sábado, 18 de maio de 2013

A ÚLTIMA ONÇA-PINTADA EM SANTA CATARINA

A morte da última pintada da serra catarinense
 
 A onça, já morta, é transportada pelas ruas de Urubici
 
A última onça-pintada (Panthera onca) do planalto serrano catarinense foi morta na tarde de 29 de janeiro de 1972, na fazenda da Pedra Branca, no interior de Urubici. Estava na mira do capataz da fazenda desde a noite anterior, quando havia desossado um cavalo a poucos metros da propriedade.
Ela morreu brigando: antes de cair dura no chão, vítima de um disparo certeiro no coração, a onça de 84 kg, um metro e meio de comprimento e 55 centímetros de cauda desferiu uma patada, na parte esquerda do rosto do capataz, que o marcou para toda a vida.
 
O destino da onça-pintada foi selado pelo padre João Alfredo Rohr, considerado o pai da arqueologia catarinense. Além dos estudos com resquícios de sambaquis ao longo do litoral do estado, pelo qual levou a fama, padre Rohr seguia o ofício, tradicional entre missionários jesuítas, de empalhar de animais silvestres.
 
Ele comprou a carcaça da onça para que, depois de empalhada, virasse objeto de pesquisa dos três mil estudantes por ano que visitam o museu de história natural que leva o nome do pároco, no sótão do Colégio Catarinense, em Florianópolis.
 
Dez anos mais tarde apareceria a última pintada em liberdade em Santa Catarina, encontrada no município de Rio Negrinho, na divisa com o Paraná, para ter destino semelhante ao da onça de Urubici: ser morta e empalhada por um caçador que, como Ermelino, não fazia idéia da importância da preservação dos maiores predadores da região até então.
 
Apesar de já terem habitado toda a região, há poucos registros no sul do Brasil de onças-pintadas, felino imortalizado em contos de Guimarães Rosa, como Meu Tio, O Iuauretê. Até os anos 40, as pintadas eram alvo fácil de caçadores contratados por fazendeiros para "desonçar" a região, assim como Preto Tiodoro na história de Guimarães Rosa, e Ermelino, em Urubici.
 
A caça e a derrubada das matas nativas aceleraram sua extinção nas décadas seguintes. Desde os anos 1990, as pintadas em liberdade são vistas circulando por regiões da serra do Mar e do Parque do Iguaçu, ambos no Paraná, e pelo Parque do Turvo, no noroeste do Rio Grande do Sul, apenas em fotografias tiradas no meio do mato.
 
Há um corredor ecológico ligando as onças gaúchas e paranaenses, que viajam pela Argentina, ao largo do território catarinense, em busca de novos territórios. As pintadas não entram mais em Santa Catarina devido ao grau de devastação das florestas originais de Mata Atlântica no oeste do estado, que deram espaço para a exploração agrária da região, conhecido celeiro agrícola devido à produção de cereais e suínos.


Fonte: Matéria publicada em setembro de 2008 / ClicRBS
Foto: Orquiso Rei de Oliveira, Divulgação

quinta-feira, 11 de abril de 2013

GATOS EXTERMINADORES

O que fazer com cães e gatos que dizimam espécies nativas em reservas naturais?

Em muitos países, a solução adotada é o extermínio

Fonte: ÉPOCA


BOM CAÇADOR
Flagrante de um gato no ato de atacar uma ave. Estima-se que um felino desses mate 80 animais por ano (Foto: Claudius Thiriet/Gamma-Rapho/Getty Images)


Diante de um cãozinho simpático ou um gato dengoso, quem ama os animais em geral só tem bons sentimentos. É difícil imaginar que esses bichinhos, especialmente se fazem parte de nosso convívio, representam algum perigo ambiental. Se entrarem indevidamente em áreas naturais, porém, tanto cães quanto gatos se transformam em perigosos predadores da vida selvagem. É o que ocorre hoje nas unidades de conservação em várias partes do mundo, principalmente no Brasil. Dentro de parques nacionais ou de reservas biológicas, bichos que contam com nossa simpatia exterminam populações inteiras de espécies nativas de aves, lagartos ou pequenos mamíferos. Predadores trazidos por mãos humanas são a segunda maior causa de extinção de espécies nativas no mundo. Perdem apenas para a supressão dos hábitats.

Diante de um cãozinho simpático ou um gato dengoso, quem ama os animais em geral só tem bons sentimentos. É difícil imaginar que esses bichinhos, especialmente se fazem parte de nosso convívio, representam algum perigo ambiental. Se entrarem indevidamente em áreas naturais, porém, tanto cães quanto gatos se transformam em perigosos predadores da vida selvagem. É o que ocorre hoje nas unidades de conservação em várias partes do mundo, principalmente no Brasil. Dentro de parques nacionais ou de reservas biológicas, bichos que contam com nossa simpatia exterminam populações inteiras de espécies nativas de aves, lagartos ou pequenos mamíferos. Predadores trazidos por mãos humanas são a segunda maior causa de extinção de espécies nativas no mundo. Perdem apenas para a supressão dos hábitats.

Um estudo recente realizado pelo Instituto Smithsonian e pelo Departamento de Pesca e Vida Selvagem dos Estados Unidos mostra o tamanho da ameaça. Segundo o levantamento, os gatos matam de 1,4 bilhão a 3,7 bilhões de pássaros e entre 6,9 bilhões e 20,7 bilhões de mamíferos todo ano. Embora os gatos de rua representem a maior ameaça, gatos domésticos também saem para passear e caçar. “Esperamos que essa mortalidade incentive as pessoas a manter seus gatos dentro de casa e sirva de alerta para as autoridades”, diz Pete Marra, do Smithsonian.

 O impacto dos gatos e cães faz parte dos danos provocados por espécies estranhas aos ambientes naturais. Elas chegam a áreas onde não enfrentam grandes predadores e caçam outros animais que não estão acostumados a lidar com elas. No linguajar dos biólogos, essas espécies não nativas são chamadas de exóticas. No caso de cães e gatos, os mais problemáticos são os que deixaram a vida doméstica e se reintegraram ao ambiente selvagem. São chamados de cães ou gatos ferais.

“O problema das espécies invasoras é seriíssimo. Há casos de animais competindo ou caçando espécies nativas em quase todas as unidades de preservação do Brasil”, diz Pedro Menezes, diretor de criação e manejo de unidades de conservação do Instituto Chico Mendes (ICMBio), órgão federal responsável pelas áreas protegidas do país. Os cães de quem tem sítio perto de um parque entram na área da reserva, mas em geral só caçam nas bordas. Os cães ferais vivem dentro da unidade e caçam mesmo no miolo da reserva, que deveria ser um refúgio para as espécies nativas. Segundo Menezes, no Parque Nacional de Brasília, matilhas de cães ferais caçam veados e catetos (porco-do-mato). No Parque Nacional da Tijuca, no Rio de Janeiro, gatos ferais atacam a fauna nativa. “Um estudo no Reino Unido mostrou que cada gato mata cerca de 80 indivíduos de outras espécies por ano, como aves, lagartos ou esquilos. Imagine o estrago feito por uma população de gatos numa área com espécies que só ocorrem ali”, diz Menezes.


CONSERVAÇÃO
Iguana numa ilha de Galápagos. Para proteger a espécie, foram criados projetos de erradicação de cães, gatos e outros animais (Foto: Stuart Westmorland/Getty Images)


Outras espécies exóticas também ameaçam os ambientes naturais. Os búfalos, trazidos da Ásia para a Amazônia, sustentam milhares de famílias na região. Algumas manadas interferem na reprodução de peixes, aves e tartarugas na Reserva Biológica do Vale do Guaporé, em Rondônia. O ICMBio estuda como abater os animais “de forma sustentável”. Um projeto da Embrapa prevê o abate de 540 búfalos por ano. O javali, espécie de origem europeia, se espalhou pelo Brasil e readquiriu hábitos selvagens. Hoje, expulsa os porcos-do-mato nativos do Brasil. É também agressivo com o ser humano. Quando chegou ao arquipélago de Fernando de Noronha, o navegador Américo Vespúcio relatou ter visto suas ilhas cobertas por ninhos de aves marinhas.

Ratos europeus trazidos por acidente pelos navios dos exploradores adaptaram-se bem às ilhas. Tão bem que exterminaram as espécies locais de ratos e passaram a devorar animais nativos. Aos ratos se somaram gatos, cães e outros bichos domésticos, além de tejos, lagartos que comem ovos e pequenos animais. Os ninhos nativos sumiram de Fernando de Noronha.

Em outros países, é comum controlar espécies invasoras. Um cervo da Malásia foi levado para a África do Sul e começou a competir com as espécies nativas. Em alguns parques nacionais, o cervo malaio passou a ser caçado a tiros, de helicóptero. Na Ilha da Ascensão, possessão britânica no Atlântico, os gatos matavam centenas de milhares de aves marinhas por ano. Os pássaros só prosperavam em pequenas ilhotas vizinhas, sem os felinos. Os biólogos então passaram a reduzir a população de gatos. Eliminaram cerca de 2 mil felinos, usando iscas envenenadas. As aves voltaram então a se propagar na Ilha da Ascensão. Em Galápagos, onde a maior parte das ilhas é parte de um parque nacional, há projetos para erradicar cães, gatos, porcos, cabras e outras espécies exóticas.

Na Nova Zelândia, o governo executa um projeto para salvar espécies nativas, principalmente o quivi, ave símbolo do país. Entre os predadores estão cães e gatos sem dono ou selvagens. Usando iscas envenenadas, as autoridades locais conseguiram criar pequenas ilhas livres de gatos e cães. Enquanto isso, os biólogos reduzem a população de gatos e cães soltos na ilha principal do país criando áreas cercadas para reintroduzir a fauna nativa. Na Austrália, o controle de raposas e gatos, que já extinguiram várias espécies nativas, é feito com o lançamento de iscas envenenadas de helicóptero em áreas críticas de conservação. Nas ilhas australianas de Maquarie e Marion, o extermínio dos gatos no ano 2000 permitiu que a população de aves marinhas se recuperasse.

Biólogos são, antes de mais nada, gente que ama os animais. Por isso, antes de apelar para os recursos extremos, tentaram medidas menos violentas. Nos Estados Unidos, há várias décadas se fazem pesquisas com vacinas anticoncepcionais para controlar gatos selvagens. Elas não são eficazes para controlar grandes populações em áreas naturais extensas, porque precisam ser reaplicadas várias vezes. Se ministradas por alimentos espalhados pela área, não há garantia de que todas as fêmeas ingerirão o suficiente para suspender a reprodução.


PROTEÇÃO
Quivi, a ave símbolo da Nova Zelândia. Lá, as autoridades locais criaram ilhas livres de cães e gatos para preservá-lo (Foto: John Stone/AP)


Para Menezes, do ICMBio, o problema no Brasil é cultural. “Ainda não conseguimos nem discutir isso de forma equilibrada”, afirma. “Quando é capim ou um molusco invasor, lidamos com a questão com seus problemas técnicos e econômicos. Se a espécie exótica for um mamífero que envolve sentimentos, aí entramos numa discussão emocional.” Recentemente, o Ibama publicou uma norma disciplinando o manejo de javalis. Foi um marco. As autoridades responsáveis pela administração de áreas de preservação e pela defesa de espécies ameaçadas ainda têm dificuldade para conseguir lidar com búfalos, cães ou gatos em áreas de preservação. No Brasil, a legislação proíbe a caça, sem distinção entre espécie nativa ou exótica. Nem prevê a caça dentro de um plano de manejo para conservar áreas naturais.

Na Austrália, iscas envenenadas são lançadas por helicóptero para erradicar gatos

Segundo a Sociedade Mundial de Proteção Animal (WSPA, na sigla em inglês), não é preciso matar. “Foram os humanos que levaram indevidamente esses animais para perto das áreas naturais onde eles não deveriam estar”, diz Rosângela Ribeiro, gerente de programas veterinários da WSPA no Brasil. “Agora, cabe aos humanos resolver isso de forma humanitária.” Para ela, há alternativas menos violentas, como campanhas de conscientização dos donos de animais domésticos. “Eles devem aprender a manter os bichos dentro de casa, com coleiras com sinos (no caso de gatos).” Para controlar cães e gatos ferais, ela recomenda que os bichos sejam recolhidos e encaminhados à adoção. “O custo dessa operação é mais alto, mas não é algo impossível. É, sobretudo, uma questão ética”, diz. Para o biólogo Fábio Olmos, o discurso das entidades protetoras dos animais não ajuda a resolver a questão na prática. “Isso é medo de enfrentar o problema de frente”, afirma ele. “Cuidar do bem-estar animal é uma causa nobre. Mas não à custa da extinção de outras espécies. Por receio de lidar com esse tabu, estamos causando um dano maior à vida.”


segunda-feira, 8 de abril de 2013

JUDY McALLISTER

Faltam lideranças sustentáveis
 
Judy McAllister é escritora e especialista em sustentabilidade
 
 
por Lucas Toyama
 
Judy McAllister utiliza sua vasta experiência em assuntos relacionados à preservação do meio ambiente para afirmar categoricamente que o ser humano, a despeito de todo o blá-blá-blá que elaborou, ainda está muito aquém de fazer o que seria necessário para ser sustentável. Resultado disso é que as companhias, que “detêm um poder incrível para ditar tendências para a sociedade como um todo”, como ela mesma afirma, também fazem pouco, alimentando um círculo vicioso baseado na profusão de discurso e na carência de ações efetivas.
 
Canadense, ela se mudou em 1977 para a Escócia, quando se tornou membro da comunidade da Fundação Findhorn, da qual foi coordenadora geral por cinco anos. Lá, usou sua paixão por gente e natureza para estimular o desenvolvimento – pessoal e espiritual – dos membros da organização - uma comunidade, uma ecovila e um centro internacional de educação holística, cuja finalidade principal é despertar uma nova consciência no homem e criar um futuro mais positivo e sustentável.
 
Em recente passagem pelo Brasil, Judy conversou com o CanalRh e discorreu sobre suas visões em relação ao tema sustentabilidade, falou sobre a pouca atenção que o assunto ainda recebe e apontou um agente com grande força para reverter a situação: as empresas. Confira.
 
"A arrogância do homem em sua visão em relação à natureza é apavorante"
 
CanalRh - Quando despertou para a importância da preservação do planeta?
Judy McAllister: Eu sempre me interessei pela natureza. No final dos anos 70 visitei a Findhorn Foundation, da Escócia, e tomei consciência do instigante mundo natural. Daí foi um pulo para eu entender a condição do planeta e os efeitos das ações dos humanos sobre ele. Eu tenho tido oportunidade de viajar muito. Isso tem me permitido ver um extenso espectro dos mundos natural e humano, o que é bastante rico. Eu testemunhei o desaparecimento de habitats e vi criaturas magníficas em seus próprios ambientes. A escala e o escopo da degradação que nós humanos temos causado são assustadores para mim. A arrogância do homem em sua visão em relação à natureza é apavorante. Parece que a gente pensa que é isento das leis universais que regem o mundo natural. Mas nós não somos.
 
CanalRh - Por que veio ao Brasil?
Judy: Eu vim a primeira vez no final dos anos 90 para dar aulas num programa de treinamento de duas semanas. Eu me apaixonei pelas pessoas e pela natureza. Voltei em 2008 como assistente de Dorothy Maclean (escritora e educadora canadense e uma das fundadoras da Findhorn Foundation, na Escócia), quando ela veio lançar uma edição em português de um de seus livros. Desde então, voltei algumas vezes, por diversos motivos. Algumas de minhas atividades criaram raízes e se desenvolveram de forma que eu jamais poderia imaginar. Eu descobri que a vida tem formas de se revelar se eu simplesmente seguir os sinais. É bem isso o que acontece na minha relação com o Brasil.
 
"Acho que as companhias têm um papel vital. Elas detêm um poder incrível para ditar tendências para a sociedade"
 
CanalRh - Como funciona a Findhorn Foundation?
Judy: A Findhorn Foundation é uma instituição de caridade focada no trabalho educacional. Sua principal fonte de renda são workshops, seminários e conferências que acontecem o ano todo. Cerca de 125 pessoas de 40 países moram e trabalham na Fundação. Nós hospedamos, por ano, mais de 4 mil pessoas de aproximadamente 60 países, com milhares de outros visitantes que passam algumas horas ou dias com a gente. Ao redor da Fundação cresceu uma comunidade de pessoas que trabalham para si mesmas, em negócios pequenos e independentes. É um lugar inacreditavelmente diverso e dinâmico que está completando 50 anos.
 
CanalRh - Dinamismo, abundância de informação e desenvolvimento rápido da tecnologia são fatores que facilitam ou dificultam o pensamento sustentável?
Judy: As duas coisas. Esses fatores permitem que mais e mais pessoas se tornem conscientes da necessidade de ser sustentável em todos os níveis. A disponibilidade da informação e o fato de a tecnologia se tornar mais acessível tornam possível que pessoas vivam e trabalhem de maneira sustentável. Infelizmente, o exagero de informação leva a uma saturação que pode ser perigosa, sobretudo no que diz respeito ao excesso de possibilidades. Como a gente escolhe um caminho entre tantos? Para cada teoria há outra que a refuta de forma consistente. Como decidimos em quem acreditar? Isso tudo pode fazer com que as pessoas desistam e deleguem a questão para os “especialistas”.

CanalRh - Pegam um atalho mais fácil...
Judy: Muitas vezes, sim. Esse excesso de possibilidades leva as pessoas a fazerem escolhas mais confortáveis para elas e deixarem para trás outras tantas. No entanto, sustentabilidade é multidimensional. Ela envolve diversas áreas e precisa olhar para questões como comida, cultura, educação, trabalho, espiritualidade, recursos naturais, energia, gerenciamento de lixo, transporte, saúde, moradia. Não tem, portanto, como isolar um assunto.
 
CanalRh - Você acredita que as pessoas estão conscientes da importância de ser sustentável?
Judy: Não. As pessoas ainda não entenderam. Sustentabilidade se tornou uma palavra muito falada, mas pouco praticada. Ainda existe muita ignorância em relação à profundidade que o tema exige. Se as pessoas realmente têm acesso à informação, elas têm medo de agir ou negam a verdade de nossa coletividade, o que significa que a maioria prefere não enxergar a verdade das mudanças de clima, por exemplo, e dos níveis de crescimento não sustentáveis.
 
"O fato é simples: o planeta não é grande o suficiente para todos nós continuarmos vivendo da forma que vivemos"
 
 
CanalRh - Qual o principal erro das pessoas em relação à sustentabilidade?
Judy: Eu diria que são dois. O primeiro é o pensamento de que não podemos lidar com o assunto. O segundo é a ideia de que sustentabilidade, de alguma maneira, significa mudar para um estilo de vida que parece ser caduco. A gente peca em não entrar de vez no assunto. Sustentabilidade de fato significa uma simplificação de nosso estilo de vida – uma forma de viver com muito menos consumo, o que é bem diferente de viver com um padrão mais baixo. Hoje, muitas pessoas afirmam que querem a sustentabilidade, mas não querem, realmente, encarar as mudanças que ela exige. No mundo ocidental, torna-se muito desconfortável olhar para aquilo de que temos que abrir mão para ter uma vida sustentável. O fato é simples: o planeta não é grande o suficiente para todos nós continuarmos vivendo da forma que vivemos. Mas é grande o suficiente para todos nós, se vivermos de maneira mais inteligente, com mais consciência e menos desperdício.
 
CanalRh - Do que as pessoas precisam, afinal, para agir de maneira sustentável?
Judy: Comprometimento, dedicação e vontade de andar em direção a uma batida diferente da que se toca hoje. Isso exige o desejo de reduzir alguns excessos para se ter outros ganhos. Ser sustentável frequentemente pode ser mais caro e menos conveniente no curto prazo.
 
CanalRh - Por quê?
Judy: Porque exige mudanças e concessões.
 
CanalRh - O Brasil tem se tornado mais sustentável?
Judy: Não tenho muito conhecimento para afirmar, afinal não moro aqui. Todavia, eu tenho tido o privilégio de encontrar pessoas envolvidas com a questão da sustentabilidade e elas dizem que, se por um lado o País está fazendo progressos, por outro ele tem sido lento demais. Aqui você encontra recursos em abundância. As cores, a vibração, a diversidade e a autenticidade de muitas coisas que aqui se encontram me fazem rir e chorar. Eu imagino o potencial que o Brasil tem para tornar a sustentabilidade num conceito de larga escala. Os brasileiros poderiam ser os líderes em boas práticas e inovação – recursos para isso não faltam.
 
CanalRh - Quais as principais atribuições das empresas em questões ligadas à sustentabilidade?
Judy: Acho que as companhias têm um papel vital. Elas detêm um poder incrível para ditar tendências para a sociedade como um todo. Elas têm as estruturas e os recursos para promover mudanças e reeducar os corações e mentes que podem alimentar o comprometimento com a sustentabilidade.
 
CanalRh - Os projetos de sustentabilidade que muitas empresas criam são de fato funcionais ou ainda pertencem a uma esfera de marketing objetivando assegurar boas imagem e reputação?
Judy: Com o risco de me tornar impopular, eu acho que muitas iniciativas caem na segunda categoria. É claro que existem algumas companhias que estão genuinamente aprofundando a questão e fazendo mudanças que vão ao encontro da sustentabilidade. Ser sustentável exige que a gente olhe não apenas para algo específico, mas para um contexto. Se uma empresa fabrica produtos ou utiliza processos que são nocivos ao ar, à água ou ao solo, mas usa papel reciclado e tem um projeto de redução do consumo de energia, ela não é exatamente sustentável. Do outro lado da equação, há companhias que produzem produtos “eco-amigáveis” e que tampouco são sustentáveis. Nós precisamos olhar além dos produtos e avaliar suas cadeias de suprimentos e de distribuição, suas políticas de contratação e seus processos produtivos. Sustentabilidade não é simples, mas é essencial para o futuro do planeta.
 
CanalRh - Qual a importância das lideranças no mundo corporativo para pensamentos e ações sustentáveis?
Judy: Total. Se os líderes das empresas colocassem a sustentabilidade no maior senso de prioridade em seus planejamentos estratégicos, o progresso em relação ao tema como um todo se moveria a uma velocidade jamais vista. Contudo, para fazer isso, seria necessário deixar para trás alguns dos alvos mais estimados pelo universo corporativo: renunciar ao resultado financeiro a qualquer custo, aceitar reduzir as margens, repensar formas de produção, estabelecer novos critérios para a seleção de matéria prima, diminuir os bônus daqueles que estão no topo. O mundo corporativo ainda não abraçou completamente o triplo bottom line, o que me leva a crer que a sustentabilidade genuína vai demorar um tempo para ter o espaço que realmente deveria.
 
CanalRh - Se pudéssemos falar em uma liderança sustentável qual seriam suas características e responsabilidades?
Judy: Com todo o respeito, acredito que essa questão é parte do problema. Ela reflete a tendência de adicionar a palavra “sustentabilidade” a outra palavra ou termo de forma que nos faça acreditar que temos algo totalmente novo à nossa frente. Eu tenho alguns pensamentos sobre os modelos de lideranças que existem e as marcas pelos quais são reconhecidos. Para mim, liderança não é algo que você faz, mas uma postura que você tem dentro de você e que envolve um senso de responsabilidade pessoal. Liderança é essencialmente um ato de serviço. Esse tipo de liderança não é baseado no que você sabe sobre as ideias do outro, mas na sua habilidade de gerar ideias e respostas para situações que os seus recursos não permitem. Portanto, está mais relacionado ao quão bem você se conhece.

Fonte: CanalRh


domingo, 31 de março de 2013

OLHOS NOS OLHOS

Fotógrafo revela cores e desenhos em detalhes de aranhas saltadoras
 
 
 
O fotógrafo norte-americano Thomas Shahan é um especialista em macrofotografia, técnica que usa lentes especiais para registrar detalhes que não são vistos a olho nu.

A técnica permitiu que o fotógrafo capturasse nuances de aranhas saltadoras do Estado norte-americano do Arizona.

"A verdadeira emoção vem não apenas do registro dos seus comportamentos, mas de observar a imensa variedade e beleza de suas marcas faciais."

As saltadoras registradas por ele representaram um desafio extra, já que muitas tem seus corpos cobertos por manchas pretas e marrons e vivem em terrenos arenoso e rochosos, fazendo com que elas se tornassem quase ''invisíveis''.

Shahan se disse particularmente fascinado com o ritual de acasalamento desses animais, que ele descreve como ''complexas danças''.
 

Pesquisadoras do Laboratório Elias investigaram adaptações de comunicação e comportamentais das aranhas, inclusive aquelas ligadas à seleção sexual. Nesta ocasião, a equipe estudava o comportamento de acasalamento da família da aranha saltitante (salticidae), como essa aranha "Habronattus virgulatus" - Thomas Shahan

As salticidae - em especial, as espécies "habronattus" - muitas vezes seguem complexos rituais de acasalamento, que envolvem movimentos rápidos das pernas e dos palpos. Shahan descreve o processo como sendo ""complexas danças"", como o da "Habronattus pugilis", mostrada acima. Uma coisa "muito selvagem", diz o fotógrafo Thomas Shahan
 
Uma série de aranhas "habronattus", como a fêmea exibida acima, foram recolhidas nas montanhas de Santa Rita, ao sul de Tucson, no Estado norte-americano do Arizona. As imagens de Shahan foram feitas usando uma Pentax K-x, tubos de extensão e uma lente invertida de 50 milímetros - Thomas Shahan
 
Pesquisas genéticas adicionais serão necessárias para determinar se a aranha é um híbrido irregular ou uma espécie nova. Shahan comenta que "a verdadeira emoção vem não apenas do registro do seu comportamento, mas de observar a imensa variedade e beleza de suas marcas faciais" / Thomas Shahan

Encontrar as pequenas aranhas não foi uma tarefa fácil. De acordo com Shahan, "estas aranhas são muito difíceis de detectar. Elas costumam ter manchas marrons e pretas e costumam ficar em áreas arenosas e rochosas, o que faz com que sejam quase invisíveis" - Thomas Shahan
 
O fotógrafo comenta que considera "as aranhas saltadoras uma fonte para gerar admiração pelas aranhas, já que são animais coloridos, ornamentados e belos, que fazem com que muitos as considerem atraentes. Eu amo as "salticidae" - e simplesmente quero que mais pessoas as amem também" - Thomas Shahan