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domingo, 29 de junho de 2008

Artista dinamarquês faz cachoeiras artificiais


Quando adolescente um dos meus programas preferidos era sair com amigos procurando novas cachoeiras nos diversos rios que desciam a Serra da Mantiqueira, em Pindamonhangaba, onde cresci.

Muitas vezes caminhávamos pelos rios, já que não havia como andar pelas margens, escalando, enfrentando a correnteza em busca de lugares novos.

As PCHs (Pequenas Centrais Hidrelétricas) estão tornando as cachoeiras um artigo raro em nossos rios. Só em Santa Catarina existem nada mais, nada menos que 230 projetos de PCHs. 33 delas já foram aprovadas, as restantes aguardam autorização da Fundação Estadual de Meio Ambiente e da ANA (Agência Estadual de Águas).

Seis desses projetos são na bacia do Rio Cubatão, que faz parte da maior Unidade de Conservação de SC, o Parque Estadual do Tabuleiro e também da RPPN Rio das Lontras. O projeto da PCH mais alta é bem em cima da nossa RPPN, no rio Caldas do Norte, ou Forquilhas.

Agora um artista dinamarquês criou cascatas artificiais em Nova Iorque. Talvez logo precisemos desse artifício para lembrarmos das nossas...




Cascatas nova-iorquinas


A grande atração do verão nova-orquino neste ano são as águas. Um artista dinamarquês fez brotar quatro gigantescas cascatas no coração de Manhattan.

O rio percorre Manhattan de uma ponta a outra. O East River passa pelo centro financeiro de Nova York.

Mas as águas do East River não correm mais como antes. Em quatro pontos, caem do céu: cortinas gigantescas de água de até 36 metros de altura. Parece miragem.

Um sistema hidráulico bombeia a água até o alto. As cascatas descem por 270 toneladas de aço. A energia para acionar as bombas vem do vento.

A idéia do autor do projeto foi chamar a atenção para os espaços públicos, a natureza. É como se as cascatas gritassem para os moradores e turistas: vejam, há muito mais em Nova Iorque, além de prédios gigantescos, trabalho, shows e compras.

"O homem precisa entender como se relaciona com a natureza", diz o artista escandinavo Olafur Eliasson.

Olafur é famoso por criar projetos monumentais. Esse custou US$ 15,5 milhões, a maior parte veio de empresas privadas.

O prefeito de Nova Iorque já está fazendo as contas de quanto a cidade vai faturar com os novos pontos turísticos.

Barcos vão levar, de graça, turistas para ver de perto as cascatas. Hotéis de Nova Iorque estão lançando pacotes: “vá a Nova Iorque e veja as cascatas do East River”.

O artista só quer que vejam a natureza como uma construção. Na ponte do Brooklyn ou no céu de Manhattan.



Fonte: Jornal Hoje


RPPN RIO DAS LONTRAS NO VIVA A MATA 2008


A RPPN Rio das Lontras esteve presente no Viva a Mata 2008, realizado na marquise do Parque Ibirapuera em São Paulo. Quem gentilmente nos representou foi a bióloga Fabiana Dallacorte, de Blumenau.

Foi a quarta edição do evento que reuniu cerca de 75 mil pessoas durante os três dias de atividades – de 30 de maio a 1 de junho. Das quatro edições estivemos presentes nas duas últimas.


Crianças participaram de oficinas de confecção de brinquedos com material reciclável, assistiram a peças de teatro com temas ambientais e aprenderam mais sobre Meio Ambiente em clima de diversão. Também estiveram presentes dezenas de voluntários, ambientalistas, representantes do poder público e privado, freqüentadores do parque, além de artistas simpatizantes de causas ambientais como Wanessa Camargo, a cantora Tetê Espíndola e Fauzi Beydoun, vocalista da Tribo de Jah. Mais de 100 organizações e empresas participaram da mostra de iniciativas e projetos, divididas em estandes temáticos e institucionais. A ONG Pueras, responsável pela gestão dos resíduos desde a montagem até a desmontagem do evento, coletou 1,745 tonelada de materiais, que foram destinados para a Cooperativa Viva Bem, da Central da Vila Leopoldina. A mostra no Parque Ibirapuera encerrou o calendário de comemorações pelo Dia Nacional da Mata Atlântica (27 de maio). A programação incluiu também exposição fotográfica na estação Trianon-Masp do Metrô de São Paulo; divulgação de projetos e produtos da ONG no Shopping Boa Vista; ação de conscientização em parceria com o Sesc Rio promovida na Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro; divulgação dos novos dados do Atlas da Mata Atlântica; e encontro com a Frente Parlamentar Ambientalista, em Brasília.



O Viva a Mata 2008 teve o patrocínio do banco Bradesco, apoio da Secretaria Municipal do Verde e Meio Ambiente, da Gol Linhas Aéreas, da Rede Globo e da Folha de São Paulo.

Durante os dias do evento Fabiana pode compartilhar debates sobre a conservação da Mata Atlântica e das atividades culturais, como peças de teatro em uma arena montada no meio do evento. As pessoas que estavam expondo suas atividades e as que estavam visitando as instalações do Viva Mata puderam acompanhar a Fanfarra da Fundação Bradesco, Performance Dragão do consumo, o Homem saco que divertiu a todos, Coral Guarani, as peças “Liberdade”, com a Escola Estadual Eloi Lacerda, “Mágico de Oz na Mata Atlântica” e “Vamos passear na floresta enquanto o seu homem não vem”.

Fabio Feldman e Soninha num bate-papo ecológico.

Nas atividades voltadas a promoção da saúde a academia Ecofit realizou atividades de alongamento, Yoga e Tai-chi-chuan.
Houve também oficinas interessantes e produtivas como a Vivência na Mata, Oficina “Como plantar” e distribuição de mudas de palmito-juçara, “Salve com um abraço – cooperando com os muriquis” e confecção de brinquedos com materiais recicláveis. Foi bonito ver a criançada, das escolas e no final de semana com sua família, expondo os seus brinquedos feitos durante as oficinas.
Patrícia Palumbo entrevistou Wanessa Camargo , Oscar Bressane , Dorin e Beto von Poser. No domingo entrevistou Fauzi (Tribo de Jah) e Tetê Espíndola.


O "Homem-saco" é uma idéia de um catarinense em mostrar o problema da poluição ocasionada pelo consumo desenfreado.

Fabiana conta que no espaço muito bem organizado do estande das Reservas Privadas a RPPN Rio das Lontras esteve presente e ali foi exposto os painéis que relatam as atividades que realizamos na conservação da Mata Atlântica: “Pessoas olharam impressionadas para as fotos da RPPN tiradas com armadilhas fotográficas e se interessaram em conhecer os blogs”.

E ainda comenta: “Neste mesmo espaço conheci donos de RPPN muito aplicados e interessados em aprender cada vez mais em conhecer a natureza de suas terras. Pessoas aplicadas que buscam financiamentos e aplicam seus conhecimentos de tecnologias limpas com utilização de placas solares e energia eólica em suas propriedades. Ou donos de RPPN que sabem o valor que o ecoturismo tem para a educação das crianças e dos jovens. Gente que em muitas situações, em que foi discutido o valor das RPPN para a conservação deste Bioma tão ameaçado, foram alvos de palmas e agradecimentos de todos”.


Clayton Lino, da RBMA fala na entrega do Prêmio Muriqui.

As Unidades de Conservação estavam no centro das discussões pela sua importância para os corredores ecológicos e o seu incondicional valor para a conservação da Mata Atlântica. Aline Tristão do Instituto de Florestas de Minas Gerais mostrou o excelente trabalho realizado para a implementação das UC deste estado, e para a regularização fundiária, um ótimo exemplo a ser seguido.

Segundo ela, o Prêmio Muriqui foi justo e revelou a Mata Atlântica preservada e as pessoas que querem ver ela tão bonita quanto já foi no passado. Ao Paulo Nogueira Neto todas as glórias por seus feitos ambientalistas o Prêmio Especial da RBMA (Reserva da Biosfera da Mata Atlântica).

Nascido em 1922, Paulo Nogueira Neto formou-se em História Natural pela USP em 1959. Desde esta época tornou-se um dos mais importantes ambientalistas do país, reconhecido internacionalmente. Sua estréia como militante foi na defesa da Mata Atlântica, na Região do Pontal do Paranapanema quando fundou em 1953 uma das primeiras ONG ambientais do país, a Associação de Defesa da Flora e Fauna, ADEMA-SP. Também foi um dos fundadores do Departamento de Ecologia Geral do Instituto de Biociências da USP. Em 1974, Paulo Nogueira-Neto recebeu o convite para dirigir a Secretaria Especial do Meio Ambiente do Governo Federal, onde permaneceu por 12 anos. Durante sua gestão foram estabelecidos 3,2 milhões de hectares, em 26 Unidades de Conservação de Proteção integral e as bases da política ambiental brasileira. Atualmente, preside a Fundação Florestal de São Paulo e é a principal referência para as questões ambientais do país.


Estande das Reservas Privadas mostra um pouco do trabalho nas RPPNs.

“Seu Toinho” é pescador artesanal com 75 anos e 54 desses dedicados à pesca. É vice-presidente da Federação de Pescadores de Alagoas e membro da MONAPE - Movimento Nacional dos Pescadores. Mora em Penedo, no Baixo São Francisco e é um grande lutador na defesa do rio, dos animais e dos ecossistemas da região. Traduz esse conhecimento em sábias e populares narrativas onde se mesclam ecologia e espiritualidade. Recebeu o Prêmio Muriqui na categoria personalidade.

E na categoria Instituição a ONG Ação Nascente Maquine, a ANAMA, recebeu o Prêmio Muriqui por seus feitos pela conservação da Mata Atlântica. Esta ONG desenvolve seu trabalho articulando diversos atores locais, regionais, estaduais e nacionais, exercendo o papel de mediadora em diversos fóruns ambientais. Esta atuação busca o reconhecimento de ações pela sociedade para a ampliação dos esforços, a proteção de zonas núcleos, a geração e a difusão de conhecimentos e técnicas, a repartição dos benefícios da biodiversidade pelas comunidades do entorno, auxiliando a sustentabilidade regional.

Segundo a RBMA, o Prêmio Muriqui tem o objetivo de incentivar ações que contribuam para a implantação desta Reserva, que foi reconhecida pelo Programa MaB - Man and Biosphere da UNESCO em 1991, por solicitação do governo brasileiro.


Fabiana (terceira da esquerda para a direita) ao lado da Erika Guimarães da Aliança Para Conservação da Mata Atlântica e outros participantes do Viva a Mata 2008.

Fotos: Fabiana Dallacorte.

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Onças matam pescador

A onça pintada é um animal típico da região pantaneira e sua população vem aumentando nos últimos anos


Tragédia na pescaria

Onças pintadas rasgam barraca e matam pescador no rio Paraguai; pai chegou a ver o ataque, mas não conseguiu enfrentar animais

CLARICE NAVARRO DIÓRIO
Da Sucursal de Cáceres

Duas onças pintadas - supostamente um casal - atacaram e mataram um homem na noite da última terça-feira na região do Pantanal de Cáceres. Os animais devoraram parte do corpo da vítima, que estava no local acampado para pescar.

Luiz Alex da Silva Lara, de 22 anos, pescava com o pai, Alonso Silva Lara, de 54. O ataque aconteceu por volta das 19 horas, quando o rapaz dormia na barraca e o pai estava um pouco afastado, tentando encontrar iscas.

O acampamento estava montado a 230 quilômetros do centro da cidade, numa localidade conhecida como Pacu Gordo, que fica próximo à reserva ecológica do Taiamã.

Os animais rasgaram a lona da barraca e puxaram a vítima pela cabeça, arrastando o corpo por cerca de 50 metros. O pai chegou a tempo de ver o filho sendo arrastado, mas não conseguiu fazer nada.

Ontem pela manhã, ele contou que estava sem qualquer tipo de arma de fogo, carregando apenas um facão, e que quando tentava se aproximar, os animais ameaçavam atacá-lo também. Seus gritos de desespero atraíram outros pescadores que estavam acampados na região, e juntos conseguiram fazer os animais largar o corpo, mas o rapaz já estava morto.

As onças dilaceraram o corpo do pescador. Comeram suas bochechas e nuca. A cabeça ficou totalmente dilacerada, mas o corpo também apresentava marcas das garras, principalmente nas pernas e costas. Os animais ainda morderam sua nuca e as bochechas.

O pai contou que não consegue esquecer a cena e não para de lamentar por não ter conseguido salvar o filho. Fica repetindo que se fosse um único animal, talvez ele tivesse conseguido lutar.

Ele relatou que esse não foi o único ataque de onças naquela região e que outros pescadores já foram atacados. Segundo Alonso, os animais estão famintos porque não há mais comida farta na região, como jacarés e capivaras, enquanto a população de onças está crescendo.

A reportagem tentou contato com o Ibama para obter mais informações sobre o número estimado de onças na região do pantanal mas não conseguiu. O pescador diz que o número de ataques vem crescendo nos últimos três anos.

A família não autorizou imagens do corpo da vítima, cuja necropsia foi feita na manhã de ontem no Instituto Médico Legal de Cáceres. O corpo foi resgatado do local do ataque pelos próprios pescadores e transportado, com autorização policial, pelo barco de turismo Babilônia.

Da reserva, ele foi levado para a sede da fazenda Jatobá, e de lá, transportado para o IML por um veículo do Ibama, utilizado na fiscalização da reserva ecológica.

O corpo foi liberado na tarde de ontem e velado no Jardim Vila Nova, sendo sepultado no final da tarde.


Fonte: Diário de Cuiabá

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Recuperação da Floresta leva séculos

Reportagem publicada na Folha de São Paulo mostra como é difícil e demorado a possível recuperação de uma floresta do ponto de vista da biodiversidade.
Isso mostra como são necessárias ações cada vez mais urgentes para a proteção dos remanescentes florestais. E também confirma a grande importância das RPPNs como verdadeiros bancos genéticos.
Mais abaixo mostramos duas árvores citadas pelo colunista Marcelo Leite encontradas na RPPN Rio das Lontras.


Área de mata atlântica destruída ilegalmente em São Paulo - Luiz Carlos Murauskas/Folha Imagem

Recuperação de floresta leva de séculos a milênios

Áreas degradadas de mata atlântica levam de 100 a 300 anos para se regenerar

Demora para retomar 40% de espécies endêmicas pode alcançar de 1 a 4 milênios, daí a urgência de preservar os últimos fragmentos

MARCELO LEITE
COLUNISTA DA FOLHA

Um estudo na edição deste mês do periódico "Biological Conservation" traz boas notícias para a mata atlântica, que precisa desesperadamente delas depois de perder 93% de sua cobertura original. A floresta que recobria o litoral oriental do Brasil na chegada dos europeus consegue, sim, recuperar-se em tempo relativamente curto: 100 a 300 anos.

Em outras palavras, seriam necessárias de 4 a 12 gerações de brasileiros para recompor a mata destruída nas últimas 20. Se parece muito, prepare-se para a má notícia: o trabalho concluiu que a recomposição de toda a biodiversidade da floresta pode demorar entre 40 e 160 gerações (1.000 a 4.000 anos).

O estudo foi realizado por três pesquisadores da Universidade Federal do Paraná a partir de uma idéia de Marcia Marques, do Laboratório de Ecologia Vegetal. "Surgiu de uma curiosidade minha em compreender a resiliência [resistência] da floresta", conta. "Quando se observa uma floresta que se regenerou após um distúrbio, sempre vem a pergunta se aquela floresta corresponde ou não ao que era originalmente."

Seu estudante de mestrado Dieter Liebsch, co-orientado por Renato Goldenberg, se encarregou de levantar os dados. Eles foram obtidos em 18 outros estudos sobre mata atlântica publicados entre 1994 e 2007 que estabeleciam com alguma segurança a data de início da exploração da floresta. É o que se chama de "meta-análise" (compilação de informações de outros trabalhos).

A base da pesquisa foram as listas de plantas (florística) encontradas nos trabalhos anteriores.
Uma floresta digna do nome precisa abrigar também aquelas espécies tolerantes à sombra, grandes árvores como a maçaranduba (Manilkara subsericea) e as perobas (Aspidosperma spp).

Isso leva tempo. Nos primeiros anos e décadas, predominam as espécies pioneiras, que se dão melhor com a abundância de luz solar em clareiras e fragmentos desmatados. Também são menos freqüentes as espécies que dependem de animais para ter suas sementes dispersadas, como os guamirins, parentes da goiabeira dependentes de aves.

Uma floresta madura contém 90% de espécies não-pioneiras e 80% de espécies dispersas por animais. Sabendo a proporção desses dois tipos e o tempo decorrido desde a perturbação da mata em cada um dos 18 casos, foi possível calcular a velocidade de regeneração do perfil: de um a três séculos.

A mata atlântica é também uma das florestas tropicais mais biodiversas do planeta, com 40% de espécies endêmicas (que só existem em certos locais). Para recompor essa chamada beta-diversidade, no ritmo atual, a mata precisaria de 1.000 a 4.000 anos.



Bela Peroba na RPPN Rio das Lontras.


Esse enorme Guamirim fica no coração da RPPN Rio das Lontras.

* Para ver as árvores da RPPN Rio das Lontras acesse o álbum Expedição Flora nesse blog.
Fotos Fernada Kock.

terça-feira, 17 de junho de 2008

Em 2050 seremos todos vegetarianos?

QUEM É
Jornalista especializado em economia, tecnologia e meio ambiente. Tem 54 anos

O QUE FEZ
Colaborou com a revista Harper’s Magazine e com os jornais Los Angeles Times, The Washington Post e The Guardian (de Londres), entre outros

O QUE PUBLICOU
The End of Oil (O Fim do Petróleo, 2004);
The End of Food (O Fim da Comida, 2008)



"Em 2050, seremos todos vegetarianos"


Comer menos carne é o único meio de alimentar 10 bilhões de humanos, diz o autor de "O Fim da Comida"
Peter Moon


No Ensaio Sobre O Princípio Da População, publicado em 1798, o inglês Thomas Malthus fez uma afirmação alarmante. Como a população humana crescia em progressão geométrica e a produção de alimentos em progressão aritmética, no longo prazo o saldo desse descompasso seriam a fome e o aumento da mortalidade, ajustando o tamanho da população à oferta de alimento. Em 1800, havia 1 bilhão de humanos. Hoje, somos 6,6 bilhões. A produção agrícola superou a explosão populacional. Malthus estava errado? Para o jornalista americano Paul Roberts, de 54 anos, talvez não. A hora de Malthus pode ter chegado. Em The End of Food (O Fim da Comida, editora Houghton Mifflin), Roberts prevê que, até 2050, a demanda por comida ultrapassará a oferta. Um primeiro alerta seria a atual explosão do preço dos alimentos.
A tonelada de arroz passou de US$ 400 para US$ 1.000 em cinco meses. No Brasil, o feijão subiu 168,44% em 12 meses. A culpa, para os analistas, é de chineses e indianos, que estão ganhando mais e comendo mais. Em 2030, a China importará 200 milhões de toneladas de grãos, ou seja, todo o excedente exportável mundial. O que sobrará para os países pobres? Se nada for feito, a fome.



ENTREVISTA - PAUL ROBERTS



ÉPOCA – Malthus estava certo?
Paul Roberts – Após 200 anos, é cada vez mais difícil dizer “não” a essa pergunta. Continuamos desenvolvendo novas tecnologias para produzir mais comida, mas enfrentamos novas restrições que os fazendeiros do passado não tinham. Historicamente, a forma de aumentar a produção era expandir a área plantada. Isso é cada vez mais difícil. A maioria das terras aráveis do planeta já é usada e a maior parte do que resta são as últimas florestas. É o caso do Brasil, onde as novas áreas de plantio são obtidas à custa da derrubada de florestas.

ÉPOCA – É hora de outra Revolução Verde?
Roberts – A Primeira Revolução Verde, que transformou a agricultura entre os anos 40 e 60, multiplicou a produção de alimentos graças ao uso de fertilizantes e ao desenvolvimento de novas sementes. Ainda é possível aumentar a produtividade usando os transgênicos. Mas essa tecnologia tem seus limites. Não podemos também esquecer que o preço da energia está subindo e que a agricultura moderna foi pensada no tempo em que o barril de petróleo custava US$ 20. Caso o preço se estabilize entre US$ 125 e US$ 200, o sistema atual não se sustenta.

ÉPOCA – O que fazer?
Roberts – Há três grandes desafios para criar uma Segunda Revolução Verde. O primeiro é o aumento do preço do gás natural, o principal insumo na produção de nitrogênio sintético, que por sua vez é o maior insumo dos fertilizantes. A maior parte do excedente agrícola atual se deve à disponibilidade de nitrogênio barato. Se o preço dos fertilizantes se mantiver elevado, alimentar daqui a 50 anos outros 4 bilhões de pessoas, além dos 6,6 bilhões atuais, será um tremendo desafio. É preciso alternativas para produzir novos fertilizantes.

ÉPOCA – O segundo desafio é...
Roberts – A falta d’água. Para isso não existe alternativa. Não há continente onde não falte água. Cada país responde ao desafio de forma diferente. A China está substituindo a produção de grãos, que usa irrigação maciça, pela de frutas e verduras, que consome menos água. Em 2007, importou 30 milhões de toneladas de soja, boa parte oriunda do Brasil. Isso significa que a China está importando de vocês sua água. Está ocorrendo uma mudança no “mercado virtual” de água. Por algum tempo, isso deve contrabalançar a escassez. Mas, no fim das contas, não existe água suficiente no mundo para atender ao aumento projetado na demanda de alimentos.

ÉPOCA – E o terceiro?
Roberts – O último é o maior de todos: as mudanças climáticas. Elas vão dificultar o aumento na produção de comida e acentuar a escassez de água. A alteração do clima também será um desafio para que grandes exportadores, como os Estados Unidos e o Canadá, consigam elevar sua produção. Os desafios são complexos e as respostas para eles também. Será preciso reduzir o uso de energia e de água na agricultura, ao mesmo tempo que se elevam a eficiência e a produtividade. Porém, isso não será o bastante. Seremos obrigados a comer menos.

ÉPOCA – A Terra pode alimentar 2,5 bilhões de bocas com uma dieta ocidental, rica em carne, ou 20 bilhões de vegetarianos. Mas somos 6,6 bilhões...
Roberts – A pecuária e a avicultura consomem grande parte da produção de grãos. Tome o exemplo dos Estados Unidos, com um consumo anual per capita de 100 quilos de carne, comparado ao da Índia, com 15 quilos. É preciso elevar o consumo da Índia e desencorajar o consumo nos Estados Unidos e na Europa, para tentar atingir uma média global de consumo mais justa e sustentável.

ÉPOCA – Isso não é utopia?
Roberts – É preciso reduzir o consumo de carne. A questão é como fazê-lo. Nos Estados Unidos não se toca no assunto. Achamos que comer carne é um direito eterno. Seu consumo é considerado um índice de prosperidade – apesar dos problemas de saúde, como doenças cardíacas, que seu consumo acarreta.

ÉPOCA – No Brasil, é a mesma coisa.
Roberts – O Brasil está se desenvolvendo, e a lógica pressupõe que num país bem-sucedido come-se tanta carne quanto se deseja. Para inverter essa lógica, é preciso um líder corajoso e habilidoso. Essa não é uma prioridade dos candidatos à Presidência dos Estados Unidos. Cedo ou tarde, essa discussão terá de ser atacada.

"Como dizer a 1,3 bilhão de chineses que eles devem comer menos
carne, se isso tem sido um objetivo humano por milhares de anos?"


ÉPOCA – Barack Obama e John McCain têm opinião a respeito?
Roberts – Não sei. Não é uma questão que eles levantariam na campanha. Não soaria como algo patriótico.

ÉPOCA – O aumento do preço da comida ameaça elevar em 100 milhões o total de 862 milhões de famintos no planeta. Mas há 1 bilhão de pessoas com sobrepeso. O problema da humanidade é a fome ou o diabetes?
Roberts – Ambos são problemas. Se fosse forçado a escolher, priorizaria a subnutrição, pois ela mata as pessoas muito mais cedo, e sua solução contribuiria para a estabilidade do clima. Dito isso, se fracassarmos em lidar com a questão da obesidade, no longo prazo pagaremos um enorme preço na forma de despesas médicas. Por 200 mil anos, a espécie humana teve sua dieta restrita pela disponibilidade ou não de alimento. A invenção da agricultura, há 10 mil anos, mudou esse padrão. A obesidade é conseqüência do acesso a uma alimentação farta e barata. Para manter uma dieta saudável, é preciso disciplina, e nós não fomos biologicamente projetados para controlar nossa gula.

ÉPOCA – O Brasil será o celeiro do mundo à custa da destruição da Amazônia?
Roberts – Apesar de conhecermos as conseqüências científicas e ambientais da rápida expansão da agricultura, somos incapazes de resistir à pressão política e econômica. Na imprensa econômica americana, o Brasil é retratado como uma história de sucesso. O país será uma superpotência na produção de alimentos. No entanto, quando olhamos as publicações científicas, o Brasil é retratado em termos muito negativos. A lógica gira em torno do fato de a população chinesa ganhar hoje o suficiente para comer carne, o que leva à destruição das florestas no Brasil. A questão fundamental é: como dizer a 1,3 bilhão de chineses que eles devem comer menos carne, se comer carne tem sido um objetivo humano por milhares de anos?

ÉPOCA – Seu livro anterior se chamava O Fim do Petróleo. O atual é O Fim da Comida. Qual será o próximo, o fim da água? O fim da natureza? O fim da esperança?
Roberts – (Risos.) Vou trabalhar num livro sobre as finanças globais, outro desastre. O mercado financeiro é a chave de tudo. Nada do que conversamos, como a conversão de florestas em área de cultivo no Brasil, pode acontecer sem a ajuda dos mercados financeiros. Eles estão em crise. São uma faca de dois gumes que é preciso entender melhor.

ÉPOCA – O senhor é otimista com o futuro?
Roberts – Acho que sou. Ao dissecar a questão da escassez de recursos, aprendi como as coisas podem se tornar ruins. Eu sei qual é o pior cenário possível se não alterarmos a rota na qual caminhamos. Com isso em mente, acredito que qualquer mudança será para melhor. É muito fácil ser pessimista, mas isso não faria o menor sentido. A humanidade sempre conviveu com a escassez. Essa é a condição humana.



Fonte: Revista Época

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Coluna da Marina Silva na Folha




A Senadora Marina Silva agora escreve semanalmente na Folha de São Paulo.
Talvez agora, como ex-ministra do Meio Ambiente, ela possa ser mais enfática ainda em suas observações.
O texto abaixo foi publicado essa semana.


MARINA SILVA

Militantes da civilização


NA SEMANA PASSADA o Congresso brasileiro recebeu dois grandes homens: um bengalês e um indiano, ambos cidadãos do mundo. Muhammad Yunus, Prêmio Nobel da Paz de 2006, criador do Banco da Aldeia, que deu aos pobres microcrédito e oportunidade de gerar emprego e renda. Rajendra Pachauri, Nobel da Paz em 2007 como chefe do IPCC, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, que demonstrou a gravidade do aquecimento global e a urgência de medidas para controlar seus efeitos.

É paradoxal a singeleza com que trazem uma pororoca de desafios que a humanidade não pode banalizar nem deles fugir. Ao lado de seus temas específicos - pobreza e mudanças climáticas - Yunus e Pachauri são portadores do grande tema oculto de nosso tempo: a coragem, tanto para mudar quanto para manter o que tem que ser mantido.

A sociedade de consumo, amplamente vitoriosa, nos impõe uma derrota acachapante: o fatalismo, a crença de que o mundo é assim mesmo, atracado a um conceito de civilização assustador, cuja medida de avanço é o aumento da capacidade de consumir. Quanto trabalho humano e quanto em recursos naturais e energia são gastos para multiplicar consumo perdulário?

Não fosse nosso insustentável desejo de ter, essa força monumental poderia ser redirecionada para dar habitação digna, saúde, alimentação, educação e meio ambiente equilibrado para todos.

Fatalismo pode ser explicação plausível para tanta inércia diante do que podemos chamar de Consenso dos Insensatos, o conluio de poderes para colocar interesses pequenos sempre à frente quando se trata de combater os impactos da máquina de produzir "civilização" descartável, risco ambiental e exclusão social.

Yunus e Pachauri são pessoas simples, discretas. Ambos se dedicam a levar o extraordinário para o dia-a-dia. Lembram que há espaço para a contribuição de todos, de onde saem as grandes mudanças.

Mostram a conexão inexorável dessa nossa encruzilhada civilizatória: não há soluções isoladas. Os instrumentos são econômicos, tecnológicos, sociais, mas eles serão inócuos sem um redirecionamento de processos e de demandas. Isso implica decisões pessoais e coletivas, culturais e espirituais, éticas e até estéticas. O caminho que leva ao abismo nos dá sinalizações para a volta. Há que fazer escolhas.

Hoje, para quem quiser se engajar, não é mais possível ser só ambientalista, ou só militante de causas sociais, políticas, culturais. É preciso se engajar em tudo, ser militante da civilização.

contatomarinasilva@uol.com.br

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Al Gore é cotado para ser vice de Obama

O candidato democrata à presidência dos Estados Unidos, Barack Obama, estuda um nome de peso para ser o vice de sua campanha. O ex-vice-presidente e prêmio Nobel da Paz Al Gore é cotado para o cargo.



Fonte: Globo News - Em cima da Hora

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Unicórnios existem

Corça (Capreolus capreolus) nasceu com um único chifre em parque mantido pelo Centro de Ciências Naturais do Prato, na Itália

Unicórnio nascido em cidade italiana faz lenda virar realidade
da Folha Online

À primeira vista, parece uma lenda que virou realidade. Uma corça de um único chifre ficou famosa e levou pesquisadores à cidade italiana de Prato, na Toscana. O animal, que tem quase um ano de idade, ganhou o apropriado apelido de Unicórnio.

Os machos da espécie têm como característica um par de chifres. Mas Unicórnio tem apenas um, que surgiu exatamente no centro da cabeça. Ele tem um irmão gêmeo com dois chifres.

O animal nasceu em cativeiro, dentro do parque mantido pelo Centro de Ciências Naturais de Prato.

De acordo com Gilberto Tozzi, diretor do centro, é possível que uma falha genética tenha causado a anomalia.

"Esta é a prova de que o mítico unicórnio exaltado na iconografia e nas lendas provavelmente não era apenas um ser fantástico, mas um animal real, uma corça ou outra espécie com mutação similar a essa", afirmou Tozzi ao jornal britânico "The Guardian".

Os unicórnios têm lugar na mitologia desde a era pré-romana. Segundo algumas lendas, seu chifre tem o poder de reverter o efeito de venenos.

Fonte: Folha On Line

sábado, 7 de junho de 2008

O Circo da F1

Lewis Hamilton passa perto de marmota durante os treinos livres desta sexta-feira em Montreal

Amanhã acontece no circuito Gilles Villeneuve, em Montreal, Canadá, mais uma etapa do Campeonato Mundial de F1.

O inusitado desse Grande Prêmio é o flagrante de Marmotas que moram ao lado da pista - na verdade um circuito adaptado.

E será que o perigo que elas estão "correndo" vai interferir de alguma maneira no poderosíssimo circo da F1?

Claro que não! É a resposta. Milhões de dólares envolvidos, publicidade mundial, transmissão para todo o planeta... O "circo" não pode parar.

Pobres marmotas!


Outra marmota ignora a passagem do carro de Sebastian Vettel, da STR, na tarde desta sexta




Nome Comum: Marmota
Nome em Inglês: Alpine Marmot
Nome científico: Marmota marmota
Reino: animal
Filo: Chordata
Classe: Mammalia
Ordem: Rodentia
Família: Sciuridae
Comprimento: de 50 a 75 cm, mais de 15 cm de cauda.
Peso: 8kg no outono e pouco mais de 4 kg na primavera
Ninhada: 2 a 7 filhotes
Período de gestação: 5 semanas
Período de vida: 15 a 18 anos. As fêmeas vivem mais que os machos
Aparência: Têm a aparência de um esquilo, mas com dimensões maiores.
Estilo de vida: Vivem em tocas que utilizam para hibernar durante o Inverno. A sua hibernação pode durar até sete meses. São animais extremamente sociais e utilizam vocalizações ruidosas como meio de comunicação, especialmente quando sentem uma ameaça. Normalmente vivem em pequenas colônias ou famílias.
Distribuição: Vivem no hemisfério norte, em regiões montanhosas, onde o clima rigoroso não permite uma vegetação mais desenvolvida do que a erva dos prados alpinos.
Alimentação: As marmotas são herbívoras, para se alimentar não fazem grande esforço, já que sua dieta é composta pela mesma erva dos prados que rodeiam seus abrigos.

No início do inverno as marmotas forram suas tocas com grama seca e tapam a entrada do túnel com feno e pedrinhas. Então cada membro da família se enrosca e dorme até a primavera. É o sono profundo da hibernação. A respiração é lenta, a temperatura do corpo cai a cerca de 7ºC e o coração bate somente três a quatro vezes por minuto. Mesmo esse ritmo de vida reduzido desgasta as suas energias. Quando começa a hibernação as marmotas estão gordas, mas quando saem da toca na primavera estão magras e famintas.

Existem muitas espécies de marmota nas regiões frias do hemisfério Norte: a marmota-do-himalaia, a marmota-peluda, do noroeste da América do Norte, e o bobak são apenas algumas. Uma das mais conhecidas é a marmota-alpina, da Europa, famosa pelo seu grito silvado e pela sua disposição para brincar. No verão a marmota é muito ativa. Alimenta-se de raízes e grama, e bebe raramente.

Os filhotes nascem pelados e cegos, e só deixam a toca após seis semanas de vi. Levam dois anos para chegar à idade adulta. Durante esse tempo a fêmea não tem novos filhotes.

Lúcia Helena Salvetti De Cicco
Diretora de Conteúdo e Editrora Chefe
Fonte: Saúde Animal - Para conhecer o site
CLIQUE AQUI

quinta-feira, 5 de junho de 2008

ANIMAIS BRASILEIROS EM EXTINÇÃO

Vai aqui a dica do blog da RPPN Rio das Lontras no Dia Mundial do Meio Ambiente: o livro 100 ANIMAIS AMEAÇADOS DE EXTINÇÃO NO BRASIL - E O QUE VOCÊ PODE FAZER PARA EVITAR, escrito por Sávio Freire Bruno e organizado por Pedro Almeida.

A principal ameaça à vida da ariranha é a caça profissional por sua pele

Livro reúne informações e fotos de cem animais ameaçados da fauna brasileira
THAÍS FONSECA/UOL

Como proteger os animais ameaçados de extinção no Brasil? "O primeiro passo é conhecê-los", aponta o biólogo e veterinário Sávio Freire Bruno, que passou cerca de um ano e meio garimpando informações de bichos em risco.

O resultado da extensa pesquisa está no livro "100 Animais Ameaçados de Extinção no Brasil - E o que Você Pode Fazer para Evitar", organizado pelo editor Pedro Almeida, que traz um trabalho minucioso sobre uma fração das espécies ameaçadas da fauna nacional.

Ariranha, águia-cinzenta, baleia-jubarte, mico-leão-preto, pato-mergulhão, onça pintada, tamanduá-bandeira e tatu-bola são alguns dos bichos mostrados na publicação. Nas páginas específicas de cada espécie há informações sobre a biologia, as ameaças e curiosidades, além de um box com tópicos sobre alimentação, longevidade, peso e mais características.

Também há um subtítulo para o assunto "Como Ajudar", em que estão descritos os principais projetos dedicados à espécie, os respectivos sites das organizações e, ainda, o grau em que está ameaçada, que pode ser "vulnerável", "em perigo", "criticamente em perigo" ou "extinta na natureza", como no caso da ararinha-azul. Para organizar as "fichas" de cada um dos animais, Bruno buscou informações em sites, livros, publicações e entrevistas com especialistas das espécies.
 

Imagens de 100 espécies ameaçadas

"A maior dificuldade da pesquisa foi conseguir as imagens", garantiu Bruno. Disse ainda que muitas das espécies, mesmo as classificadas no grau mais crítico de ameaça, não tinham registros fotográficos.

A solução foi pesquisar as fotografias dispersas pelo país, para reuni-las no livro. Para isso, Bruno procurou fotógrafos da área e colocou, ele próprio, as mãos na massa, para capturar as imagens, como no caso da ave Formigueiro-do-Litoral e do Pato-Mergulhão. Apesar das dificuldades, acredita que ilustrar o livro com fotos de espécies em perigo conferiu um caráter inovador ao livro.

O resultado final, diz ele, tem a pretensão de mostrar a cara da fauna do país para os próprios brasileiros que, muitas vezes, têm mais referências de animais de outras regiões do planeta que do Brasil. Para ele, ao conhecer, aumentam as chances de que as pessoas queiram se informar e ajudar na preservação, seja por meio da cidadania ou, mais diretamente, por ações como o voluntariado.

A ararinha-azul está extinta na natureza e só existe em cativeiro

O cachorro-vinagre é pouco conhecido e pode nadar e mergulhar com facilidade
 
O cardeal-amarelo tem cerca de 14 cm e é alvo de tráfico de aves

Corajoso, o gato-palheiro pode enfrentar até cabras adultas, mas sofre com a caça ilegal
 
O lobo-guará, bicho de longas patas, está em risco; entre as causas está o abate por tiro

O muriqui-do-norte está criticamente em perigo por causa da caça e da redução de habitat

Quando se vê em perigo, o tatu-bola pode se enrolar todo; bicho está em risco na natureza

O Uacari-branco vive na floresta amazônica; seu risco é, principalmente, pelo desmatamento
 
Espécie Albatroz-de-sobrancelha-negra é alvo de barcos pesqueiros
 
A baleia-jubarte é uma das espécies de baleias ameçada pela pesca comercial

O Pato-mergulhão macho voa com a fêmea para proteger o ninho; ave está em perigo


100 ANIMAIS AMEAÇADOS DE EXTINÇÃO NO BRASIL - E O QUE VOCÊ PODE FAZER PARA EVITAR
Escrito por Sávio Freire Bruno
Organizado por Pedro Almeida
Editora Ediouro144 páginas R$ 39,90

Dia Mundial do Meio Ambiente

E o que podemos fazer pelo planeta?

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Ouriço -cacheiro


Dia desses indo até a RPPN Rio das Lontras percebi uma movimentação em um pasto bem ao lado da estrada. Eram vários quero-queros fazendo uma enorme algazarra e logo percebi um animal em meio a grama.
De cara vi que era um ouriço-cacheiro, um animal que ainda não tinha encontrado.
Que felicidade! Passei a mão na única câmera fotográfica que tinha dentro da mochila no banco de trás do carro, uma arcaica yashica automática com filme asa 200. Nada mais simples que isso, mas o suficiente para eu poder registrar esse encontro inédito e inusitado, pois não era local e nem hora para encontrar um animal de hábito crepuscular e noturno.
Difícil foi conseguir uma imagem de frente dele, pois ele insistia em tentar se defender usando suas armas, virando-se de costas e "ouriçando" os espinhos.
Fui embora quando acabou o filme e deixei-o seguir caminho em paz - ou quase, pois mais de uma dúzia de quero-queros continuaram a protestar até ele entrar no capoeirão próximo.
Fui pesquisar na internet e muito pouca informação há disponível. Recorri então ao livro Mamíferos de Santa Catarina, da bióloga Ana Verônica Cimardi, que transcrevemos abaixo.



Ouriço-cacheiro
Coendou insidiosus
Família Erethizontidae

Descrição – É um animal com características peculiares, apresentando as partes superiores do corpo cobertas por espinhos. Há uma grande variedade de pelame entre as populações desta espécie. Em Santa Catarina os espécimens têm os pêlos de coloração marrom-escura com a ponta amarelada. Os espinhos são pretos com a ponta amarelo-ouro e mais longos na linha dorsal, chegam a medir 6cm. A região ventral é mais clara que a dorsal e não possui espinhos. As vibrissas são longas, pretas a partir da base, ficando mais claras em direção a ponta. Os membros que são curtos, possuem 4 dedos munidos de unhas grandes e curvas. A cauda é comprida e preênsil, tendo a parte anterior espinhosa e posterior com pêlos de coloração preta. Mede de comprimento total 50 a 90cm e pesa de 1,5 a 2,0kg.

Habitat – Vive exclusivamente em regiões de florestas primárias e secundárias.

Reprodução – As fêmeas dão a luz à 1 ou 2 filhotes por parto.

Distribuição geográfica – Brasil do estado do Rio de Janeiro ao do Rio Grande do Sul.

Observações – De hábito alimentar herbívoro, gosta de comer folhas e frutos que busca nas árvores. Trepa de forma lenta mas com extrema agilidade e segurança, usando a calda para ajudar a se segurar. Procura como abrigo geralmente ocos de árvores onde passa a maior parte do dia, pois é animal de hábito crepuscular e noturno. Não anda em grupos. É um roedor dócil mas quando acuado por algum outro animal como uma jaguatirica ou um cão de caça, mantém o corpo encolhido e eriça os espinhos que servem como órgão de defesa. “À aproximação do inimigo, ele investe de costas, dando rabanadas laterais com a cauda, para acertar o adversário, porém sem lançar os espinhos como é crença popular” (SILVA, F., 1984). Outro fato lendário em que muitos acreditam, é de o espinho ter vida própria e ao penetrar na pele do agressor caminha pelo corpo e se atingir o coração pode matar. Na realidade os espinhos do ouriço possuem escamas justapostas tendo as extremidades voltadas para a base do espinho, por isso ao entrar na pele, fica preso, onde os movimentos musculares fazem com que penetre ainda mais. Este mamífero também sofre perseguição tanto por causa de sua carne que é apreciada pelos caçadores, como pelo fato de invadir pomares e plantações de banana e milho. Apesar disto existem alguns agricultores que o protegem. Hoje já não é espécie tão comum no Estado. Outra espécie cuja distribuição geográfica inclui o estado de Santa Catarina é C. prehensilis. Esta é parecida com a espécie descrita, mas de maior tamanho.





Texto: Mamíferos de Santa Catarina - Ana Verônica Cimardi Digitalização do texto: Fernanda de Souza Pimentel Teixeira
Fotos: Fernando José Pimentel Teixeira - Angelina, maio de 2008

terça-feira, 3 de junho de 2008

Miriam Leitão entrevista Blairo Maggi

Ela é está se especializando em entrevistar os maiores inimigos do meio ambiente no Brasil e deixá-los numa saia justa com suas perguntas diretas, francas e extremamente pertinentes.
Miriam Leitão coloca o Governador de Mato Grosso, plantador de soja e campeão de desmatamento, o ganhador do prêmio Moto serra de Ouro Blairo Maggi.
Vale assistir e ver o encurralado Maggi e suas respostas cínicas.





Para assistir entrevista da Miriam Leitão com Eike Batista CLIQUE AQUI!

segunda-feira, 2 de junho de 2008

O estilo Minc em Brasília

Ele usa coletes coloridos como o Ziraldo. Tem língua solta e já "convocou" o Presidente Lula a catar lixo com ele nos rios. Antes mesmo de assumir a pasta peitou o "motoserra de ouro" Blairo Maggi. Esse é o novo Ministro do Meio Ambiente. Tomara possa fazer de seu estilo ações concretas em prol da natureza.
Abaixo matéria do O Globo mostra um pouco mais do genuíno estilo Minc de ser:

Ações ecológicas
Minc leva para Brasília estilo espalhafatoso de administrar

Paula Autran - O Globo

RIO - Famoso por sua coleção de 42 coletes - boa parte deles made in Mauá - e por ações ecológicas tão espalhafatosas quanto, Carlos Minc assumiu nesta terça-feira a pasta do Meio Ambiente disposto a impor seu estilo em Brasília. Começou trazendo de Paris, onde recebeu o convite para ocupar o cargo, uma gravata para presentear o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O passo seguinte é a convocação de Lula para entrar com ele em rios poluídos a fim de recolher pneus e todo tipo de lixo, tal qual o governador Sérgio Cabral, em mutirão para prevenir alagamentos em virtude das chuvas que caíam sobre o Rio, depois da posse como secretário do Ambiente do estado do Rio.

- O Lula pode ir preparando a bota e a luva para entrar em rios comigo e catar todo tipo de porcaria - avisa o ministro.

Mas ele já sabe disto?

- Vai saber lendo esta matéria. Pode botar aí que ele vai me ajudar a tirar pneus. Até para dar exemplo: se um presidente faz isto, todo mundo pode fazer.

"O Lula pode ir preparando a bota e a luva para entrar em rios comigo e catar todo tipo de porcaria "

A gravata, então, terá que ficar restrita a outros itens da agenda do presidente.

- É uma gravata de estampa de Cézanne super bonita. Não é emperiquetada demais, nada que comprometa. Ele (Lula) disse que dá para usar - conta Minc, que escolheu pessoalmente o mimo, inspirado na obra do pintor francês.

Antes de ser secretário, Minc se preparava para iniciar seu sexto mandato consecutivo na Assembléia Legislativa. Os coletes ele diz que começou a usar há 12 ou 13 anos, porque, segundo ele, compunham mais o visual com camisas lisas. Mas as ações que marcam sua vida publica vieram bem antes. No fim dos anos 80, ele inventou a motoplanta, uma motosserra que plantava em vez de cortar árvores. Para a Rio 92, levou o mentirômetro: um Pinóquio que marcava com o nariz o "índice de mentira relativa no ar", usado nos discursos ecológicos de autoridades internacionais.

O então deputado também botou batatas nos canos de escape de caminhões e ônibus que poluíam o ar, a chamada rolha ecológica, e, nos anos 90, para incentivar o uso da camisinha, colocou um megapreservativo no obelisco, monumento de 18 metros de altura, na Avenida Rio Branco.

"Este tipo de ação mais carnavalesca é um instrumento útil em determinados momentos, para chamar a atenção, criar o fato político"

- Na década de 90, fechamos com uma tampa de concreto uma saída de esgoto que dava para o Canal de Marapendi. Foi coco para todo lado. Ficamos imundos. Numa outra ocasião, voltamos a ficar fedendo ao denunciar que o pescado da Lagoa de Jacarepaguá estava contaminado: passamos o dia abrindo peixes para mostrar a pigmentação - relembra o biólogo e companheiro de roubadas Mario Moscatelli, que já se vestiu de morte para denunciar a mortandade de peixes na Lagoa Rodrigo de Freitas e se sentou num vaso sanitário (jornal em punho) para protestar contra o atraso nas obras do emissário da Barra.

- Este tipo de ação mais carnavalesca é um instrumento útil em determinados momentos, para chamar a atenção, criar o fato político. Como ministro, ele não precisa tanto disto. Basta agir. O mais importante é que ele está mantendo seu estilo.

Mas manter o estilo, para o novo ministro, inclui essas operações de eco-guerrilha.

"Uma coisa é ser eco-carioca e bem humorado. Outra é ser folclórico. Não serei um ministro folclórico!"

- Quando fui chamado para ser ministro, tinha acabado de participar, como secretário de estado, da explosão de uma pista de pouso clandestina na Ilha Grande. Por que como ministro não vou fazer a mesma coisa? Não por acaso a turma da Cicca (Coordenadoria Integrada de Combate aos Crimes Ambientais), que organizava algumas destas operações, vai comigo para Brasília - diz Minc, frisando, no entanto, que sua ida a Brasília é coisa séria:

- Uma coisa é ser eco-carioca e bem humorado. Outra é ser folclórico. Não serei um ministro folclórico! Gosto de samba, cachoeira e colete, mas sou um articulador. Entre uma ação e outra, posso tratar, como venho tratando, de assuntos importantes com (os ministros) Luiz Dulci, Tarso Genro e Fernando Haddad.

E, para quem tem dúvidas sobre o estilo do novo ministro, o consultor de moda Julio Rego pontifica:

- Como o Armando Nogueira e o Ziraldo, precursores do colete, Minc tem um estilo próprio, legal e moderno, que não prejudica em nada sua atuação.

domingo, 1 de junho de 2008


Esse curioso flagrante foi clicado pelo meu irmão Ricardo, engenheiro agrônomo que mora e trabalha em Vancouver, Canadá.
Nas suas viagens a trabalho ele acaba encontrando a mais variada fauna e os ursos são figuras quase que constante, como esse jovem Urso Negro com uma carinha simpática que lembra as histórinhas de infância do Zé Colméia.

O urso-negro-norte-americano - Ursus americanus
O urso-negro norte-americano, também chamado de “baribal”, e a espécie mais comum de urso.
Área de distribuição e habitat
O Ursus americanus é originário do México, Estados Unidos e Canadá. Ele vive nas florestas de coníferas das regiões subárticas, na tundra aberta e terras baixas, perto de rios e água corrente, e mudam seu habitat de acordo com a estação do ano. No verão, o urso-negro prefere grandes áreas florestais. Já na primavera, procura os grandes rios onde gosta de pegar peixes.

Aparência, altura e peso
Com um tamanho médio que varia entre 1,30 e 1,80 metros, o urso-negro norte-americano é menor que seu parente, o urso-pardo. As fêmeas pesam aproximadamente de 60 a 70 quilos, enquanto os machos pesam entre 130 e 150 quilos.

Os ursos-negros têm pelagens de diferentes colorações – do preto ao azul-acinzentado, do marrom ao canela, ocre e bege – dependendo da subespécie. Normalmente, eles têm uma marca branca em forma de estrela no tórax. O pêlo do chamado urso “cinnamon” (canela) brilha em um tom castanho-avermelhado. Em contraste, o urso Kermode das costas do Alasca tem nomes curiosos, como urso branco, “fantasma” ou “espírito”, devido ao pêlo louro claro ou branco.

Já os ursos-negros em tons castanho-chocolate podem ser diferenciados dos ursos-pardos pelo dorso arredondado e a ausência da corcova de músculos na nuca, que caracteriza estes últimos.

Dieta
Como são onívoros, os ursos-negros norte-americanos se alimentam de frutas silvestres, raízes e bolotas, assim como peixe, carniça e insetos. Se houver comida suficiente disponível, eles podem comer até 20 quilos por dia. Antes de entrarem em hibernação, eles chegam a engordar 2,5 quilos por dia.

Estilo de vida
Os ursos-negros são solitários e vagueiam por um território fixo. As fêmeas grávidas e os machos de regiões mais frias hibernam durante o inverno, por um período de até sete meses.

Comportamento social e reprodução
As fêmeas do urso-negro normalmente têm suas primeiras crias aos cinco ou seis anos de idade, e se acasalam de abril a julho. Depois de um período de gestação entre 7 e 7 meses e meio, os filhotes, geralmente dois, nascem durante a hibernação pesando cerca de 300 gramas. A mãe cuida deles por cerca de dois anos.

Quando é atacado, o urso-negro distribui vigorosos golpes com suas patas. No entanto, ele geralmente é um dos mais pacíficos entre os grandes ursos. Como é um escalador ágil, devido a suas garras afiadas, ele normalmente procura refúgio no alto das árvores.

Situação
O número de ursos-negros norte-americanos é estimado em aproximadamente 500.000, e é considerado estável. Somente as populações do leste dos Estados Unidos estão em perigo de extinção.

Fonte: Animal Planet
Foto: Ricardo Luis Pimentel Teixeira