Páginas

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

AMBIENTALISTA MORTO

Ambientalista espanhol é morto a tiros no Rio de Janeiro 
 
Polícia relaciona sua morte com suas denúncias para proteger o meio ambiente
 
Juan Arias
EL PAÍS
 
O biólogo Gonzalo Alonso Hernandez, em uma cortesia de imagem de sua viúva.
 
O biólogo espanhol Gonzalo Alonso Hernandez, 48 anos, um proeminente ativista ambiental, foi encontrado morto na terça-feira, perto de sua casa em uma cachoeira no Parque Estadual Cunhambebe, no estado do Rio de Janeiro. Ele morava no país com sua esposa há 10 anos. Ele foi executado em sua casa e, em seguida, jogado nas águas de um lugar que, por anos, lutou contra os caçadores furtivos e incendiários que buscavam criar pastos para o gado. A polícia e sua viúva, Maria de Lourdes Pena Campos, relacionam o crime com suas insistentes denúncias e sugerem que ele pode ter sido torturado.
 
Os investigadores encontraram manchas de sangue na casa. A esposa de Gonzalo, que trabalha no Rio e retorna para sua casa nas montanhas no fim de semana, tinha ido para o trabalho.
 
Embora ainda não tenha dado uma versão oficial dos motivos para o assassinato, o Consulado do Rio, que está em contato com a polícia, não tem mais dúvidas de que foi um crime por sua luta contra crimes ambientais no parque natural de Cunhambebe.
 
 
Ele foi morto em casa, e jogado em uma cachoeira defendendo o parque
 
 
Sua esposa confirmou para o EL PAÍS que o marido "estava sempre em guerra com os caçadores, criadores de gado no parque e contra incêndios para abrir espaços para os agricultura". Gonzalo também se destacou por sua defesa de espécies de plantas e animais em perigo de extinção.
 
O biólogo foi transferido pela Telefónica para o Brasil, onde atuou como diretor no Rio de Janeiro da empresa de telefonia móvel Vivo. Em 2005, ele deixou o cargo para se dedicar exclusivamente ao trabalho ambiental. Ele trabalhou como voluntário na ONG Instituto Terra, que está ligada à CNT EUA.
 
A polícia confirmou que a casa do biólogo não tinha apenas o computador, provavelmente para apagar os traços de suas reivindicações na área ambiental. Seus assassinos também cortaram a linha telefônica e luz em sua casa.
 
A viúva destacou o fato de que o biólogo foi executado em sua casa e seu corpo foi jogado em uma cachoeira do parque cuja proteção tinha vindo a defender há oito anos. Ela afirmou que não tem dúvida de que o crime foi cometido por aqueles que foram tocados por suas queixas. "Ele nunca teve  inimigos, além daqueles que foram denunciados por suas ilegalidades contra a natureza", disse ainda muito afetada pela tragédia, mas com firmeza.

 
Pesquisadores acreditam que pode ter sido torturado
 
  
Gonzalo Alonso Hernandez nunca recebeu ameaças explícitas. O único fato anormal que Maria de Lourdes lembra é "que vi voar sobre a casa, um dia antes do assassinato, um helicóptero voando baixo, algo que nunca tinha acontecido antes". Naquele momento, eles não se importam.
 
Felipe Paranhos, da ONG Instituto Terra, que conhecia o ativista, disse que o biólogo também trabalhava com um projeto do governo do Rio de Janeiro para a proteção das águas do parque - muito importante do ponto de vista ambiental.
 
"Ajudou muito a todos nesta luta para proteger as fontes de água", disse Paranhos. Perguntado sobre o que ele achava das autoridades locais, explicou: "Gonzalo chegou com mentalidade europeia que tudo que é ilegal é para denunciar abertamente". Ele acrescentou: "E você sabe que no Brasil a mentalidade é diferente." Ele quis dizer que aqui você não pode desafiar abertamente, muitas vezes certos interesses protegidos por caciques locais.
 
Uma das principais razões pelas quais a polícia suspeita que o crime foi ordenado por aqueles que foram expostos pelo ecologista espanhol é o fato de que a única coisa que foi roubada de sua casa foi o computador. "Eles provavelmente fizeram isso para levar as informações coletadas pelo biólogo contra as ações ilegais no parque", disse o oficial de polícia, Marco Antonio Alves.
 
As autoridades brasileiras ainda não se pronunciou sobre o crime o tempo da imprensa. O Ministério das Relações Exteriores espanhol só confirmou sua morte.
 
 
Fonte: EL PAÍS
Tradução: Fernando José Pimentel Teixeira