

Voltando de Floripa depois de reuniões do Plano de Manejo da RPPN Rio das Lontras, já tarde da noite na BR 282 em Águas Mornas um Tatu cruzou a estrada. Parei o carro e saí no escuro tentando achá-lo. Ele andava tranquilamente na canaleta ao lado do acostamento, até emitir um pequeno "rosnado" para mim e entrar para o mato.
As fotos não sairam boas porque estava muito escuro e eu disparava a câmera de acordo com o barulho do andar dele, mas ainda assim valeu o registro.

Tatu-galinha (Dasypus novemcinctus)
Descrição – Um representante da família dos tatus é o tatu-galinha. Na região dorsal a carapaça geralmente é formada por 9 bandas móveis, mas pode variar entre 7 e 11. Um pouco maior que o tatu-peludo, mede de 60 a 100cm de comprimento total e pesa de 2,7 a 8kg. O focinho é pontudo e longo, as orelhas são grandes, ovaladas e os olhos são pequenos. A cor geral do corpo é marrom-escura sendo na região lateral a mais clara. A cauda é coberta por placas córneas, comprida e pontuda. Os dedos das mãos têm unhas bem desenvolvidas. A fêmea possui 4 tetas. Como os outros tatus não vê e nem ouve bem, mas seu olfato é bastante aguçado.
Habitat – Vive em regiões florestadas. Raramente ocorre em áreas inundáveis.
Reprodução – Atinge a maturidade sexual por volta de um ano de idade. O período de gestação vai de 120 a 260 dias, nascendo de 4 a 5 filhotes, que permanecem junto a mãe por cerca de 2 meses.
Distribuição geográfica – Todo o Brasil. Do sul dos Estados Unidos até a Argentina, exceto Chile. Ocorre também nas Ilhas Grenada, Margarita, Trinidad e Tobago.
Curiosidades – Constrói a toca geralmente perto de árvores e arbustos. Esta tem várias entradas. Faz o ninho no fundo da mesma, geralmente utilizando folhas e gramíneas. Ao ser perseguido procura alcançar um esconderijo, mas se não consegue, cava um buraco na mesma hora. Utiliza também, como abrigo provisório, a toca de outros tatus. Hábito alimentar principalmente carnívoro; alimenta-se de pequenos vertebrados e também cupins, formigas e vegetais. Costuma mudar seus hábitos de acordo com as estações do ano. No verão sua maior atividade é em horas crepusculares. No inverno é visto com freqüência durante o dia mexendo na terra a procura de comida. Alguns autores afirmam que o sabor da carne desse tatu é excelente e que se parece com a da galinha, daí a origem de seu nome vulgar, não obstante consta na literatura o seguinte:
“A carne tem cheiro desagradável e forte, mas mesmo assim é muito perseguido para fins gastronômicos. Normalmente, as receitas para o cozimento dessa carne, envolvem muitos temperos e refinamentos culinários, a fim de dissimular o seu gosto. Portanto isto comprova que o hábito de caçar não é devido ao sabor da carne; prende-se ao prazer de matar e comer algo diferente” (SILVA, F., 1984). Em viagem para a região oeste do estado, encontramos diversas carapaças desta espécie penduradas em uma cerca numa propriedade situada no Parque Nacional de São Joaquim; a moradora nos informou que seu marido caçava com freqüência este animal, tendo sua carne excelente sabor. O tatu-galinha é comum no estado de Santa Catarina, sendo muito conhecido por moradores da zona rural. Outras espécies de tatu registradas para Santa Catarina são os tatus-de-rabo-mole (Cabassous ssp) e o tatu-mulita (Dasypus septemcinctus), que também são caçados para completar a dieta alimentar e a carapaça é usada como objeto de decoração. Os tatus da família Dasypodidae, são considerados reservatórios das doenças de Chagas e xistosomose e sugeitos a desenvolver a lepra (ALMEIDA, A. V. et al., 1984). Por este fato, é necessário muito cuidado quando em contato com estes animais, principalmente daqueles que fazem uso de sua carne.
Fonte: Mamíferos de Santa Catarina - Ana Verônica Cimardi