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terça-feira, 9 de outubro de 2007

Canela Sassafrás

Engenheiro Florestal da Prosul realiza técnica de escalada para se aproximar da copa da Canela Sassafrás em pesquisa na RPPN Rio das Lontras

A bela, aromática e rara Sassafrás

A Canela Sassafrás (Ocotea odorífera) é uma das mais belas árvores encontradas na RPPN Rio das Lontras. Era abundante na região, até que na década de 1970 teve uma procura enorme de empresas norte-americanas interessadas na sua essência e quase foi extinta, sendo muita rara de ser encontrada atualmente.

Por ser fonte de safrol, sua sentença foi quase o total desaparecimento. Explorada em larga escala até a década de 90, principalmente no Vale do Itajaí, em Santa Catarina, a canela-sassafrás supria a demanda mundial de safrol, transformando o Brasil, na época, no maior exportador mundial do produto. Porém, a fonte secou, em função de sua extração predatória, levando a espécie à quase extinção.

Famosa por seu odor característico, a canela Sassafrás pode atingir 25 metros de altura e ter um tronco com 70 centímetros de diâmetro. Tem a copa pequena e alongada, com folhagem verde escura, podendo ser encontrada do Sul da Bahia até o Rio Grande do Sul. No Paraná, ocorre na Floresta Atlântica e na floresta com Araucária. No passado, foi muito explorada pela qualidade da madeira e pelo óleo essencial de aroma agradável, de onde são extraídas substâncias valiosas para a perfumaria e que tem um curioso uso na indústria espacial, devido à estabilidade de suas qualidades lubrificantes para aplicações onde existem altas variações de pressão.

Eram comuns os pequenos barris feitos com sua madeira, usados para envelhecer aguardente de cana, fazendo com que esta adquira o seu odor e gosto característicos. Atualmente, indivíduos de grande porte são raros. São encontradas árvores jovens crescendo no ambiente sombreado do interior das matas, que deverão atingir alturas superiores a 20 metros se a floresta for preservada, uma vez que em campo aberto a Sassafrás dificilmente se desenvolve.




Curiosidades sobre o safrol:

* Puro êxtase!
O Safrol é a base (reagente de partida) do MDMA (N-Metil-3,4-metilenodioxiamfetamina) popularmente conhecido como Ecstasy.


* Xô dengue!
O óleo essencial de Piper mikanianum (somente a espécie de ocorrência em Santa Catarina é produtora do arilpropanóide safrol) apresentou atividade repelente e inseticida contra Culex quinquefasciatus Say.

* No espaço:
Versátil, o óleo de safrol é utilizado pela indústria aeronática.

* Made in China:
Atualmente, o óleo de safrol é importado da China e do Vietnã que o obtém de uma planta chamada Cinnamomum camphora. No entanto, há o risco do governo chinês proibir a exploração do Cinnamomum. Segundo Flávio Pimentel, líder do projeto de pesquisa da Embrapa Acre, os rumores dão conta de que o motivo é o mesmo que levou o Brasil a não permitir mais a exploração do sassafrás a partir de 1991: Risco de extinção da espécie!


* Demorou!
O Brasil passou a importar o safrol em 1991, depois da proibição da exploração do sassafrás, planta que é da mesma família do Cinnamomum camphora. O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) passou a exigir um projeto de reflorestamento para os produtores de sassafrás. "Isso, no entanto não interessou porque o sassafrás tem ciclo de corte somente depois de 25 a 30 anos de plantio", observou.

* Pressão baixa
Um composto presente na canela sassafrás (Ocotea pretiosa), sintetizado a partir do safrol, foi a origem da molécula sintetizada na UFRJ e pode dar origem a medicamento mais eficaz contra pressão alta.A substância é capaz de dilatar artérias e foi desenvolvida por farmacêuticos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Os testes realizados até agora não indicaram efeitos colaterais da substância, que no futuro pode se transformar em uma alternativa econômica de medicamento para controlar a pressão alta.

* Safrol da vez:
Pesquisa conduzida pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) pode tirar o Brasil da dependência de safrol, substância de largo emprego nas indústrias de cosméticos, de produtos de limpeza e de inseticidas biodegradáveis. Com base em estudos feitos pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), a Embrapa Acre identificou uma espécie de pimenta longa, até então conhecida como praga pelos produtores da região amazônica, com alta concentração de safrol. É a espécie Piper hispirdinevium.