Quarta-feira passada rumamos para Floripa onde demos entrevista para a TVAL e para assistirmos a última palestra do ano na Assembléia Legislativa de Santa Catarina no Programa Brasil em Debate, que proporcionou ao longo do ano uma bela oportunidade cultural ao trazer personalidades interessantes e instigantes. E o programa fechou o ano com chave de ouro com a palestra da atriz Fernanda Montenegro, com o tema “A delicadeza nas relações humanas”. Através do mesmo programa, os catarinenses já tiveram a oportunidade de ver o jornalista e escritor Caco Barcelos, a escritora Lya Luft, o esportista Lars Grael, o navegador Amyr Klink, o designer Hans Donner e o jornalista e blogueiro Ricardo Noblat. A iniciativa é da Assembléia Legislativa, com apoio da Associação Catarinense de Imprensa e do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Santa Catarina.As inscrições gratuitas esgotaram-se em menos de duas horas. Quem não conseguiu sua vaga pôde acompanhar ao vivo pela Rádio Alesc Digital (www.alesc.sc.gov.br) e pela TVAL (exceto para Florianópolis), pelos canais 16 da Net e 23 da TVA.
Antes da palestra demos entrevista para a TVAL. Na foto Chris e Fernandinha junto com Marise, da Área de Comunicação da Assembléia.
Havia uma nítida expectativa da platéia para assistir a palestra.
Fernanda nasceu Arlette Pinheiro Esteves da Silva, adicionando o sobrenome Monteiro Torres após o casamento com Fernando, em 1953. Foi aos 19 anos que promoveu a sua primeira grande transformação, quando escolheu chamar-se Montenegro. Era o nome de um médico homeopata amigo da família. Nessa época, já trabalhava em rádio fazendo adaptações para radionovelas, além de dar aulas de português para estrangeiros, na mesma escola onde estudava inglês e francês.É precursora no teatro, no cinema e na televisão. Seu nome tornou-se internacional com o sucesso do filme "Central do Brasil", de 1998, dirigido por Walter Salles. Fernanda sempre deu prioridade ao teatro, onde tem contato direto com o público. Ganhou inúmeros prêmios, entre eles o Leão de Ouro, pelo filme “Eles não usam black tie”, melhor filme do Festival de Cinema de Veneza de 1980, prêmios Molière especial e de melhor atriz por sua atuação em "As Lágrimas Amargas de Petra von Kant", em 1982, prêmio de melhor atriz em “Central do Brasil”, no 48º Festival de Cinema de Berlim, e muitos outros.É considerada a mais expressiva, versátil e grandiosa atriz brasileira de todos os tempos. Sua personalidade e criatividade servem de inspiração para muitos artistas. Atuou nas extintas TV Excelsior e TV Tupi de São Paulo, e em inúmeras novelas da Rede Globo. Além da filha, Fernanda Torres, também ser atriz, o filho Cláudio Torres é diretor e um dos sócios da Conspiração Filmes, uma produtora de cinema e publicidade.
Com 57 anos de vida artística dedicados ao teatro, televisão e cinema, Fernanda Montenegro entrou na noite do dia 21 no Auditório Antonieta de Barros na Assembléia Legislativa com um auditório lotado e com uma grande expectativa. A atriz, de 78 anos de idade, premiada nacional e internacionalmente por seu trabalho, ocupou o palco do auditório não para interpretar, mas para palestrar com o tema proposto, “A delicadeza nas relações humanas”, foi relacionado a vários aspectos da conjuntura nacional, como educação, saúde, política, ecologia e tecnologia. Fernanda Montenegro respondeu perguntas do público, a quem se referiu como “meus familiares sobreviventes de um mesmo país”. Tive a oportunidade de perguntar como ela vê a questão ambiental no planeta - citei a iniciativa de artistas da Globo que fizeram o movimento “Amazônia para sempre”. Ela contou o absurdo que são as queimadas na região norte e que, dependendo da época do ano, são horas de viagem de avião com o céu encoberto pela fumaça da floresta queimando. Também contou que procura fazer sua parte tendo uma “matinha” preservada, com direito a nascentes.
Lamentou a corrupção e as desigualdades sociais, as crianças nas ruas e fora das salas de aula. “A tragédia brasileira de desviar verbas da educação é alarmante, enquanto as estatísticas são maravilhosas.” Disse também que a desigualdade requer ações coletivas, através da opinião ou do voto. “É preciso ter consciência e a força da delicadeza, que requer muito caráter e irmandade”, declarou. Ela referiu-se ao Brasil como “um país esquizofrênico” onde, segundo a atriz, não há mais ilusões políticas. “Havia uma ilusão de mudança que não ocorreu. Temos a boca, o nosso sopro e o verbo”, declarou a atriz, que encerrou o encontro com o poema “Amor”, de Carlos Drummond de Andrade.
Fonte: Rose Mary Paz Padilha e Verlaine Silveira / Divulgação Alesc