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quarta-feira, 28 de novembro de 2007

O versátil Mário Motta


Segunda-feira estive na reunião mensal do Conselho do Leitor do Jornal Hora de Santa Catarina. Antes tivemos uma bela palestra com o colunista Mário Motta. O apresentador do Jornal do Almoço contou sua trajetória profissional e esbanjou simpatia, mostrando que a razão de seu sucesso é uma mistura de competência, dedicação, ética e amor ao trabalho. Respondeu com paciência todas as perguntas dos Conselheiros nas mais de duas horas do prazeroso bate-papo.

Mário nasceu em Santo André, SP, em 1952. Seus pais tinham trabalhado em rádios, mas resolveram vender tudo e compraram um Circo Teatro, o que fez seus estudos serem em diversas escolas de várias cidades, conforme a trupe viajava. Teve uma experiência interessante com cinema trabalhando quando garoto no filme Maria 38 (Veja abaixo). Mas em 1965 eles venderam o Circo para que Mário pudesse seguir como estudante. Estabeleceram-se em Tupã, no interior do estado de São Paulo. Lá Mário se formou em Educação Física, na primeira turma da Faculdade. Desenvolveu trabalho com Ginástica Artística. Na mesma época começos sua carreira em rádios e jornais da cidade.

Sabendo que Santa Catarina tinha um bom campo de trabalho na área de Educação, se mudou para a cidade de Lages. Continuou trabalhando tanto na área de educação como no jornalismo. Assim chegou na TV Planalto. Se mudou em 1986 para Florianópolis, onde assumiu a Chefia do Serviço Pedagógico da Educação Física na Secretaria de Estado da Educação e do Desporto em Florianópolis. Logo foi contratado pela RBS TV, retransmissora da TV Globo em SC, onde desde então é âncora do Jornal do Almoço e do programa Notícia da Manhã na Rádio CBN Diário. Aliás, a primeira manchete que ele narrou como apresentador no Jornal do Almoço em 05 de maio de 1986 foi um tanto emblemática: a notícia que o primeiro número do Jornal Diário Catarinense estava nas bancas. Jornal esse que é atualmente o mais importante do estado.


Ele sempre se despede dos telespectadores com uma frase que virou um bordão: "Vamos fazer uma boa tarde?"

Perguntei se ele tem intenção de também ter um blog. Ele não descarta a idéia, apesar de já atuar como colunista diário, radialista e apresentador. Mas é um internauta experiente e nos contou uma hilariante história de quando adquiriu seu primeiro computador, em 1995: Um então poderoso IBM que demorou alguns dias para ser entregue por técnicos uniformizados, carregando uma enorme e pesada quantidade de equipamentos, dezenas de disquetes para instalação e uma bíblia de manual de instrução.

Também indaguei se o fato de não ser formado em jornalismo causou algum desconforto no meio. Ele suspirou e respondeu longamente sobre o assunto, discorreu sobre ética, profissionalismo e competência. Mas a própria forma de responder as perguntas já era uma resposta em si sobre o assunto. Mário Motta parece ter nascido jornalista e comunicador. E ele faz questão de realçar a importância dos pais no processo de aprendizagem e formação do cidadão.

Mas foi curioso saber que ele, além de também ser do interior de São Paulo, é formado em Educação Física e tem vínculos com o Vale do Paraíba, mais precisamente com a cidade de Cruzeiro, cidade natal de sua mãe.
Parece ser um verdadeiro “workaholic”, mas provavelmente não. Talvez seja “apenas” um caso de profissional na melhor concepção da palavra e de amor ao que faz. Talvez ele tenha se formado como Educador apenas para refinar um pouco mais a sua natural capacidade de comunicação. Parabéns Mário Motta! Santa Catarina fez muito bem a você, mas com certeza a recíproca é mais que verdadeira.


Maria 38 é um filme brasileiro de 1960, dirigido por Watson Macedo. Produção carioca do gênero chanchada tem como protagonista a atriz Eliana Macedo, uma das principais estrelas de cinema brasileiro da época, conhecida também por ser cantora e imitar com perfeição os trejeitos de Carmen Miranda.

O elenco, além de Eliana Macedo como Maria, contou com John Herbert , Afonso Stuart, Herval Rossano, Zilka Salaberry, Roberto Duval, Augusto César Vanucci e Francisco Dantas. Além de “Marinho”, como é dado o crédito ao então menino Mário Motta.

Maria 38, como é chamada por seus companheiros, é uma jovem que, pelas circunstâncias, torna-se uma famosa vigarista da Lapa. Sempre envolvida com malandros, Maria toma parte no rapto de um menino de sete anos, infiltrando-se na casa como babá do garoto. A partir daí, tem início uma série de desencontros, incluindo o arrependimento de Maria que, no final, faz de tudo para salvar o garoto. É justamente na delegacia, sendo interrogada pelo seu crime, que o guarda Chico se apaixona pela moça e acompanha seus passos, até que Maria 38 abandona a vida de vigarista.

Aqui "Marinho" contracena com a atriz Eliana Macedo, em sua experiência no mundo cinematográfico.

sábado, 24 de novembro de 2007

Floripa e o caos


Quando se fala em Floripa, logo se vem a mente a imagem da Ilha da Magia, suas praias, dunas, lagoas, gente bonita...


Mas as ações humanas desordenadas podem reservar imagens nada agradáveis...



Turismo
Veraneio à luz de velasFÁBIO BIANCHINI

O número de turistas que vem para as praias catarinenses no Verão deve ser praticamente o mesmo da temporada passada: 3,3 milhões. Os destinos mais disputados são Florianópolis - onde são esperadas 780 mil pessoas - e as praias do Litoral Norte, como Itapema e Balneário Camboriú. Motivo de animação para hoteleiros e donos de bares e restaurantes, essa "explosão populacional" causa apreensão nos setores ligados à infra-estrutura e abastecimento, especialmente os de água e luz. Água não vai faltar, garantem as companhias de abastecimento. O fantasma da curta temporada que se aproxima, portanto, serão os apagões.

A Centrais Elétricas de Santa Catarina (Celesc) admite que devem ocorrer cortes ocasionais de energia. Para amenizar o problema, planeja uma campanha que conscientize a população para a importância de racionalizar o consumo. Além disso, haverá obras emergenciais, como o aumento da capacidade da subestação Ilha Norte, nos Ingleses; a duplicação da capacidade de fornecimento na subestação Ilha Sul, no Campeche; e a ampliação da subestação Trindade, no Córrego Grande, que devem ser concluídas até o fim do ano. A nova subestação a ser construída no Centro depende de mudanças no Plano Diretor da Capital.

Na última terça-feira, o presidente da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Jérson Kelman, afirmou que podem acontecer pequenos blecautes nos momentos de pico de consumo, especialmente durante o Réveillon e o Carnaval. Os cortes são destinados a evitar que sejam ultrapassados os limites das linhas de transmissão durante a temporada, quando ocorre um aumento de 35% no consumo de energia.

Água não deve faltar na alta temporada

O abastecimento de água, que já causou muita dor de cabeça para turistas e moradores em temporadas passadas, este ano não deve ser problema nos balneários mais disputados. O gerente regional Grande Florianópolis da Casan, Carlos Alberto Coutinho, garante que não há necessidade de plano especial para o período porque a rede de que a cidade dispõe já é suficiente para que não falte água.

Ele diz que a cidade tem um parque de equipamentos, já instalado, que é ativado quando o consumo é maior, como no Verão. Se houver casos de falta de água, serão problemas pontuais e específicos, adverte.

Coutinho pede, entretanto, que os usuários atentem para a capacidade de seus reservatórios e a eventual necessidade de redimensioná-los para o período, quando os moradores costumam receber visitas e promover festas de maior porte.

O assunto também é tema de campanha a ser transmitida na Argentina com vista à temporada.

- A pessoa aluga um imóvel com capacidade para seis pessoas e bota 20, aí vai faltar água naquela casa ou naquele prédio. As casas e apartamentos são construídos para um certo número de pessoas e as instalações são para esse número. Se isso for extrapolado, alguma coisa vai acontecer - diz Valdir Walendowsky, presidente da Santur.

Itapema - onde as torneiras secas foram o grande problema do turismo durante 10 anos - e Balneário Camboriú garantem que água não vai faltar. O problema foi atenuado com as mudanças anunciadas pelas companhias de abastecimento das duas cidades.

O diretor da Cia de Águas de Itapema, Manoel Motta Neto, informa que a capacidade de produção, que era de 400 mil litros por hora desde 2004, aumentou para mais de 1,4 milhão de litros, o que garante a qualidade do serviço para a temporada que se aproxima.

A Emasa, em Balneário Camboriú, também se precaveu e aumentou em 25% a produção de água para este Verão, com a implantação de um novo reservatório. Além diso, uma nova adutora, destinada a agilizar a distribuição da água nas áreas centrais também do balneário, foi construída para evitar desabastecimento na temporada.




Trânsito
Cidade encurralada
NANDA GOBBI

Há mais de 30 anos, projetos idealizados para absorver a frota dos 454 mil veículos que circulam pelas vias da Grande Florianópolis se acumulam nas gavetas de repartições. Enquanto isso, a cidade enfrenta o esgotamento do sistema viário e explode em congestionamentos diários em pontos do Continente e da Ilha.
A região já possui a mais alta taxa de automóveis por habitantes:um carro a cada dois moradores. Na última década, o número de veículos dobrou na Capital e triplicou em Biguaçu, Palhoça e São José.
O volume de tráfego deve dobrar em Florianópolis nos próximos 14 anos, o que significa o comprometimento total da atual estrutura viária, se não houver medidas imediatas.
A situação não é mais novidade para quem vive na Ilha desde a década de 1970. Afinal, antes mesmo da construção da ponte Colombo Salles, quando a ponte Hercílio Luz ainda era utilizada pelo tráfego, o trânsito lento e as filas já eram uma situação corriqueira.
A falta de investimentos em novos projetos, as facilidades de compra de veículos e a ineficiência do transporte urbano coletivo são apontados pelos especialistas em sistemas viários com os responsáveis pelo caos decorrente do inchaço no número de veículos.
Antes mesmo do início da temporada, quando a situação fica ainda mais complicada, uma das avenidas mais movimentas da região Leste da Ilha, na Lagoa da Conceição, a Avenida Renderias - único caminho para as praias da Joaquina, Mole e Barra da Lagoa - já apresenta trânsito lento durante a noite nos finais de semana. Esse é apenas um exemplo dos muitos pontos de stress viário.
O presidente do Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis (Ipuf), Ildo Rosa, destaca que a Capital apresenta o maior índice de motorização da América Latina, mas apenas 7% da área da Ilha é reservada para a construção de ruas e praças - 28% fica disponível para as áreas urbanas e 65% para as áreas de preservação.
- Os dados de veículos divulgados agregam apenas os números fornecidos pelo Detran e não incorporam a sazonalidade, que traz à Capital, no Verão, grande volume de veículos.




Fonte: DC

Palestra com Fernanda Montenegro



Quarta-feira passada rumamos para Floripa onde demos entrevista para a TVAL e para assistirmos a última palestra do ano na Assembléia Legislativa de Santa Catarina no Programa Brasil em Debate, que proporcionou ao longo do ano uma bela oportunidade cultural ao trazer personalidades interessantes e instigantes. E o programa fechou o ano com chave de ouro com a palestra da atriz Fernanda Montenegro, com o tema “A delicadeza nas relações humanas”. Através do mesmo programa, os catarinenses já tiveram a oportunidade de ver o jornalista e escritor Caco Barcelos, a escritora Lya Luft, o esportista Lars Grael, o navegador Amyr Klink, o designer Hans Donner e o jornalista e blogueiro Ricardo Noblat. A iniciativa é da Assembléia Legislativa, com apoio da Associação Catarinense de Imprensa e do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Santa Catarina.As inscrições gratuitas esgotaram-se em menos de duas horas. Quem não conseguiu sua vaga pôde acompanhar ao vivo pela Rádio Alesc Digital (www.alesc.sc.gov.br) e pela TVAL (exceto para Florianópolis), pelos canais 16 da Net e 23 da TVA.



Antes da palestra demos entrevista para a TVAL. Na foto Chris e Fernandinha junto com Marise, da Área de Comunicação da Assembléia.





Havia uma nítida expectativa da platéia para assistir a palestra.

Fernanda nasceu Arlette Pinheiro Esteves da Silva, adicionando o sobrenome Monteiro Torres após o casamento com Fernando, em 1953. Foi aos 19 anos que promoveu a sua primeira grande transformação, quando escolheu chamar-se Montenegro. Era o nome de um médico homeopata amigo da família. Nessa época, já trabalhava em rádio fazendo adaptações para radionovelas, além de dar aulas de português para estrangeiros, na mesma escola onde estudava inglês e francês.É precursora no teatro, no cinema e na televisão. Seu nome tornou-se internacional com o sucesso do filme "Central do Brasil", de 1998, dirigido por Walter Salles. Fernanda sempre deu prioridade ao teatro, onde tem contato direto com o público. Ganhou inúmeros prêmios, entre eles o Leão de Ouro, pelo filme “Eles não usam black tie”, melhor filme do Festival de Cinema de Veneza de 1980, prêmios Molière especial e de melhor atriz por sua atuação em "As Lágrimas Amargas de Petra von Kant", em 1982, prêmio de melhor atriz em “Central do Brasil”, no 48º Festival de Cinema de Berlim, e muitos outros.É considerada a mais expressiva, versátil e grandiosa atriz brasileira de todos os tempos. Sua personalidade e criatividade servem de inspiração para muitos artistas. Atuou nas extintas TV Excelsior e TV Tupi de São Paulo, e em inúmeras novelas da Rede Globo. Além da filha, Fernanda Torres, também ser atriz, o filho Cláudio Torres é diretor e um dos sócios da Conspiração Filmes, uma produtora de cinema e publicidade.




Com 57 anos de vida artística dedicados ao teatro, televisão e cinema, Fernanda Montenegro entrou na noite do dia 21 no Auditório Antonieta de Barros na Assembléia Legislativa com um auditório lotado e com uma grande expectativa. A atriz, de 78 anos de idade, premiada nacional e internacionalmente por seu trabalho, ocupou o palco do auditório não para interpretar, mas para palestrar com o tema proposto, “A delicadeza nas relações humanas”, foi relacionado a vários aspectos da conjuntura nacional, como educação, saúde, política, ecologia e tecnologia. Fernanda Montenegro respondeu perguntas do público, a quem se referiu como “meus familiares sobreviventes de um mesmo país”. Tive a oportunidade de perguntar como ela vê a questão ambiental no planeta - citei a iniciativa de artistas da Globo que fizeram o movimento “Amazônia para sempre”. Ela contou o absurdo que são as queimadas na região norte e que, dependendo da época do ano, são horas de viagem de avião com o céu encoberto pela fumaça da floresta queimando. Também contou que procura fazer sua parte tendo uma “matinha” preservada, com direito a nascentes.


Lamentou a corrupção e as desigualdades sociais, as crianças nas ruas e fora das salas de aula. “A tragédia brasileira de desviar verbas da educação é alarmante, enquanto as estatísticas são maravilhosas.” Disse também que a desigualdade requer ações coletivas, através da opinião ou do voto. “É preciso ter consciência e a força da delicadeza, que requer muito caráter e irmandade”, declarou. Ela referiu-se ao Brasil como “um país esquizofrênico” onde, segundo a atriz, não há mais ilusões políticas. “Havia uma ilusão de mudança que não ocorreu. Temos a boca, o nosso sopro e o verbo”, declarou a atriz, que encerrou o encontro com o poema “Amor”, de Carlos Drummond de Andrade.



Fonte: Rose Mary Paz Padilha e Verlaine Silveira / Divulgação Alesc

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Fatos e fosfatos

Serra do Rio do Pinheiro coberta pela luxuriante floresta que será destruída com o Projeto Anitápolis.

Dia 24 de outubro passado houve, segundo matéria de uma publicação local, uma “reunião” da “Indústria de Fosfatos Catarinense Ltda.” para prestação de esclarecimentos à comunidade da cidade de Rancho Queimado sobre a mina de fosfato que eles querem implantar na cidade vizinha de Anitápolis.
Segundo essa mesma nota, os moradores de Rancho Queimado “não tinha muitas informações sobre o Estudo de Impacto Ambiental e o Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA), que teve entrada na Fundação Estadual de Meio Ambiente (FATMA) em maio de 2006”.
Para apresentar o Projeto e prestar esclarecimentos a IFC designou um representante jurídico, um engenheiro de minas (da empresa paulista que elaborou o EIA/RIMA) e o engenheiro civil gerente do projeto. Também estavam presentes os prefeitos das duas cidades, vereadores, comerciantes e estudantes.


Houve certamente a apresentação do projeto e as devidas explicações pela ótica empresarial, na visão capitalista do uso dos recursos naturais a qualquer custo, sem nenhuma preocupação concreta com os moradores da linda região e as conseqüências preocupantes e desastrosas que um empreendimento desse porte deverá ocasionar para o meio ambiente.

Mas segundo informações de pessoas que presenciaram a reunião, os apresentadores foram deselegantes e até grosseiros com agricultores locais que se mostraram contrários ao projeto. Também houve pressão política junto às comunidades para que não se pronunciassem desfavoravelmente.

Veja a entrevista que fizemos com o biólogo PHD Jorge Albuquerque em março desse ano e que foi publicada no Jornal O Tropeiro:


Fernando José Pimentel Teixeira
Christiane de Souza Pimentel Teixeira
RPPN Rio das Lontras

Ele possui graduação em Bacharelado em Ciências Biológicas pela Universidade Federal da Paraíba (1981), mestrado em Zoologia - Brigham Young University, nos Estados Unidos (1984) e Doutorado em Genética e Biologia Molecular pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1996). Atualmente é o presidente da Associação Montanha Viva. Tem experiência na área de Ecologia, com ênfase em Biologia da Conservação, atuando principalmente os temas conservação, aves de rapina, aves florestais, avifauna e floresta atlântica.


O Dr. Jorge Albuquerque tem chamado a atenção da mídia pela polêmica de uma possível instalação de uma mineradora de Fosfato na cidade de Anitápolis, o que poderá ser um enorme problema ambiental e social. Em sua página na internet ele dá nome aos bois e aponta os altos riscos dessa tentativa um tanto questionável – para dizer o mínimo! É com ele nossa conversa sobre os delírios governamentais.







Fernando e Chris: Qual o real perigo que representará a construção de uma empresa exploradora de fosfato aos moradores da cidade de Anitápolis e região?
Jorge Albuquerque:Toda atividade de mineração envolve grandes danos ambientais. Os danos mais evidentes estão associados a destruição e descaracterização do ambiente. Exemplos: região de mineração no sul catarinense (a paisagem de solo lunar de Criciúma) e as fosfateiras em atividade em Minas gerais e sul de São Paulo.

Fernando e Chris: A região tem um relevo acidentado e você diz que o projeto da fosfateira prevê duas barragens com rejeitos da prospecção. É possível imaginar os danos de um rompimento como o que ocorreu recentemente na cidade mineira de Muriaé?
Jorge Albuquerque: O EIA- RIMA (Estudo e Relatório de Impacto Ambiental) apresentado pela Companhia Fosfateira catarinense ao Ministério Publico Federal descreve duas barragens construídas com o rejeito da lavra do fosfato nas encostas da Serra do Rio do Pinheiro. Este rejeito pode conter diversos elementos químicos potencialmente tóxicos. Os rejeitos do fosfato em outras regiões do mundo apresentam selênio, cádmio e outros elementos radioativos que em altas concentrações podem se tornar um sério problema ambiental e de saúde pública. Estas barragens previstas na fosfateira de Anitápolis terão, caso aprovado o empreendimento, a altura de 80 metros acima do nível do Rio do Pinheiro. A região de Anitápolis e a sua proximidade da Serra Geral é sujeita a uma significativa precipitação de chuvas. Imaginando um cenário de muita chuva, poderíamos ter um desastre em potencial que poderia causar a erosão das barragens da fosfateira como aconteceu em Muriaé.
A cidade de Anitápolis fica a cerca de 10 km da lavra e mais ao sul temos Santa Rosa de Lima e outros municípios servidos pela bacia do Rio Braço do Norte. Caso aconteça algo similar ao acontecido em Muriaé, as perspectivas de um desastre ambiental e social são muito grandes.

Fernando e Chris: Na hipótese de uma catástrofe ambiental com os rejeitos radioativos se espalhando pela bacia do Rio Braço do Norte, quais as conseqüências?
Jorge Albuquerque: Casos onde fosfateiras causaram danos ambientais sérios estão registrados na mídia internacional. No estado americano de Idaho o rejeito da fosfateira colocou quantidade muito grande de selênio no ambiente, causando contaminação ao solo e comprometendo a agricultura. Os produtos agrícolas desta região não puderam ser consumidos e o prejuízo econômico foi enorme. Este mesmo selênio contaminou a carne de ovelhas que pastaram na região, tornando esta carne imprópria ao consumo humano.


“O fosfato produzido na mineradora de Anitápolis irá abastecer de fertilizantes as monoculturas de soja e milho dos grandes plantadores, trazendo lucros a poucos em detrimento de muitos que ingressam na miséria ano após ano, vindo a aumentar os cordões da miséria em grandes centros.”

F
ernando e Chris: Geralmente é utilizado o expediente na defesa da empresa a idéia de que ela vai gerar empregos. É possível acreditar nesse pobre argumento?
Jorge Albuquerque: Pelo EIA-RIMA da empresa, os empregos serão para trabalhadores específicos, de fora da região, portanto não auxiliarão a comunidade com empregos diretos. Mesmo considerando que estas pessoas possam trazer mais empregos indiretos a comunidade, o custo dos danos ambientais e a saúde pública serão maiores que os ganhos em empregos, fora a destruição irreversível da área da mineração, que, mesmo após o encerramento de suas atividades não poderá ser utilizada na agricultura nem para qualquer outra atividade.

Fernando e Chris: A região é de grande importância ambiental. Pode dar exemplos dessa riqueza natural?
Jorge Albuquerque: A região de Anitápolis é uma das regiões mais importantes em termos de conservação dos recursos paisagísticos e de biodiversidade no sul do Brasil, pois se encontra em um corredor ecológico unindo a Serra Geral e a do Tabuleiro. Espécies raras como a Canela Preta, o Gavião Real-falso podem ser encontrados no Rio do Pinheiro. Anfíbios muito raros foram registrados na área pretendida pelo empreendedor.

Fernando e Chris: Em que situação se encontra o processo da criação dessa mineradora?
Jorge Albuquerque: Não tenho conhecimento sobre isso, mas creio que deva estar em pleno vapor na direção da obtenção de sua licença ambiental, pois o lobby governamental para isso é intenso e eficiente, mas não creio que seja mais eficiente que a força do cidadão consciente.

Fernando e Chris: Se fosse possível dar um recado sobre esse assunto a cada um dos moradores da região, o que diria?
Jorge Albuquerque: Amigos, vocês vivem em uma região riquíssima. A agricultura familiar poderia ser melhor explorada e gerar mais dividendos, empregos e recursos a região. A idéia apresentada pelo governo do estado através de seu Projeto Anitápolis é realmente tentadora, mas veja da seguinte forma: Pelo projeto da mineradora, a exploração da jazida de fosfato no Rio do Pinheiro terá a duração de 33 anos. Após esta data, a serra do Pinheiro estará em ruínas e a região seriamente devastada. Considerando a possibilidade de desastres ambientais como o ocorrido em Muriaé, as perspectivas não são nada boas.
Imaginem que suas crianças e vocês mesmos e outros moradores da região estarão expostos aos efeitos nocivos e não declarados pela empresa, mas presentes nos relatórios internacionais sobre danos ao ambiente e a saúde causados pela mineração.
É necessário diversificar e buscar mais ajuda na melhora da produção da agricultura familiar.
Não se deixem levar pela sedução dos governantes, estes duram 4 anos e suas vidas e as de seus familiares duram muito mais que isso.

Mais informações acesse: www.mataatlanticasc.blogspot.com

domingo, 18 de novembro de 2007

Mudanças climáticas: Aqui e agora!

Semana passada fez um dia quente em Angelina. O suficiente para arriscar ficar com pouca roupa e ao mesmo tempo se preocupar com o preço cobrado pelo clima. Sim, porque calor por aqui, na maior parte das vezes é um prenúncio do que virá. E veio! No outro dia o tempo fechou, ficou escuro como noite e caiu uma bela tempestade, com direito a uma chuva de pedras que destruiu grande parte da produção agrícola do município e causou danos materiais consideráveis.




Na serra catarinense a temperatura em pleno mês de novembro caiu abaixo de zero. Ventos fortes, com velocidade perto de 200 km horários – um tornado - no oeste do estado praticamente destruíram uma cidade.

As imagens abaixo mostram o Balneário Daniela, em Floripa e a impressionante mudança na faixa de areia em tão pouco tempo.







Enquanto isso, em Bangladesh, mais de três milhões de pessoas estão desabrigadas, estima-se que dez mil morreram com o Ciclone Sidr.

Já a principal autoridade da Organização das Nações Unidas (ONU) para as questões climáticas avisou cientistas e autoridades de cerca de 130 países no Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), que não combater o aquecimento da Terra enquanto houver tempo seria uma atitude "criminosamente irresponsável".

Em declarações feitas diante do painel da Organização das Nações Unidas (ONU) para o clima, Yvo de Boer, chefe da Convenção-Quadro para as Mudanças Climáticas, disse que a mensagem dirigida aos líderes mundiais era clara. De Boer dividiu neste ano, com o ex-vice-presidente dos Estados Unidos Al Gore, o Prêmio Nobel da Paz.

"Ignorar a urgência dessa mensagem e não agir a respeito disso seriam atitudes criminosamente irresponsáveis", afirmou.



No entanto, apesar de tantos dados, tanta informação, a maioria das pessoas parece ignorar o grave problema ambiental, como mostra a foto da rua 25 de Março em São Paulo, tradicional reduto que mostra um retrato do consumismo desenfreado de grande parte da humanidade, principalmente no fim de ano.

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Merck quer criar uma RPPN



Araponga ameaçada é encontrada em Ribamar

SÃO LUÍS - O Centro de Triagem e Reabilitação de Animais Silvestres (Cetas) do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) encontrou, no Sítio Aguahy, de propriedade da empresa Merck, no município de São José de Ribamar, mais uma espécie de animal silvestre da lista nacional de ameaça de extinção. É a araponga de barbela, ave conhecida como ferreiro.
Esta é a quarta espécie da lista nacional de animais ameaçados de extinção encontrada no sítio. Também já foram encontrados jaguatirica, gato maracajá e gato do mato pequeno. A observação da araponga de barbela (procnias averano) foi feita há três semanas. A ave costuma ser encontrada em mata ciliar ou de galeria, próximo de áreas úmidas. “Esta ave é encontrada mais ao norte do Estado. Não tínhamos ainda observado na Ilha de São Luís”, diz o analista ambiental do Cetas, Roberto Rodrigues Veloso Júnior.
Com 400 hectares, o Sítio Aguahy é uma Área de Soltura e Monitoramento de Animais Silvestres (Asas). O trabalho de soltura é realizado pelo Cetas há quase três anos. Mais de 350 animais (entre apreendidos, capturados ou entregues pela população) já foram soltos na área, uma das poucas conservadas dentro da Ilha de São Luís.
Pesquisadores
Cerca de 90% do Sítio Aguahy é constituído de mata nativa. A área, que já foi centro de experiências da empresa com espécies de jaborandi e fava d´anta, atende, atualmente, à demanda de pesquisadores das universidades Estadual e Federal do Maranhão (Uema e Ufma) e instituições de pesquisa do Maranhão.
Dentro do Sítio Aguahy, encontra-se a praia do Aguahy, um verdadeiro paraíso ecológico, onde pode ser vista uma bela revoada de guarás e de maçaricos que procuram o local em busca de alimentos. Existe ainda cerca de 150 hectares de mangue onde ocorre a presença de peixe-boi marinho, um dos mamíferos mais ameaçados de extinção.
Floresta nativa conservada, apicum (área de transição entre o mangue e a floresta), praia, falésias (paredões de pedra), babaçuais, manguezal e outras espécies físicas da natureza estão dentro do sítio. “São poucas as áreas dentro da Ilha de São Luís com tanta diversidade de espécies físicas”, observa o professor de Direito Agrário e Ambiental do Uniceuma, Antônio Pio de Carvalho.
A Merck, presente há cerca de 40 anos no Maranhão, busca transformar o Sítio Aguahy em Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN), com o objetivo de assegurar a preservação da área dentro da Ilha de São Luís. “Temos consciência da importância da preservação ambiental no Maranhão. A pesquisa desenvolvida no local é de extrema importância para a continuação de várias espécies”, afirmou o diretor da unidade Merck no Maranhão, Renato Senna.

Fonte: O Estado do Maranhão

sábado, 10 de novembro de 2007

RPPN natural

Chris e Fernanda contemplando a cachoeira na RPPN Rio das Lontras. Foto: Fernanda Kock


A RPPN Rio das Lontras foi criada em abril de 2005 e, segundo informação do IBAMA-Brasília, ainda é a mais recente de Santa Catarina.

Mas a boa notícia é que logo teremos outras RPPNs no estado e Brasil afora, pois 11 novas estão em processo de finalização para sua definitiva homologação. Elas estão em Consulta Pública no Instituto Chico Mendes. Três delas em Santa Catarina, duas no Ceará, três na Bahia, uma em Sergipe, Tocantins e Goiás.
São 10.904,27 hectares protegidos em caráter perpétuo. A maior delas é de 8.902,7 hectares, da Funadação Boticário, no estado de Goiás.
Sejam muito bem vindas!


AVISO DE CONSULTA PÚBLICA:


1. Reserva Particular do Patrimônio Natural – RPPN denominada Reserva Natural Serra da Pacavira, com área de 33,56 ha de propriedade de João Bosco Carbogim, constituindo-se parte integrante do imóvel Sítio Horizonte Belo, localizada no Município de Pacoti, Estado do Ceará, registrada no Registro de Imóveis da Comarca de Pacoti - CE.

2. Reserva Particular do Patrimônio Natural – RPPN denominada Reserva Natural Sítio Palmeiras, com área de 75,47 ha de propriedade de Roberto de Proença Macêdo, constituindo-se parte integrante do imóvel Sítio Palmeiras, localizada no Município de Baturité, Estado do Ceará, registrada no Registro de Imóveis da Comarca de Baturité - CE.

3. Reserva Particular do Patrimônio Natural – RPPN denominada Leão da Montanha, com área de 126,5 ha de propriedade de Pedro Volkmer de Castilho, constituindo-se parte integrante do imóvel Fazenda Arroio Cumprido, localizada no Município de Urubici, Estado de Santa Catarina, registrada no Registro de Imóveis da Comarca de Urubici - SC.

4. Reserva Particular do Patrimônio Natural – RPPN denominada Reserva Terravista II, com área de 144,17 ha de propriedade de Terravista Empreendimento S.A, constituindo-se parte integrante do imóvel Fazenda Floresta II, localizada no Município de Porto Seguro, Estado da Bahia, registrada no Registro de Imóveis da Comarca de Porto Seguro - BA.

5. Reserva Particular do Patrimônio Natural – RPPN denominada Reserva Jacuba Velha, com área de 83,58 ha de propriedade de Renato Alves do Valle, constituindo-se parte integrante do imóvel Fazenda Provisão, localizada no Município de Porto Seguro, Estado da Bahia, registrada no Registro de Imóveis da Comarca de Porto Seguro - BA.

6. Reserva Particular do Patrimônio Natural – RPPN denominada Fazenda Klawa II, com área de 254,79 ha de propriedade de Eduardo João Klawa, constituindo-se parte integrante do imóvel Fazenda Klawa II, localizada no Município de Rio Rufino, Estado de Santa Catarina, registrada no Registro de Imóveis da Comarca de Urubici - SC.

7. Reserva Particular do Patrimônio Natural – RPPN denominada Reserva São José, com área de 39,40 ha de propriedade de Mário Bunchaft, constituindo-se parte integrante do imóvel São José II, localizada no Município de Ilhéus, Estado da BA, registrada no Registro de Imóveis da Comarca de Ilhéus - BA.

8. Reserva Particular do Patrimônio Natural – RPPN denominada Reserva Sabão, com área de 315,51 ha de propriedade de Noel Barbosa de Jeus, constituindo-se parte integrante do imóvel Fazenda Sabão, localizada no Município de Indiaroba, Estado do Sergipe, registrada no Registro de Imóveis da Comarca de Estância - SE.

9. Reserva Particular do Patrimônio Natural – RPPN denominada RPPN Curucaca 4, com área de 59,46 ha de propriedade de Thais Haberbeck de Oliveira e outros, constituindo-se parte integrante do imóvel Fazenda Curucaca, localizada no Município de Bom Retiro, Estado da SC, registrada no Registro de Imóveis da Comarca de Bom Retiro - SC.

10. Reservas Particulares do Patrimônio Natural – RPPN, denominada Fazenda Sonhada, com área de 869,13 ha, de propriedade do Sr. Alceu Antônio Forlin, localizada no Município de Pium, Estado do Tocantins, registrada no cartório de imóveis da comarca de Pium – TO.

11. Reserva Particular do Patrimônio Natural – RPPN denominada RESERVA NATURAL SERRA DO TOMBADOR, com área de 8.902,7 ha, de propriedade da Fundação Boticário de Proteção à Natureza, localizada no Município de Cavalcante, Estado de Goiás. Registrada no cartório de imóveis da comarca de Cavalcante – GO.

RPPN forçada

"A RPPN (Reserva Particular do Patrimônio Natural) é, segundo a Lei, uma Unidade de Conservação em área privada, gravada em caráter de perpetuidade, com o objetivo de preservar a biodiversidade, através de um ato voluntário do proprietário, que decide connstituir sua propriedade, ou parte dela, em RPPN, sem que isso ocasione perda do direito de propriedade".

Muito bem, sabendo-se disso, é estranho ler a matéria abaixo, onde um fazendeiro cometeu um grave crime ambiental e foi obrigado - como medida compensatória - entre outras "punições" a criar uma RPPN. Ou seja, necas de ato voluntário.

Isso já aconteceu alguns anos atrás em Floripa, onde o proprietário do Costão do Santinho Resort foi obrigado a criar a RPPN Morro das Aranhas após mais uma penalização por danos ambientais. Poucas semanas passadas ele foi preso pela Polícia Federal no caso Moeda Verde e está indiciado por corrupção por ter pago meio milhão de reais para mudanças na Lei ambiental visando favorecer seu negócio em hotelaria.

É muito diferente o cidadão que cria sua Unidade de Conservação para proteger a biodiversidade de um que é obrigado como punição a um crime ambiental. A vocação é totalmente inversa entre um e outro. Claro que é sempre bom ser criada uma nova RPPN, mas como ela será tratada? É uma propriedade particular, quem fiscalizará? O Instituto Chico Mendes?

É por essas e outras que defendemos um Certificado de Qualidade para as RPPN. Precisamos separar o joio do trigo, atestar quem faz a coisa de modo sério e responsável, visando tão somente o correto trato com a natureza.

Fazendeiro que fechou braço de rio doará área a Parque
Maristela Brunetto - Campo Grande News


Máquina está sendo utilizada para limpar o braço do rio

O fazendeiro Luiz Lemos de Souza Brito, dono da Fazenda América e denunciado à Justiça por ter fechado com cascalho um braço do Rio Formoso, o principal de Bonito, firmou um termo de ajustamento de conduta com o promotor de Justiça Luciano Loubet para reparar e compensar o dano ambiental.

Ele se comprometeu em doar, no prazo de 100 dias, 400 hectares de sua propriedade para a União incorporar ao Parque da Serra da Bodoquena como compensação pelo que fez no Formoso. O fazendeiro ainda vai criar uma RPPN (Reserva Particular de Proteção Natural) de 650 hectares.

O TAC tem uma série de obrigações para o proprietário rural. Com a assinatura do termo, ele consegue o trancamento da ação civil pelo Ministério Público, mas não se livra de ação penal pelo crime ambiental. O fazendeiro ainda foi multado pela PMA (Polícia Militar Ambiental), punição que também não pode ser extinta com o acordo.

Entre as obrigações firmadas estão a criação de área de reserva legal, o cercamento das margens do rio, plantio de mudas em área sem vegetação, restrição de atividades perto da área do Formoso, sendo permitidos ecoturismo, apicultura e pecuária (porém os animais não podem ter acesso às margens do curso d’água).

O proprietário rural ainda deverá retirar açudes que mantém para decantação para pocilga, o que deve ocorrer em seis meses, assim como a retirada de uma estrada ao longo do canal de captação de água do Formoso.

Se Brito descumprir o que foi pactuado, ele terá multa de mil Uferms, além de pagar multa diária de 10 Uferms por dia de atraso no cumprimento das obrigações.

A obstrução de um braço do rio foi descoberta porque uma cachoeira que passa em outra fazenda secou e ainda houve morte de peixes. Equipes vinham retirando o cascalho do Formoso de forma manual, porém uma máquina passou a ser utilizada e nos próximos dias o braço do rio já estar desobstruído.


Fechamento de braço do principal rio de Bonito causou morte de peixes

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Copa Ecológica em 2014?

O futebol já parou guerras. Poderá ajudar a proteger a Amazônia?

Zurique, Suíça — Confirmado como sede do evento em 2014, o Brasil ganha vitrine mundial para mostrar medidas adotas para o desenvolvimento sustentável e a preservação da Amazônia.

Agora é oficial: a Copa do Mundo de 2014 será realizada no Brasil, segundo anúncio feito nesta terça-feira na sede da Fifa em Zurique, na Suíça. E a grande festa do futebol será uma excelente vitrine para o país mostrar ao mundo que é possível promover o desenvolvimento sustentável, preservando a floresta amazônica e beneficiando as comunidades da região.

Manaus é uma das cidades candidatas a ser uma das sedes do evento no Brasil - são 18 cidades brasileiras concorrendo a 12 vagas, com o anúncio ocorrendo em dezembro de 2008 - tem como trunfo o pacote de medidas anunciado em abril e maio deste ano pelo governador do Amazonas, Eduardo Braga, estabelecendo uma política estadual de combate ao aquecimento global e propondo o uso da Copa de 2014 para aumentar a proteção à Amazônia.

"A iniciativa da Fifa de realizar a Copa no Brasil contribuirá para que o desenvolvimento sustentável ajude o nosso povo a conservar esse insubstituível patrimônio ambiental que é a floresta amazônica", afirmou Braga durante a apresentação em Zurique da proposta brasileira para receber o evento.
A proposta do governo amazonense feita à Confederação Brasileira de Futebol (CBF) prevê a preservação da floresta para mitigar a emissão de gases do efeito estufa durante a Copa de 2014. O Greenpeace contribuiu na elaboração do projeto e colocou a estrutura da organização à disposição da CBF e do governo do Amazonas para detalhar a proposta do mecanismo de compensação.
(texto Greenpeace)



Ou ficaremos no ôba-ôba?

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Mascote Verde da Copa 2014


EXCLUSIVO:

Quando foi oficializada a COPA 2014 no Brasil, comentamos em casa que seria legal se o mascote fosse feito pelo genial Ziraldo.

Ontem no programa Fantástico da Rede Globo houve uma matéria sobre a COPA e pediram a alguns desenhistas que fizessem um possível mascote.
Entre eles o Ziraldo.

Conseguimos hoje - em primeira mão - com o estúdio do Ziraldo o desenho que é alusivo ao meio ambiente e poderá ajudar a divulgar o país e a causa para o mundo inteiro!

Se depender de nossa opinião, esse é o mascote! Essa é a causa! Esse é o cara!


*Assista a matéria:

http://video.globo.com/Videos/Player/Noticias/0,,GIM750906-7823-FUTUROLOGIA+DA+COPA+NO+BRASIL,00.html

Agradecimento especial: Charles Bertho

"ISO RPPN"


Leite adulterado.

E também Agrotóxico, que já é um grande problema ambiental e de saúde pública, está sendo falsificado, como mostra a matéria abaixo:


PF prende cinco pessoas por contrabando e falsificação de agrotóxicos:


A Polícia Federal prendeu em flagrante delito cinco pessoas por contrabando de veneno proveniente do Paraguai, China e Uruguai. O material era misturado a produtos brasileiros, inclusive corantes, para adulteração de fungicidas e inseticidas de marcas nacionais que são empregadas como agrotóxico para lavoura. As prisões ocorreram na última quinta-feira (25) nos municípios de Navegantes e Penha, em Santa Catarina, após três meses de investigações.

Os policiais encontraram em Penha, um laboratório onde os falsificadores preparavam a “formulação”. Já em Navegantes, próximo à Secretaria da Saúde, os produtos eram rotulados, embalados, lacrados, inclusive recebendo “selos de segurança”. Todo o material utilizado era falsificado.


Notícias como essa infelizmente é muito comum, assim como de dinheiro falsificado , remédios, documentos, CDs e DVDs, aparelhos eletrônicos...


Em Santa Catarina um proprietário de uma RPPN, empresário dos mais conhecidos e freqüentador das colunas sociais ao lado de artistas e políticos poderosos, foi preso e está indiciado por corrupção - na tentativa de mudar Leis Ambientais para favorecer seus negócios turísticos pagou meio milhão de Reais!


E a única forma de se combater esses crimes é a fiscalização e o rigor da Lei.


Nesse caso, que tal uma Certificação para as RPPN?


Uma ou mais Instituições idôneas poderiam fornecer um "Selo de Qualidade Ambiental", um "ISO RPPN" que atestaria as condições de conservação e trato da área preservada em perpetuidade. Claro que o IBAMA - ou será o Chico Mendes? - já tem essa função, mas esperar isso dos Órgãos Governamentais é acreditar em Papai Noel.


Os proprietários só teriam a ganhar, pois seria uma chancela a mais, um diferencial que poderá dar um "status" melhor para os proprietários sérios e competentes, algo que separaria o joio do trigo.


Está lançada a proposta.

domingo, 4 de novembro de 2007

Pegada ecológica


Quer conhecer o resultado de seus hábitos de vida? Muito provavelmente você vai se surpreender com o resultado de sua pegada ecológica, ou o rastro que você deixa no planeta. Acesse e faça o teste:


Alguma vez pensou na quantidade de Natureza necessária para manter o seu estilo de vida? Já imaginou avaliar o impacto no Planeta das suas opções no dia-a-dia, daquilo que consome e dos resíduos que gera? Com este questionário ficará a conhecer esse impacto.
Este teste calcula a sua Pegada Ecológica fazendo uma estimativa da quantidade de recursos necessária para produzir os bens e serviços que consome e absorver os resíduos que produz.
ATENÇÃO! O RESULTADO DESTE QUESTIONÁRIO PODERÁ SURPREENDÊ-L@. CERTAMENTE VAI DAR-LHE QUE PENSAR.

sábado, 3 de novembro de 2007

Africa de Sebastião Salgado

Imagem de "África": membro do grupo Dinka em um pasto no sul do Sudão em 2006; Salgado, que esteve no continente pela primeira vez em 1971, diz que livro é reaproximação com seu trabalho. Sebastião Salgado/Amazonas Images

Sebastião Salgado é fotógrafo e possui a RPPN Fazenda Bulcão em Minas Gerais.

Sua área está sendo totalmente reconstruída através de uma parceria do Instituto Terra e diversas instituições internacionais. Veja mais em: www.institutoterra.org


Salgado compila suas viagens à África

Fotógrafo reúne cerca de 300 imagens feitas ao longo de 30 anos no continente e apresenta pela primeira vez fotos de natureza.

Sebastião Salgado prepara oito livros com 30 grandes reportagens sobre o planeta; regiões do Brasil serão tema de três delas.


O continente africano sempre esteve na rota do fotógrafo Sebastião Salgado. Em 1971, ainda economista da Organização Internacional do Café, ele foi a Ruanda pela primeira vez.Voltaria ao país em outras ocasiões. Em 1991, já com fama internacional, ele fotografou plantações de chá, parte de um projeto comunitário, cujo início teve sua participação 20 anos antes; em 1995, registrou a destruição desses campos e os horrores do genocídio que matou mais de 800 mil pessoas; e, em 2004, retratou gorilas e vulcões. Tudo captado em um perímetro de apenas 50 km.
Cerca de 300 imagens como essas, feitas ao longo de 30 anos de carreira, integram "África", o novo trabalho do mais conhecido fotógrafo brasileiro.
"O livro conta um pouco minha história, porque comecei a fotografar na África e, como escrevo na introdução, dedico-o a um amigo. É um pedaço da minha história, mesmo antes de ser fotógrafo", conta.
A dedicatória é para Joseph Munyankindi, um hutu que Salgado conheceu naquela primeira viagem a Ruanda, assassinado em 1994.


Em entrevista à Folha, por telefone, de Paris, Salgado dimensiona o significado da África em sua trajetória. "O continente foi muito importante na minha fotografia. De certa forma, o livro é uma reaproximação com tudo o que fiz lá. O fato de trabalhar com Mia Couto [escritor que assina os textos], meu contemporâneo de trabalho na época da chegada da Frelimo [Frente de Libertação de Moçambique] ao poder, é outra razão para fazê-lo."Moçambique está entre as experiências com bons resultados que Salgado testemunhou. "Foi o único projeto das Nações Unidas de uma negociação de paz que deu certo. O acordo entre a Frelimo e a Renamo [Resistência Nacional Moçambicana] funcionou bem.
"O trabalho de Salgado ganhou projeção por levar ao mundo imagens de miséria e violência de lugares marcados por guerras e tragédias naturais. Em um perfil publicado na revista "New Yorker", em 2005, o Amazon Images, escritório do fotógrafo em Paris, foi definido como uma filial solo da ONU, o que ele refuta. "É o ponto de vista do repórter. Claro que trabalhamos com uma grande quantidade dessas instituições, como o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, o Unicef e a Organização Mundial da Saúde", enumera. "Mas você não pode dizer que essas coisas, sozinhas, vão provocar mudanças. Elas fazem parte de um grupo de coisas que acontecem juntas. É um dos segmentos que levam à modificação.
"Por outro lado, Salgado é criticado por glamourizar a miséria em suas imagens. "É o ponto de vista deles [críticos]. O crítico nunca foi onde o fotógrafo foi, nunca viu o que ele viu. Tenho meu estilo. Algumas pessoas gostam, e outras, não."Em "África", pela primeira vez Salgado apresenta fotos de natureza.
"Não tem diferença nenhuma [fotografar gente e animais]. Tem que respeitar o bicho como se respeita o homem, saber como se aproximar. Com as paisagens é mais ou menos a mesma coisa, há uma certa dignidade nelas."As novas temáticas ampliaram seu trabalho. "Elas abriram uma nova fotografia na minha vida."


"Genesis"
As fotografias de natureza fazem parte de "Genesis", oito livros com 30 reportagens sobre o planeta. Algumas dessas imagens estão em "África".
"Já destruímos 54% do planeta e ainda temos 46% relativamente intactos, que são as partes mais difíceis de destruir, como os grandes desertos e as terras muito frias", diz.
"Estou buscando mostrar que ainda convivemos com o gênese e que temos que preservá-lo. Pensamos em fazer uma exposição ao ar livre, criar um livro para o grande público, que seja relativamente barato." O Brasil será tema de pelo menos três dessas reportagens, com o Alto Xingu, Amazonas e Pantanal. "Criamos também um projeto educacional que testamos no Brasil e que está sendo aplicado na Espanha e na Itália."

Tereza Novaes - Folha de S. Paulo